sexta-feira, 27 de abril de 2012

DL 2012 - Real World

Título: Real World
Autora: Natsuo Kirino

Eu pretendia variar um pouco os países de origem dos livros que leria para este mês, mas acabei lendo três livros japoneses. Também pretendia finalmente ler algo do Salman Rushdie, mas fica para a próxima...

Acabei escolhendo Real World sem saber nada sobre o livro e sem nunca ter ouvido falar da autora. Escolhi simplesmente porque, dos livros disponíveis, ele era o mais curto e era o que parecia ser mais leve, envolvente e fácil de ler.

Realmente, ele é envolvente e fácil de ler, tanto que acabei em apenas três dias, lendo no computador. Mas leve? Não sei não.

A história começa com um ritmo de livro YA: quatro amigas adolescentes em suas férias de verão, preocupadas com coisas normais como estudos, amizades, família. Elas estão em seu último ano do colegial, o que significa que estão sob a pressão do vestibular (mas acho que nenhuma delas tem pretensão de entrar na Toudai :P). Mas acontece algo que muda a vida delas e as faz perceber a possibilidade de entrar em um novo mundo: Worm, o vizinho de Toshi, uma das garotas, assassina a própria mãe e foge, levando com ele a bicicleta e o celular de Toshi. Ele entra em contato com elas pelo celular e elas acabam envolvidadas na história dele de uma maneira ou outra.

O livro tem vários narradores, o que possibilita uma boa compreensão das motivações de cada personagem, e assim vamos descobrindo que a vida das personagens não é tão simples quanto parece e as máscaras atrás das quais elas se escondem vão caindo.

O que me desagradou no livro é o fato das garotas terem simpatizado e ajudado a proteger um desconhecido matricida sem nem se preocupar com as consequências. Entendo que a vida delas seja um tédio e uma farsa, que elas vivam sob uma forte pressão social, e que ajudar o cara possa ser visto como uma fuga, algum tipo de esperança (de fato, em algumas passagens o Worm realmente pareceu alguém legal), mas todos nós temos problemas semelhantes, certo?, e duvido que muita gente agiria como as meninas agiram.

Não é um bom livro para quem gosta de personagens simpáticos, legais e "do bem". Os personagens são bem realistas, mas com seu lado podre totalmente exposto. É meio exagerado, mas acho que é essa a intenção.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

DL 2012 - Battle Royale

Título: Battle Royale
Autor: Koushun Takami

Battle Royale é tipo um Jogos Vorazes japonês. A premissa é bem semelhante, mas a dose de violência não é tão atenuada quanto no livro americano. 

A história se passa na Grande República do Leste Asiático, que é basicamente um Japão totalitário. Nesse país fechado ao resto do mundo há um tal de Programa, que consiste em fazer estudantes de uma classe sorteada participarem de um jogo em que o vencedor é aquele que consegue sair vivo. Há toda uma série de mecanismos para assegurar que os estudantes realmente tenham que se enfrentar, como um limite de 24 horas em que deve haver pelo menos uma morte, senão todos são mortos, e a diminuição progressiva da área permitida aos estudantes na ilha onde o programa acontece. Cada estudante recebe uma arma aleatória, que pode ser uma metralhadora ou, caso você tenha menos sorte, um bumerangue ou um garfo (!).

Assim, o leitor acompanha as desventuras dos 42 colegas de classe e suas estratégias de batalha na luta pela sobrevivência: há os que se desesperam e tentam preservar a vida pela violência, há os que buscam uma saída pela racionalidade e há também aqueles que entram no jogo com um certo prazer ou indiferença. É bem brutal, mas ao mesmo tempo não me pareceu tão brutal quanto deveria ser.

Comparando com Jogos Vorazes, é o tipo de livro que tem uma ótima premissa, mas que no final não entrega tudo o que promete. Battle Royale é mais cru de uma maneira positiva, mas ao mesmo tempo é escrito em um estilo meio livro-adolescente-ruim, meio fui-escrito-para-virar-filme/mangá, mas isso pode ser culpa da tradução em inglês ou coisa da minha cabeça.

A vantagem de Battle Royale é que ele tem as suas imprevisibilidades, o que torna a leitura ágil, quase corrida naquela ânsia de descobrir o que acontece depois. A desvantagem é o mal desenvolvimento da maioria dos personagens. Tudo bem que são 42, mas acho que o autor tentou demais dar profundidade e alguma significação nos atos de alguns dos personagens e não foi lá muito bem sucedido.

Para quem se interessou, há um filme e um mangá baseados no livro.




terça-feira, 3 de abril de 2012

DL 2012 - E depois

Título: E depois
Autor: Natsume Soseki
Editora: Estação Liberdade
Tradutora: Lica Hashimoto
Páginas: 280
Tema do mês: escritor oriental

Daisuke Nagai é um homem de trinta anos. Culto e sensível, ele leva uma vida confortável sustentado pelo pai.  Seus amigos desprezam (ou invejam?) essa sua vida folgada e aparentemente indolente e despreocupada. Sua família tenta convencê-lo a trabalhar e a se casar, empurrando para ele uma pretendente atrás da outra, todas recusadas.

Em um Japão em transição, ainda longe de ser a potência econômica que é hoje, as tradições nipônicas entram em conflito com as influências ocidentais. O livro se concentra nas reflexões de Daisuke sobre os problemas dessa sociedade e sua inadequação a ela.

Escolhi esse livro depois de ler uma resenha dele no jornal. O enredo em si não me chamou a atenção, mas ao saber que o romance se passava no período da Restauração Meiji e que ele apresentava uma reflexão sobre essa época, não pude resistir. Não sou viciada em história nem nada do tipo, mas sou viciada no mangá/anime Samurai X (ou Rurouni Kenshin), ambientado exatamente nesse período, e cada vez que eu revia ou relia Samurai X meu interesse pelo contexto histórico ia aumentado.

Para quem também tem esse interesse histórico e cultural, E depois é um prato cheio ao mostrar aspectos da situação econômica do Japão, os costumes das pessoas, seu modo de vida, um pouco sobre a arte da época etc. Agora para quem busca uma narrativa mais animada, algo mais para entretenimento, não recomendo. O livro é bem parado e o protagonista, por mais que você possa se identificar e se pôr no lugar dele, é um grande chato.

Eu gostei do livro, mas esperava mais. É sempre aquele velho problema das expectativas...

De qualquer modo, ainda pretendo ler outras obras do autor.

Sobre a edição: Não gosto muito da capa e o problema maior é essa fonte e como eles lidaram com os espaços vazios. Faltou o capricho que a editora dedica aos livros do Kawabata, que seguem um padrão muito elegante. Já a imagem escolhida representa bem o livro, com o contraste do Japão tradicional, representado pelos riquixás, quimonos e a arquitetura de algumas casas, com a modernidade e o ocidente (roupas ocidentais, postes de eletricidade). Um comentário inútil: essa imagem me faz lembrar do Yahiko tentando roubar a carteira do Kenshin na ponte. E quando eu fui procurar uma imagem da capa de E depois no Google, apareceu uma imagem do Kenshin. *-*

Houve algumas derrapadas na revisão em algumas partes. Pouca coisa, mas mesmo assim desagradável.

E, muito importante, o livro vem com um marcador de página simpático!