quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Comentando os indicados ao Oscar de melhor longa de animação


Não sou a maior fã dos "filmes de Oscar" e, apesar de me interessar em saber quem são os indicados e os premiados e, recentemente, assistir à premiação, raramente me interesso em ver mais do que um ou dois dos principais indicados.

A exceção é a categoria de longa de animação, que nos últimos anos sempre tem indicado filmes bastante distintos entre si, com espaço para obras menos comerciais em meio aos blockbusters da Pixar e da Disney. Fico especialmente feliz em ver essa tendência porque o Oscar acaba expondo filmes pouco conhecidos e que provavelmente nem chegariam ao meu conhecimento se não fosse a indicação, como Ernest e Célestine, Uma viagem ao mundo das fábulas e Um gato em Paris.

Os indicados deste ano foram especialmente variados em técnica (dois desenhados principalmente à mão, dois em stop-motion e apenas um em computação gráfica), origem (dois americanos, um inglês, um japonês e um brasileiro) e público alvo. E, claro, essa edição do Oscar é marcante para nós porque é a primeira vez que um filme brasileiro concorre ao prêmio de animação. Sabemos muito bem que as chances de ele ganhar são quase zero (mas não são zero!) e que Divertida mente provavelmente leva o troféu, mas tudo bem, só de ter sido indicado e, assim, ser divulgado para o mundo, já é ótimo.

Aproveitei este mês para conferir as animações que ainda não tinha visto para poder reclamar com o mínimo de fundamento quando Divertida mente ganhar e agora vou comentar sobre elas.


O menino e o mundo (Alê Abreu, 2013)
Meu favorito! E não é só porque é brasileiro. Essa é uma das animações visualmente mais bonitas que eu já vi. Os traços infantis e coloridos conseguem expressar muito bem a visão de mundo de uma criança, com um início mais abstrato e vazio que vai tomando outras formas à medida que ela expande seus horizontes. A história tem uma boa dose de crítica social, no início sutil, mas que vai se intensificando perto do fim e que, apesar de meio óbvia, ainda deixa bastante margem para reflexão. E o que dizer da trilha sonora? As músicas são extremamente contagiantes e a música-tema, "Airgela", é deliciosa. Resenhei o filme quando o vi pela primeira vez aqui.


As memórias de Marnie (Hiromasa Yonebayashi, 2014)
É o suposto último filme do Studio Ghibli, pelo menos enquanto durar o hiato/reorganização do estúdio. A protagonista, Anna, tem problemas em se relacionar com os outros, mas ao passar um tempo em uma cidadezinha com os tios, ela conhece Marnie, uma garota misteriosa, e as duas se tornam amigas. O filme tem ambientação maravilhosa, a arte bonita de sempre e uma vibe bem Ghibli, que te passa uma sensação agradável e melancólica, mas, para mim, ele não se compara às melhores obras do estúdio. Não sei se foi porque eu interpretei o filme em uma chave errada no início (preciso rever para comprovar) ou se foi porque achei a Marnie bem chatinha, mas achei que o filme forçou a barra na tentativa de passar emoção. 


Shaun, o carneiro - o filme (Mark Burton e Richard Starzak, 2015)
Gosto muito do trabalho da Aardman, apesar de não ter assistido aos últimos filmes deles (péssima fã, eu sei). Shaun, o carneiro originalmente é uma série de TV, mas nunca assisti e nem sabia nada a respeito, então fui ver o filme sem conhecer os personagens. A história não apresenta muitas novidades: Shaun e seus amigos vão parar na cidade grande, onde vivem altas aventuras tentando resgatar seu fazendeiro. O filme é divertido, com personagens carismáticos e situações engraçadas. A animação é ótima, bem no estilo habitual da Aardman. Achei o filme uma graça, mas não é o meu preferido do estúdio.


Anomalisa (Charlie Kaufman e Duke Johnson, 2015)
Mais um filme em stop-motion, dessa vez com um visual muito mais realista. O realismo não se limita apenas ao estilo de animação, pois os personagens também são realistas e incrivelmente humanos, em toda sua insegurança e insatisfação. É uma animação bem diferente das que costumo assistir, e admito que me senti entediada em alguns momentos, porque o filme é bem vida-real-enfadonha-e-depressiva, mas ao mesmo tempo ele oferece bastante material para reflexão (e fiquei muito tempo encafifada com umas teorias que li sobre o filme :P).


Divertida mente (Pete Docter, 2015)
Só vi esse filme na semana passada e, depois de meses ouvindo gente dizendo que é o melhor da Pixar e um dos melhores do ano, eu esperava mais. Bem mais. A premissa é interessantíssima e muito criativa, mas o resto, não sei, não. Achei toda a parte em que a Alegria e a Tristeza vagam pela mente tentando voltar para o centro de controle (que é a maior parte do filme) meio chata, algo que eu não esperava sentir em um filme da Pixar, e não consegui me importar a mínima com a história da Riley. Acho que os criadores se concentraram demais em expor todo o universo mental que eles criaram, deixando o ritmo do filme meio truncado, e os personagens não tiveram tanto tempo para um desenvolvimento natural. Ou eu é que sou chata e do contra mesmo.

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Apesar de as indicações serem variadas e terem sido bastante surpreendentes, considerando que filmes maiores ficaram de fora, o prêmio em si sempre acaba indo para uma grande produção. Nos anos anteriores houve muita gente reclamando da pouca seriedade com que os membros da Academia votam nas categorias "menores" e acho que isso não vai mudar tão cedo a não ser que mudem radicalmente a forma de votação. Assim, é difícil que Divertida mente não ganhe o troféu. Anomalisa talvez seja o concorrente mais forte do filme da Pixar, porque envolve um roteirista famoso no mundo de Hollywood. Independentemente do resultado, todos os cinco indicados têm muitos méritos e mostram as diversas possibilidades e a versatilidade da animação.

E você? Viu todos os filmes? Está torcendo para qual?

6 comentários:

  1. Poxa, ainda não assisti nenhum desses, mas admito que tô querendo muito ver todos, principalmente As memórias de Marnie e O menino e o mundo hahaha

    Mago e Vidro

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  2. Só não vi ainda o do carneiro (mas acho que será o mais fraquinho). Achei Divertida Mente realmente bom e concordo que deverá levar o prêmio (o que não significa que seja tão superior assim aos demais). A animação nacional é linda demais! Visualmente, é a que mais me agradou. Também achei Marnie meio chatinho e o mais fraco que vi do Studio Ghibli (achei que fosse implicância minha). Anomalisa é um caso peculiar - enquanto estava assistindo, fiquei incomodada e entediada em alguns momentos, mas, depois, pensando melhor sobre a história, comecei a gostar cada vez mais do filme (e as teorias são muito interessantes!). Os filmes são muito diferentes, mas acho que meu preferido é Anomalisa.
    Bjo!

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    1. Não acho Shaun o mais fraco. É o mais infantil e talvez o menos complexo, mas é divertido e fofo. (mas eu não gostei muito de Divertida mente, então acho que colocaria este como o mais fraco)
      Anomalisa é um filme que ganha bastante força depois que você assiste. Não é o meu preferido, mas gostei muito da experiência :)

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  3. Obviamente verei o do Studio Ghibli, independente de não ser dos melhores de lá... Menino e o Mundo comecei e larguei em 10 minutos. Não tava na vibe de um filme tão parado, depois tento de novo. Acho Divertidamente muito amorzinho! <3

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    1. Dê outra chance a O menino e o mundo! O filme merece. (e fica menos parado mais para a frente).

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