segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Projeto Ghibli #4: Chie, a pirralha


Chie, a pirralha
Título original: Jarinko Chie
Diretor: Isao Takahata
Ano: 1981

Baseado em um popular mangá de Etsumi Haruki, o filme é protagonizado por Chie, uma menina independente e responsável que cuida sozinha de casa e do bar da família enquanto o pai, Tetsu, sai para beber, jogar, brigar e torrar seu dinheiro. A mãe de Chie abandonou a família devido aos vícios de Tetsu, mas as duas continuam se encontrando em segredo, e a garota deseja fortemente que ela volte para casa.

Apesar de a sinopse sugerir um grande dramalhão, o filme é leve e cômico. Testsu é engraçadíssimo e as figuras com quem ele convive (muitas vezes inimigos que acabam virando amigos) são ainda mais engraçadas, como o dono de uma casa de apostas e seu gato lutador, Antonio. Já Chie é uma menina durona, que obviamente é quem manda na casa, mas que também tem seus momentos de vulnerabilidade, como quando está com a mãe. Apesar de Tetsu ser um brigão malandro e sempre constranger a filha (as cenas de Tetsu indo apoiar Chie na escola são um misto de hilariedade e vergonha alheia), ele é bem intencionado quando o assunto é a Chie. O relacionamento deles é cheio de briguinhas e mal-entendidos, mas no fundo eles se amam.

Tetsu e Chie

A verdade é que eu não estava muito animada para ver esse filme, porque o título (vocês não acham que "pirralha" sugere algo como uma pestinha insuportável?) e a arte me fizeram imaginar algo cheio de travessuras infantis exageradas e piadinhas sem graça, porém ele me surpreendeu com seu humor descomplicado, os personagens carismáticos e, principalmente, a história da família desestruturada de Chie. O filme é bastante simples e não explora muito a fundo esse relacionamento em meio a outras subtramas, mas achei que o assunto foi tratado com delicadeza e realmente me tocou.

Se tenho algo a me queixar é que o longa tem alguns probleminhas de coesão e às vezes parece mais um compilado não tão bem arquitetado de episódios semi-independentes. Eu aceitei bem algumas mudanças nos relacionamentos e personagens que poderiam ser mais graduais, mas ainda não entendi qual é o sentido do duelo dos gatos no final. É engraçado? Sim. Mas usar isso como o clímax do filme? Achei estranho, embora isso não tire o brilho do resto da obra.

Chie, a pirralha não é um dos filmes mais conhecidos do Takahata e, sinceramente, não é uma obra-prima imperdível, mas é charmoso, divertido e apresenta personagens cativantes. Vale a pena dar uma chance!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Livro: Menino de ouro

Título: Menino de ouro
Título original: Golden Boy
Autora: Abigail Tarttelin
Tradutora: Cecilia Giannetti
Editora: Globo Livros

Max é visto por todos como um menino perfeito: inteligente, dedicado, bonito e popular, ele leva uma vida perfeita em uma família perfeita. No entanto, Max esconde um segredo: ele é intersexual (uma pessoa que nasceu entre o sexo feminino e o masculino e que apresenta os órgãos sexuais de ambos os sexos). Apesar disso ser motivo de constrangimento para ele, Max nunca refletiu muito a respeito e pouco conversou com os pais sobre o assunto, até que um acontecimento traumático o faz questionar sua condição, se indagar sobre seu futuro e querer descobrir mais sobre si, o que cria fissuras no relacionamento familiar e na vida escolar dele.

O livro alterna entre seis diferentes narradores. Além de Max, lemos a história pelos olhos de sua mãe, uma mulher perfeccionista, dedicada e bastante próxima dos filhos, que, apesar das boas intenções, acaba protegendo demais as crianças; de seu pai, um homem sensato, mas voltado demais ao trabalho; de Daniel, seu irmão mais novo, um garoto esperto, mas um tanto rebelde; de Archie, a médica que trata Max; e de Sylvie, a garota excêntrica por quem Max se apaixona.

Eu nunca tinha lido nenhum livro sobre um personagem intersexual e não sabia muito sobre o assunto, então achei bastante interessante conhecer mais sobre isso. Como Max cresceu sem muitas informações sobre si, o leitor vai sendo apresentado à intersexualidade junto com o personagem e vai sendo tomado pela curiosidade de saber sobre o passado dele. Às vezes, principalmente nas partes narradas por Archie, me incomodei com trechos expositivos demais explicando a intersexualidade, o que não é tão problemático porque é um assunto bastante desconhecido mesmo, mas eu acharia melhor se fosse algo mais fluido e bem encaixado na narrativa.

O ponto forte do livro é a construção do protagonista e seu relacionamento com os outros. Max é um menino gentil e doce que sempre teve uma boa relação com a família, e nós acabamos simpatizando com ele em seu novo estado de insegurança, confusão e medo do futuro. Além de Max, gostei bastante de Daniel, que é muito próximo do irmão e tem aquela espécie de sabedoria infantil engraçadinha de que eu tanto gosto. Os pais de Max também são personagens bem construídos em seus dilemas sobre suas decisões e suas responsabilidades.

À primeira vista, com sua capa simpática, o livro parece ser uma leitura leve e despretensiosa, no entanto ele trata de assuntos difíceis e tem alguns acontecimentos bem pesados, que me deixaram aflita e às vezes indignada. Questionei fortemente algumas das atitudes dos personagens, mas a autora foi competente em também mostrar o outro lado das coisas.

Em suma, Menino de ouro é um livro com bons personagens e questionamentos importantes sobre sexualidade, gênero, adolescência e relações familiares. Recomendo!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Livro: Nosferatu

Título: Nosferatu
Título original: NOS4A2
Autor: Joe Hill
Tradutora: Fernanda Abreu
Editora: Arqueiro

Sinopse: Vic tem um dom especial: com sua bicicleta, ela consegue atravessar uma ponte que a transporta para onde ela quiser. Charlie Manx também tem um dom: seu Rolls-Royce pode transportá-lo para a Terra do Natal, um parque tenebroso para onde ele leva criancinhas e de onde elas nunca mais retornam. Um dia, após uma briga com os pais, Vic sai em busca de encrenca e acaba encontrando Manx. Ela consegue fugir, o tempo passa e ela tenta esquecer suas viagens pela ponte, mas Manx não esqueceu Vic e está atrás de vingança.

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Esse foi o segundo livro que li do Joe Hill e também meu segundo livro para o mês de terror do Desafio Literário Skoob. Apesar de eu ter gostado de A estrada da noite, minha primeira experiência com o autor, terror não é bem o meu gênero preferido, então eu não leria outros livros do Joe Hill se não tivesse ganhado Nosferatu em um sorteio.

O livro é bem compridinho e eu estava com bastante preguiça antes de começá-lo, porque não ando numa boa fase para leituras, mas ele é gostoso de ler e prende bastante o leitor. A narração alterna entre diferentes períodos e locais, com foco em diferentes personagens, o que ajuda a aumentar a nossa curiosidade e construir a tensão e o mistério.

Não esperem um livro de terror TERROR, ele é mais um suspense (A estrada da noite é mais terrorzão mesmo) e só chega a dar um pouco de medo em algumas das cenas mais para o final. Apesar disso, ou graças a isso, eu gostei bastante dele. Os personagens são bem construídos e todo o conceito de mundos imaginários é bastante interessante. Adorei o fato de a Terra do Natal ser tão tétrica, porque eu não gosto muito de natal e muito menos de canções natalinas, então achei adequado que esses elementos mostrassem o seu lado assustador no livro. ;)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Anime: Hourou Musuko


Estúdio: AIC Classic
Diretor: Ei Aoki
Ano: 2011
Episódios: 12
Baseado no mangá de Takako Shimura

Shuuichi Nitori é biologicamente do sexo masculino, mas gosta de se vestir como menina em segredo. Sua amiga Yoshino Takatsuki é biologicamente do sexo feminino, mas se sente desconfortável com isso e prefere se vestir como menino. Com o início da puberdade e as primeiras mudanças físicas, os dois estão repletos de dúvidas relativas a suas identidades de gênero, além de, como qualquer adolescente, também se preocuparem com a aceitação dos outros, as amizades e os primeiros relacionamentos amorosos.

Enquanto o mangá se inicia quando os protagonistas estão na quinta série, o anime começa quando eles mudam de escola dois anos depois. O início é um tanto confuso, por nos apresentar em pouco tempo diversos personagens que já têm um passado juntos. Além de Nitori e Takatsuki, conhecemos seus amigos Saori Chiba, uma menina séria que fala o que lhe vem à cabeça e que gosta de Nitori, e Makoto Ariga, um menino inseguro, também confuso em relação a sua sexualidade e gênero, e que age como confidente de Nitori.


Apesar de às vezes parecerem maduros demais para adolescentes de 12-13 anos, os personagens são bastante realistas. É muito fácil simpatizar com eles em suas inseguranças e torcer por eles (e às vezes sofrer com eles). Mesmo os personagens secundários, que não são muito desenvolvidos, têm seus bons momentos e demonstram ter brilho próprio.

A arte é muito agradável, com cores suaves e um estilo aquarelado. Gosto bastante desse tipo de coloração delicada e acho que ela combina perfeitamente com o clima do anime.

Hourou Musuko é um anime bastante único por trazer personagens que não se encaixam nos padrões da sociedade e tratar de sexualidade e gênero com sutileza e sensibilidade. Não costumo ver/ler muitos animes e mangás com protagonistas LGBT, então fico feliz em ver um que aborda o tema tão bem. Além de merecer elogios por esse motivo, o anime é muito gostoso de se assistir, com um clima aconchegante e tranquilo, e drama, melancolia e humor na medida certa.


O grande defeito do anime é que ele é curto demais para explorar as questões levantadas e os personagens mais a fundo. Terminei de assistir com um gostinho de quero mais. Em geral não fico com muita vontade de ler mangás de animes que acabei de assistir, mas nesse caso acho que lerei o mangá em breve, porque quero mergulhar mais na história.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Livro: A outra volta do parafuso

Título: A outra volta do parafuso
Título original: The Turn of the Screw
Autor: Henry James
Editora: Penguin / Companhia das Letras
Tradutor: Paulo Henriques Britto

Faz tempo que eu queria ler algo do Henry James. Tenho dois livros dele aqui em casa e ficava adiando a leitura por preguiça ou por medo de não gostar de um autor de quem eu achava que ia gostar. Como sempre, o Desafio Skoob chegou para me fazer finalmente tirar o livro do armário e ver se ele correspondia às minhas expectativas.

Eu já tive contato com essa história por meio de uma versão adaptada para o público juvenil, Os inocentes, mas não lembrava de nada. Apesar disso, o livro é bem conhecido e alguns elementos dele já me eram familiares.

O livro começa com uma reunião de amigos contando histórias. Um deles, então, narra uma história de fantasmas contada a ele por uma amiga, que trabalhou como governanta em uma casa, tomando conta de dois órfãos. No início, a governanta fica encantada com a propriedade onde passa a viver e com as crianças sob sua responsabilidade, mas o surgimento de duas aparições misteriosas desestabiliza a harmonia inicial e a leva a suspeitar da inocência das crianças.

Com esse livro, James cria uma história ambígua, em que não sabemos o que é real e o que é fruto da imaginação da governanta, e que vai além de uma simples história de fantasmas para explorar o psicológico da protagonista.

Apesar de ter gostado de alguns aspectos do livro, como da dúvida constante que paira sobre todos, eu esperava um pouco mais. Achei meio cansativo, e o jeitão de romance gótico não me agrada muito. A protagonista me irritou um pouco em sua adoração pelas crianças e na rapidez com que ela chegava a conclusões em relação aos fantasmas. Também esperava algo um pouco mais assustador, mesmo sabendo que não devia esperar isso.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Filmes do mês - setembro

Em setembro, consegui ver mais filmes do que o costume. Aproveitei umas mostras, vi uns filmes que queria ver faz tempo e outros que eu nem sabia sobre o que eram. Achei interessante que foi um mês geograficamente variado também. ;)


A negra de...
Diretor: Ousmane Sembène
Ano: 1966

Assisti a um pedaço desse filme na faculdade e gostei bastante. Mesmo assim, demorei uns três anos para ir atrás e ver o filme inteiro. Esse é o primeiro longa de Sembène, importante cineasta e escritor senegalês (comentei sobre um dos livros dele aqui), e conta a história de Diouana, uma mulher senegalesa que se muda para a França para trabalhar como babá para um casal branco. Antes de partir de sua terra natal, ela sonha com uma vida glamorosa, mas ao chegar lá percebe que o trabalho não era o que ela esperava e se sente isolada, deslocada e infeliz.

O filme levanta questões sobre identidade, pós-colonialismo e racismo, e é bastante interessante ver como isso é abordado por um cineasta local naquela época. Não é o filme mais redondinho e bem acabado do mundo, mas vale a pena dar uma olhada se você se interessa pelo assunto.


Princesa Arete
Diretor: Sunao Katabuchi
Ano: 2001

Arete é uma princesa aprisionada em uma torre, impedida pelo pai de sair até que ele escolha seu futuro marido. Para conquistar o trono, os pretendentes viajam pelo mundo em busca dos objetos mais valiosos. No entanto, Arete não liga para nada disso e só quer ser livre.

Assisti a esse filme na mostra Anime Criativo no MIS, que também exibiu alguns animes que parecem muito interessantes, mas que não vi porque não gostei da sala reta demais e sofri com os cabeções na minha frente. O filme é fofinho, com um jeito meio Ghibli, mas é um pouco arrastado e eu fiquei sem entender algumas coisas (por culpa dos cabeções tapando parte das legendas ou por minha falta de inteligência, não sei).


Deus branco
Diretor: Kornél Mundruczó
Ano: 2014

Comecei a estudar húngaro no início do ano e estava a fim de assistir a alguns filmes para imergir um pouco na sonoridade da língua e ver o que eu consigo entender. Dei uma pesquisada e encontrei esse filme, que me chamou a atenção porque tem muitos, muitos, muitos cachorros, então é óbvio que eu ia assistir.

O filme apresenta uma alegoria bastante pertinente aos momentos atuais que a Hungria anda vivenciando. Após uma lei passar a cobrar taxas dos donos de cães mestiços, Lili é separada à força de seu cão, Hagen. Indignada com o pai, que abandonou o cão, a garota sai pelas ruas à procura do animal. Já Hagen enfrenta a dura vida sem dono até se aliar a companheiros caninos e iniciar uma revolta brutal contra os humanos.

Com 247 cães usados nas filmagens, quase todos vira-latas adotados de abrigos, o filme cria cenas impressionantes e bastante fortes.


O desejo da minha alma
Diretor: Masakazu Sugita
Ano: 2015

Após perder os pais em um terremoto, um casal de irmãos passa a viver com os tios e tenta reconstruir sua vida. Fui assistir a esse filme sem saber muito sobre ele e acabei gostando, apesar de ter achado meio cansativo e de não ter gostado muito do final. Gosto de filmes meio tristinhos sobre relações familiares e achei o relacionamento entre os dois irmãos encantador. Haruna, a irmã mais velha, é admirável ao se mostrar forte diante de Shota, seu irmãozinho, guardando toda a tristeza para si, e o Shota é uma graça.


Que horas ela volta?
Diretora: Anna Muylaert
Ano: 2015

Como todo mundo está falando desse filme, acho que eu não tenho muito o que dizer. Eu gostei bastante, mas também não achei tão maravilhoso quanto alguns estão achando. É um filme simples e bastante realista, com críticas contundentes.


Digimon Adventure 02 Movie
Diretor: Shigeyasu Yamauchi
Ano: 2000

Fui assistir a esse filme achando que ia ser um saco, porque a segunda temporada de Digimon não é lá muito do meu agrado, mas acabei surpreendida positivamente. O filme apresenta Wallace, um digiescolhido americano que tinha digimons gêmeos. No entanto, um desses digimons desapareceu no passado e agora reapareceu cheio de fúria, tomado por alguma força maligna. Os digiescolhidos então vão até os EUA ajudar a lidar com o problema.

O filme tem seus problemas, como a falta de explicação para o que faz o antagonista agir dessa forma e a falta de importância dos digiescolhidos com a exceção do Daisuke/Davis, mas eu gostei bastante da atmosfera da primeira metade. Nada acontece, mas eu achei delicioso ver os personagens simplesmente viajando, conversando e fazendo nada. Acho que muita gente não gosta dessa parte e prefere quando os personagens partem para a ação, mas em geral eu prefiro os momentos de Digimon em que nada acontece.


Whiplash
Diretor: Damien Chazelle
Ano: 2014

O filme realmente prendeu minha atenção, porém depois de assistir eu já não sabia muito bem o que pensar. Gostei, mas é meio esquecível? Os momentos musicais são muito bons, mas, é, eu realmente não gosto de bateria solo. Chegou uma hora que cansou.


Thelma & Louise
Diretor: Riddley Scott
Ano: 1991

Fui assistir só sabendo que era sobre duas mulheres, que tinha armas e road trip, e acabou sendo outra surpresa positiva. Adorei o vínculo entre as duas protagonistas, a força delas e a gradual libertação das duas. Filme empolgante e inspirador.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Randomicidades do mês - Setembro

Setembro foi um bom mês para leituras, filmes e cia., mas agora que estamos próximos do fim do ano estou ficando frustrada por não ter amado nenhum livro que li em 2015. Será que estou ficando mais crítica, estou escolhendo mal ou simplesmente estou saturada da literatura? Isso já aconteceu com vocês? O que me consola é que 1) apesar de não ter gostado de nenhum dos livros a ponto de considerá-los favoritos, continuo encontrando mais livros bons do que livros ruins; 2) eu adorei Oyasumi Punpun, então pelo menos os mangás estão se salvando.

Como vi muitos filmes em setembro (ou pelo menos mais do que o normal) vou dividir o post em duas partes e deixar para falar dos filmes na semana que vem.

Livros lidos



Cira e o velho - Walter Tierno
Fazia tempo que queria ler esse livro, que fiquei conhecendo em algum Desafio Literário do passado. Não manjo muito de folclore nacional além dos sacis e curupiras de sempre, então achei muito interessante a proposta do livro, que mistura folclore e história para tratar da vingança de uma guerreira contra um sertanista na época do Brasil colonial.
Nota: 3,75


O alquimista - Paulo Coelho
Li para o clube do livro. Minhas expectativas eram bastante baixas porque, né, é Paulo Coelho, mas no começo eu até que estava gostando do livro. A história tem um tom de parábola que estava me agradando, e eu fiquei genuinamente curiosa para ver onde o protagonista iria chegar em sua busca, mas a partir do momento em que o alquimista do título aparece achei tudo um tédio. A mensagem do livro, de seguir seu coração e viver sua lenda pessoal, é meio besta. Concluindo: o livro não é um horror e funciona como entretenimento até certo ponto, mas está longe de ser bom.
Nota: 2,25

The Chocolate War - Robert Cormier
Nota: 4


O bom Jesus e o infame Cristo - Philip Pullman
Adoro a trilogia Fronteiras do Universo do Pullman e estava curiosa para ver como o escritor narraria a história de Jesus nesse livro. Eu imaginava que ele seria bastante crítico e polêmico, porque o autor é ateu e é conhecido por criticar a igreja, mas o livro é bastante comportado. Nele, Jesus e Cristo são irmãos. Enquanto Jesus é carismático e sai por aí para pregar para o povo, Cristo se ocupa, secretamente, em registrar a história do irmão para a posteridade.
Como eu li a trabalho Jesus, o filho do homem do Khalil Gibran há pouco tempo, foi interessante comparar essas duas versões da vida de Jesus, que inventam bastante, mas também se apegam a passagens famosas da vida dele. Por outro lado, eu estava saturada desse tipo de relato e achei o livro do Pullman bem chatinho.
Nota: 2,5


De repente, nas profundezas do bosque - Amós Oz
Esse livro é sobre uma aldeia onde não há animais. Certa noite, Nehi, o demônio das montanhas, simplesmente levou todos os bichos dali, e os habitantes passaram a temer o bosque que circunda a aldeia. No entanto, duas crianças curiosas decidem explorar o bosque para descobrir o que realmente aconteceu. Esperava um pouco mais do livro, mas também não sei dizer exatamente o que me desagradou.
Nota: 3


A morte do gourmet - Muriel Barbery
Um famoso crítico gastronômico à beira da morte tenta buscar um sabor que lhe vem à memória e passa a relembrar refeições importantes de sua vida, como os almoços familiares na praia, as sardinhas que o avô preparava e os pratos simples e fartos que um grupo de desconhecidos simpáticos lhe ofereceu. Enquanto ele definha, seus familiares, amigos e conhecidos também lembram de sua vida.
Para quem gosta de ler sobre comida, esse é um livro bem interessante. Admito que acabei me cansando das descrições detalhadas de alguns sabores e texturas e achei o estilo do protagonista meio empolado demais em alguns momentos, mas gostei de seguir as associações que a mente dele fazia entre os sabores e as lembranças.
Nota: 3,5


Caixa de pássaros - Josh Malerman
Esse thriller era exatamente o que eu estava precisando ler: uma história tensa que não te deixa largar o livro até chegar ao final. Após um surto de loucura e morte desencadeado por algo que as pessoas viram, o que restou da humanidade se trancafiou em casa, com janelas cobertas para evitar ver o que quer que provocava a loucura. Cinco anos após o início desses acontecimentos, Malorie e seus dois filhos pequenos decidem enfrentar o mundo externo e deixar sua casa em busca de uma vida melhor. Minha irmã definiu o livro como uma mistura entre A estrada e Ensaio sobre a cegueira, e acho que a comparação é certeira.
Nota: 4

HQs


Cicatrizes - David Small
Graphic novel autobiográfica sobre a infância e a adolescência do autor em uma família disfuncional que esconde suas insatisfações e problemas sob o silêncio e o ruído. A arte é simples, mas bastante expressiva.
Nota: 4


Oyasumi Punpun - Inio Asano
Esse mangá é incrível! Já falei um pouquinho sobre ele nas randomicidades de agosto e não tenho muito a acrescentar além de LEIAM!!! Eu escreveria uma resenha sobre ele, mas, como sempre, nunca consigo escrever sobre o que eu gosto muito.
Nota: 5


Guerreiras mágicas de Rayearth - CLAMP
Terminei de reler essa série e continuo com a mesma opinião que eu tinha em agosto: meio fraquinho, né? Gosto da premissa, de alguns personagens e do universo criado, mas achei tudo mal desenvolvido e, apesar de amar a arte do CLAMP em alguns aspectos, aqui ela está bastante poluída, o que deixa a leitura confusa, principalmente nas cenas de ação.
Nota: 2,75


Gourmet - Jiro Taniguchi e Masayuki Qusumi
Nesse mangá acompanhamos um personagem em suas refeições. Da comida pronta comprada na loja de conveniência a um farto rodízio de sushis, de barraquinhas na rua a restaurantes familiares, passando por bares, lojas e docerias. O mangá é bem simples, sem grandes divagações a respeito da comida, e é muito gostoso de ler. Me identifiquei bastante com o protagonista em seus momentos de hesitação ao entrar em um restaurante novo e adorei o texto final.
Nota: 3,75

Leituras em progresso:


Pyuu to Fuku! Jaguar - Kyosuke Usuta
Descobri esse mangá por acaso vendo um blog que posta fotos das capas dos mangás semanais. Eu estava lá passando os olhos pela página quando, tcharam!, vi a imagem acima e notei as três singelas flautinhas. Aí descobri que o mangá de fato tem a ver com flauta doce e corri para ler. É uma mangá cômico, com capítulos curtos (e numerosos, são 435!), sobre um jovem guitarrista que conhece um flautista muito doido que deseja conduzi-lo à força ao caminho da flauta doce. Acho que todos que tocam flauta doce porque gostam do instrumento deveriam ler os primeiros capítulos, que têm momentos hilários.

Animes

Hourou Musuko

Em setembro fiquei um tempinho sem assistir a animes (com exceção do episódio semanal de Working!!!), mas mais para o final do mês iniciei algumas séries que queria ver faz tempo.

Iniciados:

Hourou Musuko: sobre crianças no início da puberdade e suas dúvidas a respeito de gênero e sexualidade. Trata com delicadeza de um assunto pouco abordado seriamente em animes e é uma fofura.

Kino no Tabi: uma menina e sua moto falante viajam pelo mundo, conhecendo países diferentes e seus costumes. É um anime bastante reflexivo e filosófico. Estou gostando muito.

Kurayami Santa: anime curtinho que mistura animação e filmagens reais antigas. Tem um clima sombrio. Só vi dois episódios e ainda não sei o que achar.

Finalizados:

Working!!!: terminei a terceira temporada e provavelmente resenharei o anime, mas primeiro vou aguardar o especial que encerra a série.

Aquisições


Vi Lucille super baratinho e não resisti, aí acabei comprando A menina submersa também. O que também chegou aqui em casa foi o terceiro volume de Limit.


Ganhei esse kit fofinho de nail art da minha tia. Ele vem com dois esmaltes de base, dois glitters e um boleador/esponjinha. Estou muito curiosa para testar o glitter clarinho, parece ser fofo!