segunda-feira, 27 de abril de 2020

Projeto Ghibli #6: Nausicaä do Vale do Vento


Nausicaä do Vale do Vento
Título original: Kaze no Tani no Naushika
Diretor: Hayao Miyazaki
Ano: 1984

Iniciei meu Projeto Ghibli em 2015, época em que eu tinha mais fé na minha capacidade de completar desafios e escrever sobre eles aqui. Estava assistindo aos filmes com alguma regularidade, até que empaquei nos que já vi e que teria que rever para o projeto. E agora, cinco anos depois, aproveitando que a Netflix incluiu os filmes do estúdio em seu catálogo, finalmente retomo o projeto! (Veremos se vou conseguir manter alguma regularidade ou se vou empacar novamente).


Nausicaä do Vale do Vento costuma ser considerado um filme do Ghibli, apesar de ser anterior à fundação do estúdio. É uma obra que é bem a cara do Miyazaki, com mensagem ecológica e pacifista e muitos aviões. O filme conta a história de Nausicaä, princesa do Vale dos Ventos, um pequeno reino próximo a uma floresta tóxica cheia de insetos gigantescos. Enquanto Nausicaä tenta encontrar uma forma de coexistir com essa natureza hostil, reinos vizinhos buscam soluções mais violentas, envolvendo o pacífico Vale dos Ventos em seus planos.

Minha primeira experiência assistindo Nausicaä não foi tão positiva. A sala de cinema estava bem cheia, meu lugar não era dos melhores e a pouca inclinação não me permitia ver a tela tão bem quanto eu gostaria. Essas coisas acabaram azedando meu humor e achei o filme arrastado e a protagonista chatinha. Ao rever a obra, continuo achando isso, mas consegui apreciar melhor outros aspectos do filme.


O filme é a primeira colaboração entre Miyazaki e o compositor Joe Hisaishi, então a trilha sonora é o primor usual. Gosto principalmente do tema musical que toca no início do filme. Os cenários também não deixam a desejar e têm um tom de estranheza, como a floresta tóxica e o espaço purificado abaixo dela, o que ajuda bastante a criar o clima do filme.

Não sou muito fã do tema ecológico nos filmes do Miyazaki (embora goste bastante de Princesa Mononoke) e acho o fim do filme meio forçado, mas talvez o que mais me incomode na obra seja a própria Nausicaä, que é uma personagem perfeitinha sem muita graça. Prefiro personagens com uma moralidade mais dúbia (como a vilã do filme) ou que pelo menos demonstrem mais fraquezas.

Se eu tivesse que ranquear o filme entre os outros do estúdio, ele provavelmente estaria lá pela metade. É um bom filme, mas nem os temas nem os personagens me agradam tanto assim.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Randomicidades do mês: março

Quase no fim de abril, mas vamos às randomicidades de março!

Livros lidos


Presença de mulher – Saul Bellow
Livro curto tão marcante que já nem lembro direito o que achei.
Nota: 2,75


Vamos fazer de conta que isso nunca aconteceu – Jenny Lawson
Livro de memórias de uma blogueira com uma vida cheia de momentos bizarros e cômicos. Alguns trechos são genuinamente engraçados, mas achei o estilo de escrita meio forçado, o que fica cansativo depois de um tempo.
Nota: 3,0


Americanah – Chimamanda Ngozi Adichie
O livro é sobre Ifemelu, uma jovem nigeriana que estudou nos EUA e decide voltar para sua terra natal. A personagem comenta bastante sobre sua experiência como negra africana nos EUA, o racismo, as diferenças culturais etc. enquanto o livro vai contando sua história. São assuntos importantes, mas achei que o livro fica parecendo um apanhado de opiniões e que a narrativa em si não tem muito foco.
Nota: 3,25


Monkey Mountain – Zaodao
HQ super curtinha sobre um velho que passou por uma experiência estranha na montanha. Gostei bastante da arte, principalmente dos cenários naturais. A história em si é ok.
Nota: 3,0


The haunting of Hill House – Shirley Jackson
Um grupo de estudiosos/curiosos sobre o paranormal vai a uma casa com fama de mal-assombrada para estudá-la. Eu queria que esse fosse um livro de terror bem assustador e mais tradicional, mas ele alterna momentos tensos com outros mais leves e acaba não criando o clima que eu esperava. O foco é mais no psicológico, o que achei interessante. É um livro que não deixa as coisas muito explícitas e que me deixou refletindo um bocado no final.
Nota: 3,5


De jogos e festas – José J. Veiga
Três novelas de um autor de quem não ouço falar muito. Gostei bastante da primeira, sobre um homem que lida com a perda do irmão, e da última, sobre um ex-bandoleiro, mas achei a do meio bem qualquer coisa.
Nota: 3,25


Trilha sonora para o fim dos tempos – Anthony Marra
Achei o título desse livro bem apropriado para os tempos que estamos vivendo. É um livro de contos que se passam na União Soviética e se relacionam entre si, um formato de que gosto bastante. Não estava curtindo muito no início mas aos poucos fui me envolvendo mais nas histórias.
Nota: 3,5


And then there were none – Agatha Christie
Sempre tive curiosidade de ler esse livro, por ser um dos mais famosos da autora. Não sei se ler tão perto de The haunting of Hill House foi uma boa ideia, porque os dois apresentam algumas semelhanças (grupo de pessoas que não se conhecem vão passar alguns dias em uma casa isolada onde coisas estranhas acontecem) e às vezes eu imaginava os ambientes ou personagens de maneira semelhante, mesmo não tendo nada a ver. Foi uma leitura bem envolvente.
Nota: 3,5

Animes e séries


The Terror (2ª temporada)
A premissa dessa temporada foi o que me atraiu à série: uma mistura de horror sobrenatural com o horror bem mais real dos campos de concentração de japoneses e descendentes nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, essa temporada não prendeu tanto minha atenção e não foi capaz de criar o mesmo clima da primeira.
Nota: 3,25


Genji monogatari sennenki
Adaptação do clássico da literatura japonesa Genji monogatari que não funciona muito bem ao transpor um livro longo para míseros 11 episódios. A história é a de um príncipe e seus vários romances, mas o protagonista é um chato mulherengo e nenhum personagem tem muito desenvolvimento. A parte visual poderia ser mais caprichada.
Nota: 2,75


Chihayafuru (1ª e 2ª temporadas)
Finalmente comecei a ver esse anime que é muito elogiado e que achei que tinha tudo para me agradar. Ele mostra a trajetória de Chihaya, uma jogadora de karuta, jogo japonês de cartas que envolve poesia, agilidade e memorização. O anime é muito viciante e os episódios passam voando.
Nota: 4,25


Kingdom (2ª temporada)
Essa temporada começa em plena ação a partir do cliffhanger frustrante deixado no fim da primeira temporada. Confesso que foi difícil lembrar dos personagens além dos protagonistas e das minúcias da trama política, mas tirando isso foi uma temporada bem satisfatória.
Nota: 3,5


Eizouken ni wa Te wo Dasu na!
Anime sobre fazer animes. É divertido, tem personagens carismáticas, é visualmente impressionante (amei os cenários!) e demonstra muito amor por sua arte. Só não gostei tanto assim das criações/imaginações das personagens.
Nota: 4,0


Natsunagu!
Anime curto sobre uma jovem que vai a Kumamoto à procura de uma amiga virtual. A premissa me interessou, mas não achei que a história foi bem desenvolvida. A curta duração não ajuda.
Nota: 2,75


Uchouten kazoku 2
Já acostumada com o clima da série, gostei mais dessa segunda temporada. O que era bom continuou bom e os novos personagens tornaram a trama mais interessante e imprevisível.
Nota: 4,0


Heya Camp
Anime curto derivado de Yuru Camp em que as personagens do clube de camping vão explorar as atrações turísticas da cidade. É bonitinho e divertido, mas não capta tão bem o clima relaxante da série original.
Nota: 3,25


Jibaku shounen Hanako-kun
História de uma menina que convoca o fantasma do banheiro da escola e acaba se envolvendo com as assombrações locais. Esteticamente, o anime é um dos meu preferidos dos últimos tempos, com personagens fofos, cores agradáveis e cenários detalhados, mas a fórmula de assombração da semana e os personagens não me conquistaram tanto.
Nota: 3,5

Especiais etc.


Violet Evergarden: Kitto "Ai" wo Shiru Hi ga Kuru no Darou
Especial que se encaixa lá pelo primeiro terço da série e mostra o processo de evolução da Violet em compreender e transmitir sentimentos nas cartas. Não entendi muito bem por que foi lançado separadamente. Se fosse um episódio normal, a evolução da Violet faria mais sentido no anime.
Nota: 3,0


ACCA: 13-ku Kansatsu-ka – Regards
O especial mostra a situação do país e dos personagens algum tempo depois dos acontecimentos da série, ainda com o clima tranquilo e o visual estiloso que são o diferencial do anime.
Nota: 3,5

Filmes


Cafarnaum
Filme tristíssimo sobre um menino pobre que tem trocentos irmãos e pais negligentes. Ao fugir de casa, ele conhece uma imigrante ilegal que o abriga e os dois tentam sobreviver em meio às adversidades.
Nota: 3,75


Bacurau
Demorei, mas finalmente vi esse filme tão comentado. Gostei bastante, mas assistir depois do hype sempre gera expectativas meio irreais.
Nota: 4,0


Mahou Shoujo Madoka Magica Movie 3: Hangyaku no Monogatari
Esse filme costuma dividir opiniões e agora entendi por quê. Ele segue com a criatividade visual da série, com algumas cenas muito bonitas e inventivas, e adiciona novas reviravoltas à sua trama. Eu queria gostar mais do filme, mas não sei muito do que achar do final, além de ter achado o filme cansativo e prolixo demais.
Nota: 3,0


Modo avião
Fiquei curiosa a respeito desse filme ao saber que ele é o filme não em inglês mais visto da Netflix. É um filme bobo sobre uma influencer forçada a largar o celular e a passar um tempo no interior com o avô que mal conhece. É meio besta e clichê, mas é divertidinho.
Nota: 3,0


O poço
Outro filme popular da Netflix. Nele, pessoas são presas em uma estrutura de centenas de andares em que um banquete é servido por meio de um elevador. Quem está em cima se esbalda, enquanto os de baixo vivem famintos. É um filme alegórico e eu achei bem interessante.
Nota: 3,5


Tenshi no tamago
Animação dirigida por Mamoru Oshii (Ghost in the shell) e com arte de Yoshitaka Amano (Final Fantasy). É um filme enigmático sobre um mundo abandonado em que uma menina que cuida de um ovo encontra um homem misterioso. Há pouco diálogo e muito simbolismo. É um filme em que muitas interpretações são possíveis e eu não sei qual é a minha. Mesmo confusa, achei o filme muito bonito.
Nota: 3,5