Dezembro foi um mês atípico porque não li tantos livros, mas
vi relativamente muitos filmes e séries, em parte porque comecei algumas
leituras que vão demorar para acabar e porque viajei e acabei vendo um monte de
filmes com a família para aplacar o tédio.
Leituras
Tenderness – Robert Cormier
Depois de ler The Chocolate War (resenha), fiquei empolgada
para conhecer outros livros do autor. A premissa me pareceu muito interessante:
um jovem serial-killer é libertado da prisão e conhece uma adolescente que
fugiu de casa e tem uma estranha obsessão por ele. No entanto, me decepcionei
um pouco com a história. O relacionamento entre os dois não me convenceu, e a
garota toma umas atitudes impensadas bem irritantes. Ainda assim, acho que o
autor conseguiu criar uma história impactante.
Nota: 3
Coração de mãe – Jodi Picoult
Paige tem o seu primeiro filho e não se sente nada preparada
para cuidar dele. Assombrada pelo próprio passado e por sua mãe, que abandonou
a família quando Paige ainda era criança, ela teme ser incapaz de ser uma mãe
de verdade. O livro é interessante ao mostrar as dificuldades da personagem de
se adequar ao papel que a sociedade espera dela como mãe, mas achei a história
um tanto arrastada.
Nota: 3
Casa de praia com piscina – Herman Koch
Gostei bastante de O jantar, então estava curiosa para ler
este aqui. O protagonista, Marc, é um clínico geral que não gosta
muito de pessoas e que vai passar o verão na tal casa de praia com piscina com
a família, convidado por um de seus pacientes, um famoso ator. Um incidente
acontece e, algum tempo depois, o ator está morto e Marc é acusado de
negligência médica. O protagonista é um tanto desprezível e às vezes é
cansativo ler todo o discurso dele, mas o livro se torna bastante envolvente na
metade final.
Nota: 3,5
Lua de vinil – Oscar Pilagallo
Em 1973, Giba só queria saber de jogar futebol de botão com
os amigos do prédio e ouvir o Dark Side
of the Moon, mas um acidente o deixa em um grande dilema. É um livro
gostosinho de ler, mas nada de muito especial. Me incomodei um pouco com o
tanto de referências da época que o autor inclui, me pareceu algo meio forçado,
só para falar “olhem, estamos no anos 70!”.
Nota: 3
Quadrinho
Deslocamento – Lucy Knisley
Nesse diário de viagem, Lucy Knisley acompanha seus avós em
um cruzeiro e enfrenta a dificuldade de lidar com idosos com a saúde
debilitada. O traço dela é uma graça e gosto da maneira que ela retrata o
cotidiano deles na viagem, lidando com os problemas de memória da avó, com a
multidão do cruzeiro e com a preocupação constante em deixar os avós
confortáveis na viagem.
Nota: 4
Animes e séries
Mad Men
Comecei a assistir Mad Men em janeiro de 2016, ou seja,
demorei dois anos para terminar de ver as sete temporadas. Isso não significa
que a série seja ruim, muito pelo contrário, eu apenas gosto de degustá-la aos
poucos. Apesar de no início eu achar que o cotidiano de uma agência de
publicidade nos anos 60 não iria me interessar, fui cativada pelos personagens
incríveis. Acho que a série já foi elogiada bastante por outras pessoas e eu
não tenho nada a acrescentar além de: assistam!
Nota: 4,75
Pokémon Generations
Série lançada online com episódios curtos baseados em
histórias dos jogos originais. Achei a ideia legal, principalmente quando a
história envolvia personagens pouco explorados nos jogos ou algum mistério que
os jogos nunca explicaram direito, mas não consegui gostar tanto do anime por
um motivo simples: eu não joguei a maioria dos últimos jogos. Não sou o
público-alvo do anime, logo não posso comentar sobre ele direito.
Nota: 2,5
Dark
Série alemã da Netflix sobre o desaparecimento misterioso de
jovens em uma cidadezinha alemã. É dessas séries viciantes que te deixam cheia
de perguntas na cabeça (me lembrou um pouquinho Lost, mas eu não tenho muitas
referências na área, então posso estar exagerando). A segunda temporada já foi
confirmada, o problema agora é esperar.
Nota: 4
Made in Abyss
No meio de uma ilha há um enorme abismo, que se estende além
do alcance do homem. Ao redor dele se ergueu uma cidade cheia de pessoas que
desejam se aventurar nas profundezas em busca dos tesouros e mistérios que existem ali. Uma dessas pessoas é Riko, uma garota criada em um orfanato que está em
busca da mãe, uma famosa exploradora desaparecida. Acompanhada de um
garoto-robô, ela inicia a descida rumo ao desconhecido. Em geral não sou a
maior fã de aventuras, mas Made in Abyss me deixou empolgada com a exploração
no abismo, as criaturas desconhecidas e as paisagens misteriosas. A arte do
anime é maravilhosa, com cenários deslumbrantes, e eu amei a música e todo o
universo criado. Estou aguardando ansiosamente pela segunda temporada.
Nota: 4,5
Kino no Tabi (2017)
Quando fiquei sabendo que iriam lançar um novo anime de Kino
no Tabi, fiquei bem entusiasmada. A primeira adaptação, de 2003, é excelente e
bastante diferente da maioria dos outros animes. Nele, uma jovem viaja com sua
moto falante e passa três dias em cada país, entrando em contato com seus povos
e costumes. Cada episódio apresentava alegorias com teor reflexivo. A nova
versão perde um pouco da coerência que o anime antigo apresentava e prefere
investir em episódios mais focados na ação. Uns dois ou três episódios foram
realmente bons, mas a maioria não conseguiu transmitir tão bem suas ideias.
Ainda assim, foi divertido acompanhar.
Nota: 3,5
Mahou Shoujo-tai Arusu (OVA)
Não gostei muito do anime original, mas li comentários
elogiosos sobre os OVAs e resolvi dar uma chance. Os seis episódios exploram
mais do universo da série, focando em personagens secundários ou criaturas
mágicas que ainda não conhecíamos. As histórias despretensiosas funcionam bem,
e apesar de ter achado alguns episódios meio chatinhos, preciso dizer que amei
os dois primeiros (o do feitiço da cabeça de peixe e o do bebê fada). Gostaria
que a série original seguisse mais esse estilo, mas fazer o quê, não sou eu que
mando.
Nota: 3,5
Top of the Lake
Nessa série policial, uma detetive que está de visita à sua
cidade natal é chamada para ajudar no caso de uma menina de 12 anos
grávida, que não quer revelar quem é o pai do bebê e, posteriormente, desaparece.
A cidade tem o seu quinhão de personagens desprezíveis e segredos bem guardados.
Gostei da série, apesar de achar um tanto arrastada/repetitiva às vezes,
considerando que é uma série curta. As paisagens da Nova Zelândia são lindas!
Nota: 3,5
Filmes
Com amor, Van Gogh
Após um pedido do pai, o filho do carteiro parte em busca de
Theo Van Gogh para lhe entregar uma carta de seu irmão, Vincent, e acaba
investigando os possíveis motivos da morte do famoso pintor. O filme foi
animado a partir de milhares de pinturas imitando o estilo de Van Gogh, o que
lhe dá uma aparência única. A história, no entanto, não é das mais
interessantes.
Nota: 3,5
Meus 15 anos
Como eu já tinha lido o livro, fiquei curiosa para ver o
filme, que é sobre uma menina nada popular que ganha uma festa colossal em um
sorteio de shopping. A partir daí, ela vira o centro da atenção na escola, com
todos cobiçando um convite para o grande evento. O filme é meio bobinho, mas
legal. Ele é bem diferente do livro, mantendo apenas a ideia da festa de 15
anos e o básico dos personagens, mas achei que as mudanças feitas fizeram
sentido.
Nota: 3,25
Ícaro
Documentário sobre o esquema de doping da Rússia. Não sou
muito fã de documentários, mas fiquei com vontade de assistir esse depois das
últimas decisões sobre a participação da Rússia nas Olimpíadas de Inverno. O
mais interessante do filme é que o projeto se iniciou como uma tentativa de
mostrar como o sistema antidoping era pouco confiável. Para isso, o
documentarista entrou em contato com Grigory Rodchenkov, diretor do laboratório
antidoping da Rússia, que mais tarde foi denunciado como uma das pessoas por
trás do sistema de doping russo. É um bom documentário para se assistir se você
tem interesse no tema.
Nota: 3,5
Eu, Daniel Blake
Daniel Blake sofreu um ataque cardíaco e não pode mais trabalhar.
Ele precisa dos benefícios do governo, mas esbarra na burocracia que lhe nega
seus direitos. No caminho, ele conhece uma jovem mãe que tenta sustentar os
dois filhos e passa a ajudá-la. É um filme bastante crítico do sistema, mas às vezes sinto que ele não é muito mais do que isso.
Nota: 3,25
Grandes olhos
Filme do Tim Burton sobre uma pintora e seu marido
explorador, que atribuiu a si a autoria das obras de grande sucesso da mulher. É
meio louco pensar que essa é uma história real. Assim como é meio louco pensar
que os quadros com criancinhas de olhos enormes realmente faziam sucesso. Achei
o filme ok, o que me deixou com saudades da época em que eu amava quase tudo
que o Tim Burton dirigia...
Nota: 3,25
Depois da tempestade
Filme japonês sobre um escritor em decadência que trabalha
como detetive particular. Ele é divorciado, mas quer reatar com a ex-mulher e
voltar a viver com ela e o filho, no entanto gasta quase todo o seu dinheiro em
apostas. É um filme simples, meio parado, mas interessante.
Nota: 3,5
Capitão Fantástico
Finalmente vi esse filme que eu queria ver faz um tempão.
Nele, um casal cria os filhos de maneira alternativa, porém, quando a mulher
morre e todos vão ao funeral, há um choque com a vida moderna e antigas tensões
vêm à tona. Achei divertido, esteticamente agradável, porém um pouco óbvio.
Nota: 4
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E essas foram as últimas randomicidades de 2017! Mais tarde eu volto com os melhores do ano e etc.
Oi, Lígia, tudo bem?
ResponderExcluirPuxa, que legal, Made in Abyss parece ter sido feito para mim. Espero ver em breve! ^_^
Também fiquei pensando se Eu, Daniel Blake é mais do que uma crítica social. Como gostei muito do filme, para mim a resposta é que sim, é mais que isso - o filme contrasta o absurdo e a frieza de uma sociedade com o calor das pessoas se ajudando/confortando mesmo com as adversidades. O filme me lembra a frase do Lino do Snoopy, que ele ama a humanidade, o seu problema são as pessoas, mas aqui ao contrário, haha.
Depois da Tempestade é provavelmente meu filme predileto de todos os tempos, haha. Achei o mesmo do Capitão Fantástico. Meus 15 anos e Deslocamento parecem interessantes!
Abraços!
Se for ver Made in Abyss, só se prepare para algumas cenas meio pesadas. O anime tem um visual fofinho, mas gosta de fazer os personagens sofrerem.
ExcluirA frase do Lino ao contrário combina bastante com o filme mesmo. ;)
Confesso que esperava mais de "Depois da tempestade", porque eu adoro "Ninguém pode saber", do mesmo diretor. Acho que não estava no melhor dos humores para um filme do tipo.
Também adorei 'O jantar' e quero muito ler esse novo do autor.
ResponderExcluir'Mad Men' é elogiadíssima e eu até queria ver, mas daí em penso que são 7 temporadas e a preguiça vence...rs. 'Dark' e 'Top of the Lake' também estão na minha lista de séries a serem vistas.
Achei 'Capitão Fantástico' maravilhoso! Visualmente e pela discussão que propõe.
Mudando de assunto (mas nem tanto), assisti 'Eu, Tonya' esta semana e achei ótimo. Lembrei de você, já que é sobre patinação no gelo. Acho que você vai gostar.
Bjo!
Também tenho preguiça com séries longas e prefiro ver as mais curtas, mas Mad Men vale a pena.
ExcluirVi "Eu, Tonya" faz uns dias e gostei bastante. Acho legal ver que o filme está fazendo sucesso. :)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu estou apaixonada por “Com amor, Van Gogh”. Achei à narrativa muito bem construída e o estilo da animação impecável (*acho que todo mundo concorda nesse ponto*). Compartilhei minhas impressões no blog:
ResponderExcluirhttps://lulunettes.wordpress.com/2018/01/12/com-amor-van-gogh/
Já “Depois da tempestade” eu achei uma droga. Um filme de duas horas que não diz nada.
Gostei bastante de “Capitão Fantástico”. É um filme divertido e com discussões bacaninhas. Porém, a ação do casal pequeno burguês não faz nenhum sentido, não é prática e não tem nada de revolucionário, mas sim reacionário (uma vez que eles negam a tecnologia, ou seja, o progresso da humanidade). Não se muda o mundo indo morar no mato.
Beijos, Lígia!
Gostei muito do seu post, Lulu ^^. O pior é que já vi gente criticando o estilo de animação do filme por causa da rotoscopia...
ExcluirHaha, não achei o filme tão ruim assim, só meio parado demais.
Não sei o quanto o casal de "Capitão Fantástico" estava querendo ser revolucionário, mas concordo com a sua visão.