quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Livro: O pintor de letreiros

Título: O pintor de letreiros
Título original: The Painter of Signs
Autor: R. K. Narayan
Tradutora: Léa Nachbin
Editora: Guarda-chuva

Em Malgudi, uma pequena cidade indiana, Raman trabalha como pintor de letreiros. Zeloso com seu trabalho, ele leva uma vida tranquila circulando por aí em sua bicicleta em busca de novos clientes ou para cobrar o pagamento de trabalhos antigos. Solteiro, ele tenta levar uma vida longe das tentações carnais. Tudo muda quando ele conhece Daisy, uma mulher moderna e decidida, árdua defensora do controle da natalidade e do planejamento familiar. Claro que assim que Raman a vê pela primeira vez, ele não consegue tirá-la da cabeça.

O romance expõe o conflito entre tradição e modernidade na Índia dos anos 1970. Raman gosta de se imaginar como um homem moderno e sensato, um livre-pensador, no entanto, seu relacionamento com Daisy  e com a tia com quem vive nos revela que ele está mais preso a tradições (e ao machismo) do que acredita.

O livro tem uma boa dose de humor, geralmente devido à imaginação desenfreada do protagonista, que vive imaginando situações hipotéticas, interpretando os acontecimentos de maneiras estranhas ou teorizando sobre assuntos aleatórios na cabeça.

O pintor de letreiros é um livro bem-humorado, com um tom leve, um protagonista meio patético e personagens femininas interessantes. O Narayan não é um autor muito conhecido aqui no Brasil, apesar de razoavelmente famoso no mundo anglófono, e depois dessa leitura, fico me perguntando por quê. De qualquer forma, a editora Guarda-chuva publicou outros livros dele aqui no Brasil, então vale a pena dar uma olhada neles.

Lido para o Desafio Volta ao Mundo (Índia).

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Anime: Saraiya Goyou


Título original: Saraiya Goyou
Título em inglês: House of Five Leaves
Diretor: Tomomi Mochizuki
Estúdio: Manglobe
Ano: 2010
Nº de episódios: 12

Akitsu Masanosuke é um ronin habilidoso a procura de emprego, mas sua natureza ingênua e bondosa sempre o deixa na mão e o faz ser despedido pelos mestres que o contratam. Sem perspectivas de trabalho, ele aceita ser guarda-costas de Yaichi, um homem misterioso e carismático, líder de uma gangue. Apesar de não aceitar bem as atividades da gangue, Masanosuke aos poucos se torna amigo das pessoas que fazem parte dela e se vê cada vez mais enredado nos mistérios do grupo.

Masanosuke

Esse anime sempre me chamou a atenção pelo traço meio diferentão. Sei que tem muita gente que não gosta de character designs que fujam do convencional, mas em geral eu considero a arte estranha um diferencial positivo. No início você estranha um pouco os olhos de pupilas negras e a boca grande, que dão aos personagens uma leve aparência de sapo, mas logo dá para se acostumar. Inclusive, achei os desenhos angulosos bastante elegantes. Os cenários bem detalhados e a coloração sóbria também ajudam a dar ao anime um estilo único.

No início, a história do anime é meio confusa devido aos flashbacks, mas aos poucos as coisas vão se encaixando e fazendo sentido. O anime tem um ritmo mais lento, bastante atmosférico, focado em pequenos acontecimentos que a princípio parecem insignificantes, e isso é algo que me agradou muito. Há mistérios e algumas cenas de luta, mas, para um anime de samurai, ele é bastante tranquilo.


Os personagens são interessantes e relativamente bem construídos, considerando que o anime tem apenas 12 episódios. Ao terminar de assistir, fiquei com um gostinho de quero mais e fiquei com muita vontade de ler o mangá para conhecê-los melhor, mas pelo visto só dá para ler se comprar a edição importada. :(

Em suma, esse é um anime que merece mais atenção do que geralmente recebe. Ele não é perfeito, apresenta alguns problemas de ritmo aqui e ali e talvez se beneficiasse de alguns episódios a mais, mas é bastante charmoso, tem um estilo único, uma ótima trilha sonora e personagens cativantes. Recomendo para quem gosta de dramas históricos e histórias de samurais não focadas na ação e de arte que foge do convencional.

sábado, 10 de setembro de 2016

Livro: O menino que se trancou na geladeira

Título: O menino que se trancou na geladeira
Autor: Fernando Bonassi
Editora: Objetiva

Nos últimos anos é raro eu ler um livro e dar uma avaliação muito baixa. Ou estou acertando nas escolhas de leituras (mas não deve ser o caso, já que ainda estou falhando em escolher livros realmente marcantes) ou estou mais boazinha na hora de avaliar, sempre vendo alguma qualidade redentora nele. O menino que se trancou na geladeira é a exceção. Dei uma estrela e não me arrependo.

Esse livro é chato. Muito chato. Ele é uma fábula escrita no formato de romance-reportagem sobre um menino filho de um pai pobre e preso e de uma mãe de família rica decaída que em certo momento deixa sua terra natal e passa a viver dentro de uma geladeira. Então acompanhamos sua ascensão social, sempre em meio a um monte de explicações sobre a sociedade em que ele vive, que é basicamente a nossa sociedade, mas mostrada de uma maneira satírica que nos faz ver todas as excentricidades dela.

E aí é que está o problema. A proposta até parece interessante, mas o autor extrapola ao contar sobre a sociedade, criando dezenas de siglas e palavras modificadas e explicando de maneira muito confusa como tudo funciona. Ele tenta ser engraçadinho, mas acaba sendo chato.

Se o autor desse uma enxugada e resumisse o romance a um conto, talvez, quem sabe, haveria uma pequena chance de ele se tornar uma boa leitura, porque ele escreve algumas coisas interessantes no meio da enxurrada de informações que oferece, mas infelizmente ele é prolixo mesmo, e as 218 páginas do livro se tornam muito cansativas.

Livro lido para o Desafio Skoob (livro nacional) e Desafio Livrada! (autor do seu estado).

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Livro: Eeeee Eee Eeee

Título: Eeeee Eee Eeee
Autor: Tao Lin
Editora: Melville House

Estou com essa resenha nos rascunhos há um tempão e só agora consegui me animar a terminar de escrever sobre esse livro estranho. Eeeee Eee Eeee foi um livro comprado pela capa e pelo título. A capa é estilosa, tem cores vibrantes e um urso. O título é estranho e desperta curiosidade. O livro em si é estranho, às vezes interessante, às vezes irritante.

É sobre jovens vivendo suas vidas confusas, vazias e sem rumo. O protagonista, Andrew, vive obcecado por uma ex-namorada, trabalha em uma pizzaria, tem conversas com golfinhos, ursos e alces, e adora trazer o nome da Jhumpa Lahiri à tona (sim, isso é estranho). Também conhecemos seu amigo e a irmã dele, personagens meio depressivos, meio sem futuro, meio tentando achar o lugar deles no mundo sem muito sucesso. Não preciso dizer que é muito fácil se identificar com todos eles.

O livro é engraçadinho, mas às vezes as coisas começam a ficar nonsense demais para o meu gosto. Sempre que os golfinhos entravam em cena eu suspirava e começava a ler no automático, porque esses trechos são chatos, apesar de não muito numerosos ou longos.

Tao Lin escreve com muitos períodos curtos e orações coordenadas. Isso dá à narrativa um tom meio jocoso, meio infantil. Enquanto lia, eu imaginava o livro como uma animação independente (quem sabe em stop-motion) com narrador sarcástico, o que foi uma experiência peculiar. E agora eu quero que alguém faça um filme assim.

Para terminar essa resenha em que nem sei o que estou falando, concluo dizendo que Eeeee Eee Eeee me lembrou um pouco O apanhador no campo de centeio na forma de retratar a juventude. É só transpor um Holden um pouco mais velho para os dias atuais e colocar uns golfinhos no meio. Ou não.

Livro lido para o Desafio Livrada!: um livro maluco.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Randomicidades do mês: agosto/2016

Postei muito pouco no blog no último mês e nem posso usar a desculpa de que estava ocupada demais. Acho que simplesmente estava desanimada, e apesar de isso não ter afetado o número de leituras (em parte porque li um monte de quadrinhos), afetou o número de animes/séries/filmes vistos.

Estou devendo duas resenhas, que espero escrever em breve.

Livros lidos


Grandes símios - Will Self
Gostei muito do primeiro livro do Will Self que li, O livro de Dave (resenha), então estava animadíssima para ler esse aqui, que tem uma premissa muito interessante: em vez dos humanos, são os chimpanzés os primatas mais evoluídos. Então, vemos os chimpanzés vivendo numa sociedade muito semelhante à nossa, com grandes cidades, tecnologia, ciência, arte etc., mas mantendo hábitos de chimpanzés (catar piolhos, comunicar-se por gestos, acasalar com as próprias filhas). Infelizmente, achei o livro meio maçante e os personagens desinteressantes. Toda a chimpanzaiada me cansou rapidinho.
Nota: 3


Harry Potter and the Cursed Child - J. K. Rowling, John Tiffany, Jack Thorne
Não estava tão ansiosa por esse livro quando ele foi anunciado, porque acho que a Rowling deveria largar do Harry Potter e deixar a história descansar em paz, mas é claro que assim que li alguns comentários a respeito da obra, fiquei louca de curiosidade para ler. O que achei: é bem divertido, a história prende e é bom rever alguns personagens. Mas alguns acontecimentos são meio bizarros, a maioria dos personagens não é muito interessante e no geral não parece algo escrito pela Rowling (e muita coisa não deve ser mesmo).
Nota: 3,25


A ascensão do romance - Ian Watt
Precisei ler alguns capítulos desse livro no primeiro semestre da faculdade e depois mais alguns capítulos ao longo da vida universitária, mas nunca tinha lido o livro inteiro. Preciso de muita força de vontade para ler texto teórico sem ser por obrigação, então foi difícil juntar energia para começar a ler os capítulos que faltavam. Mas assim que comecei a ler, percebi que o texto é mais interessante do que eu esperava. O livro conta sobre o início do romance inglês, focando em Defoe, Richardson e Fielding e relacionando os livros dos autores às mudanças socioeconômicas da época.
Nota: 3,75


The Whole Business with Kiffo and the Pitbull - Barry Jonsberg
Esse é um YA (ou middle-grade, sei lá) australiano sobre uma menina muito inteligente, um garoto que é o terror dos professores e uma professora que é o terror dos alunos. É um livro bem simpático. Gostei bastante da narradora, apesar de não gostar de alguns trechos estilo livro de espião que ela cria no meio da história principal. Mas são poucos trechos, que não chegam a incomodar muito.
Nota: 4


O vendedor de armas - Hugh Laurie
Esse livro estava aqui na estante há tanto tempo que eu ficava com dó dele, mas agora eu li, vi que não é lá grande coisa e posso parar de ter dó. A história começa quando o protagonista recusa o trabalho de assassinar um homem. Isso faz com que ele se meta contra a vontade em um grande conflito que envolve armas poderosas, terroristas e muito dinheiro. É divertidinho de ler, mas achei bem descartável.
Nota: 3


Um zoológico no meu quarto - Jules Feiffer
Gosto muito do pouco que conheço do Jules Feiffer (leiam Um barril de risadas, um vale de lágrimas!), então fiquei animada quando vi que a biblioteca tinha outro livro do autor. Nesse livro infantil, a protagonista é uma menina que adora animais e sonha em ter um cachorro (igual à pequena Lígia quando era criança!), mas seus pais não deixam porque ela é muito nova para sair para passear com o bichinho. Então eles lhe dão um gato. E depois um hamster, um peixe, uma tartaruga etc. Eu estava gostando bastante do livro no começo, mas aos poucos cansei de ver os pais mimando a filha e dando animais a ela mesmo quando ela se mostra irresponsável. Hunf, sou amargurada até hoje porque não posso ter um gato ou cachorro em casa? Sou sim! Fiquei com inveja da menina? Sim! Exceto por esses "problemas", o livro é bem engraçado, apesar de no final apostar demais em umas confusões exageradas.
Nota: 3,25

Quadrinhos

 

Umbigo sem fundo - Dash Shaw
Adoro histórias sobre famílias e adorei essa aqui. Casados há quarenta anos, Maggie e David anunciam que vão se separar, o que faz toda a família se reunir na casa deles, na praia, para um último encontro. Cada um dos filhos lida com o acontecimento de uma maneira diferente, e nós observamos os relacionamentos entre eles, os problemas de cada um, as lembranças do passado etc.
Nota: 4


Na prisão - Kazuichi Hanawa
Esse mangá autobiográfico mostra a vida em uma prisão japonesa. Comparada a uma prisão brasileira, tudo parece muito bem organizado e até agradável, mas não deixa de ser uma prisão, e por mais que haja certos luxos relativos, os presos vivem sob uma rotina rígida e desumanizante. O mais interessante no mangá é ler/ver o autor falando sobre comida. Quando não se tem muito o que fazer, imagino que as refeições sejam o ponto alto do dia, principalmente se forem apetitosas e variadas como as mostradas na obra. Dá quase vontade de ser presa no Japão, mesmo não gostando da maioria das conservas de legume tão comuns por lá. :P
Nota: 3,5


Black Hole - Charles Burns
Uma doença transmitida sexualmente está afetando muitos adolescentes. A doença provoca mutações variadas, como o surgimento de uma boca no pescoço, o nascimento de uma cauda ou o enrugamento da pele, e quem fica doente passa a ser hostilizado pelos outros. É um quadrinho bastante perturbador, tanto na história como na arte, mas eu esperava um pouco mais dele. Os personagens não são muito interessantes, os diálogos deixam a desejar e no geral a coisa não me convenceu muito.
Nota: 3,25


Estigmas - Lorenzo Mattotti e Claudio Piersanti
Eu deveria escrever um post separado para o livro porque ele é válido para meu Desafio Volta ao Mundo em 80 Livros, mas infelizmente não tenho muito a dizer da obra (não que isso me impeça de escrever uns posts nanicos em que não digo nada), então vou comentar aqui mesmo. É o primeiro livro italiano que leio em três anos e quatro meses, o que é um pouco patético, mas ao mesmo tempo é algo legal (?). O livro é sobre um cara que um dia aparece com uma ferida em cada mão. As feridas não se curam, e embora algumas pessoas as vejam como algo sagrado (apesar de o personagem não ter nada de santo), a maioria olha para aquilo com desconfiança. O desenhista tem um traço bem rabiscado, que é bonito, mas meio confuso. Esperava mais da história.
Nota: 3


Tom Sawyer - Shin Takahashi
Esse mangá é livremente inspirado no romance Tom Sawyer de Mark Twain. Nele, uma jovem volta à cidadezinha litorânea onde viveu na infância para o funeral da mãe. Vista pelos habitantes locais com desconfiança, só as crianças se aproximam dela, arrastando-a para suas aventuras. A protagonista resiste um pouco às novas amizades, mas depois se deixa levar e vive um verão mágico como aqueles dos livros. A história começa lenta, mas ganha ritmo a partir da metade e fica mais semelhante aos eventos do livro original. O mangá é fofo, mas os personagens poderiam ser mais interessantes. Gosto muito do romance do Mark Twain e esperava ver mais do personagem Tom Sawyer no Taro. Acho que faltou um pouco de malandragem nele.
Nota: 3,25

Animes


Saraiya Goyou 
Resenha em breve (eu espero)
Nota: 4

Comecei: Orange, Handa-kun

Filme


A ratinha valente
Já tinha lido vários comentários sobre esse filme e fiquei curiosa. Ele conta a história de uma ratinha que está com um dos filhos muito doente e precisa de ajuda para mudar a casa de lugar, pois o fazendeiro local logo vai passar o trator por lá. Ela busca a ajuda das ratazanas, que vivem em uma sociedade mais desenvolvida e escondem grandes segredos. O filme tem muitos méritos, como os cenários sombrios fantásticos e todo o mistério das ratazanas e sua relação com os humanos. Além disso, quantos desenhos infantis apresentam uma mãe viúva como protagonista? Por outro lado, achei a resolução do conflito meio frustrante, bem deus ex machina, e queria que o filme focasse um pouquinho mais nas ratazanas. Pelo que vi, o filme tem continuação, então talvez eles explorem mais esse lado.
Nota: 3,5


Aquisições

Eu não devia, mas acabei dando uma olhada nos sites de livros e comprando umas coisinhas.


O Tess of the D'Urbervilles e o A Portrait of the Artist as a Young Man são compras da minha irmã para a faculdade. O História do novo sobrenome também foi compra dela. O Helter Skelter e o Stoner fui eu que comprei, mas como o Stoner é presente adiantado de aniversário para a minha irmã, tecnicamente só o Helter Skelter é meu e não devo me sentir tão culpada por comprar, não é?