terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DL 2011 - Persépolis


Persépolis é um história em quadrinhos autobiográfica de Marjane Satrapi, iraniana.

Esse livro não estava na minha lista e eu nem pretendia ler mais de um livro para o DL deste mês, mas finalmente consegui pegá-lo na biblioteca (já tinha procurado por ele umas duas vezes e nada) e já que ele se encaixa no tema do mês resolvi unir o útil ao agradável.

O livro mostra a vida de Marjane da infância ao início de sua vida adulta, balanceando bem entre a sua vida pessoal e a história do Irã. Bom, eu não sabia nada sobre o Irã, então para mim foi meio difícil entender a situação histórica do país (sou burrinha, haha), o que importa é que Marjane presenciou momentos muito importantes de seu país, como a Revolução Iraniana, que tirou o xá Mohammad Reza Pahlavi do poder, e o subsequente estabelecimento de uma república islâmica, super conservadora. Através dos olhos de Marjane, ficamos conhecendo mais sobre essa realidade tão distante de nós e sobre os costumes do país.

Eu gostei mais da parte sobre a infância de Marjane. Ela era uma graça de criança, que queria ir aos protestos contra o xá junto com os pais liberais, queria ser profeta, revolucionária etc., conversava com Deus e tentava entender o que acontecia naquele país que se despedaçava.

Quando a guerra do Irã contra o Iraque começa, ela já é adolescente e seus pais a mandam sozinha para a Áustria, onde ela descobre as delícias e agruras da liberdade e do amor e passa por maus momentos por estar sozinha, longe de casa, sem saber quando a situação em seu país melhoraria. Ela acaba voltando alguns anos depois e encontra um Irã ainda mais rigoroso em relação às mulheres. É divertido ver como ela tenta burlar algumas das proibições.

O livro é muito interessante e o traço da Marjane é simples e bonitinho. Não achei a parte histórica tão bem explicada (tanto que tive que dar uma olhada na Wikipédia para ver se eu tinha entendido certo, lol), mas eu sou burra para esse tipo de coisa e não tinha nenhum embasamento histórico sobre o tema, então imagino que outras pessoas terão mais facilidade para entender e poderão se divertir mais com o livro.

Desculpa aí pela resenha mal estruturada, tinha um monte de outras coisas que eu queria escrever, mas não sabia onde colocar (sempre tenho esse problema). Anyway, leiam o livro, é legal. E lendo, não dá para não pensar nas atuais revoltas no mundo árabe. :P

sábado, 12 de fevereiro de 2011

DL 2011 - Infância

O livro escolhido para esse mês foi "Infância" do Graciliano Ramos. Na verdade, o livro principal era "Clarice,", mas ele é grande e a preguiça também (e o interesse pelo tema não é tão grande assim). Então optei por esse livro de memórias. Não sei dizer até que ponto os acontecimentos relatados são reais e o quanto é ficção, porque o livro mistura os dois e eu não conheço o suficiente da vida do Graciliano Ramos para poder discernir.

O livro narra sobre a vida do escritor Graciliano Ramos, desde suas primeiras lembranças, aquela experiência confusa em que tudo se mistura, até o começo da adolescência. Ele é dividido em capítulos razoavelmente independentes que mostram episódios relacionados à vida na fazenda, à mudança de cidades, a seca, a criação não muito amorosa que os pais lhe deram, os personagens da fazenda e da cidade etc.

Boa parte do livro é dedicada aos primeiros contatos do jovem Graciliano Ramos com a leitura, desde o sofrido aprendizado do ABC e o sofrido contato com seus primeiros livros (com aquela linguagem arcaica, distante da língua falada) até a sua paixão pela literatura deslanchar.

Imagino que "Infância" seja mais interessante para quem conhece mais da obra do autor, porque é possível notar no livro vários temas e episódios que encontram ressonância em outros livros dele. Um dos exemplos mais evidentes é o capítulo "O inferno", em que ele pergunta para a mãe o que é o inferno, cena semelhante à que ocorre em "Vidas Secas". A mãe não fica tão sem resposta como a Sinhá Vitória, mas também não consegue saciar completamente a curiosidade do menino.

A leitura não fluiu tão bem quanto eu gostaria, talvez por causa da pouca conexão entre os capítulos e a linguagem não tão fácil, mas eu gostei do livro. Acho uma leitura fundamental para todos que gostam de Graciliano Ramos (por sinal, minha lista do DL tem três livros dele no total xD).