Título original: Radiance of Tomorrow
Autor: Ishmael Beah
Tradução: George Schlesinger
Editora: Companhia das Letras
O vilarejo Imperi foi quase completamente destruído durante a guerra civil na Serra Leoa. Após a guerra, seus moradores retornaram aos poucos, reconstruindo seus lares, reatando os laços entre eles e retomando tradições. No entanto, voltar à normalidade é complicado, especialmente quando uma grande companhia mineradora se instala na região, transformando a vida dos habitantes.
A história se concentra em dois personagens, Benjamin e Bockarie. Em um ambiente violento, corrupto e em que falta de tudo, os dois professores tentam dar educação às crianças e unir a comunidade. O livro mostra o impacto doloroso e cruel da guerra e do colonialismo nas vidas sofridas dos personagens, mas também mostra como eles resistem e encontram esperança e alegria uns nos outros.
O que tenho a criticar no livro é que achei que o autor cai na tentação de mostrar a tradição como o lado certo, como se os costumes da vida pré-guerra fossem o ideal, e as mudanças fossem sempre para pior. (Não que isso não seja o que acontece na vida real, mas às vezes o número de desastres da história parece exagerado. Nem dá tempo para você sentir o impacto de um desastre para outro acontecer logo em seguida.)
O estilo do autor também não me agradou tanto quanto eu gostaria. Ele às vezes usa imagens derivadas da tradição oral e das línguas locais, em um tom poético, o que é interessante, mas não achei que esse estilo casa muito bem com o resto do texto, mais convencional.
Em suma, apesar da capa simpática em cores vivas e do nome esperançoso, O brilho do amanhã é um romance intenso, que nos mostra a realidade cruel da Serra Leoa. E apesar das minhas críticas, ele é bastante impactante e apresenta alguns personagens interessantes.
Lido para o Desafio Volta ao Mundo em 80 Livros, representando a Serra Leoa.
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