quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Retrospectiva 2016: leituras

Finalmente o post de retrospectiva de 2016 chegou! Esse foi um ano em que li bastante, mas, assim como 2015, não tive grandes favoritos. Li muitos quadrinhos, continuei lendo livros de países bem variados (mas os EUA continuaram dominando fortemente) e, infelizmente, li bem mais autores homens que mulheres.

Números

117 livros lidos
Entre eles:
11 releituras
26 HQs (sendo 14 delas mangás)
9 livros de contos/novelas
2 peças teatrais
1 livro teórico

34 livros escritos por mulheres e 76 escritos por homens
(sim, a conta não fechou direito)

Li livros de 29 países diferentes, 10 deles válidos para o meu Desafio Volta ao Mundo em 80 Livros.
Os países mais lidos foram:
EUA: 31 livros
Inglaterra: 23
Japão: 21 (14 deles são mangás)
França: 7
Brasil: 6
Finlândia, Austrália, Irlanda: 2

Melhores leituras

Diga aos lobos que estou em casa - Carol Rifka Brunt
Às vezes acho que já estou saturada de literatura Young Adult. A maioria dos personagens é chata e muitas das histórias são carregadas de clichês. Mas de vez em quando me deparo com um livro como esse e mudo de ideia. Situado na década de 1980, Diga aos lobos é um romance sobre uma forte amizade entre uma menina e seu tio. E também é sobre perda, solidão, relações familiares e segredos. É bonito e doloroso. E sempre me surpreendo ao lembrar que foi o livro de estreia da autora e, por enquanto, único que ela escreveu.


Lucille - Ludovic Debeurme
Quadrinho francês sobre um relacionamento entre uma menina anoréxica e um menino desajustado com uma família de passado trágico. O traço simples e o estilo sem quadros funciona bem para contar essa história melancólica. Infelizmente, esse é o primeiro volume de uma série que ainda não terminou e que provavelmente demorará muito para ser publicada aqui no Brasil.


Umbigo sem fundo - Dash Shaw
2016 realmente foi o ano dos quadrinhos para mim. Enquanto poucos livros me conquistaram para valer, os quadrinhos em geral foram grande surpresas. Essa HQ narra um encontro de família. Os pais, já idosos, anunciam que vão se divorciar e isso provoca reações variadas nos filhos e netos. Enquanto um se entrega incessantemente a memórias do passado, buscando os motivos por trás da decisão dos pais, outra aceita o divórcio com aparente naturalidade, enquanto o caçula, que sempre se sentiu a ovelha negra da família, tenta lidar com sua insegurança.


The Wedding Eve & outras histórias - Hozumi
Mangá que reúne seis histórias curtas e que foi uma das minhas maiores surpresas do ano. A maioria dos contos trata de relacionamentos familiares e muitos deles tem acontecimentos à primeira vista banais, mas que revelam camadas mais profundas à medida em que se lê. Fiquei impressionada com o talento da autora e pretendo ler mais da obra dela no futuro. Resenhei o mangá aqui.


Só para fumantes - Julio Ramón Ribeyro
Li esse livro de contos no começo de 2016 e já não tenho mais tantas lembranças de cada história para poder escrever aqui com propriedade. Só digo que o livro é uma delícia de ler, com histórias bastante variadas, mas sempre com o estilo conciso e elegante do autor. Espero ler outros contos dele no futuro!


Os Moomins e o chapéu do mago - Tove Jansson
Depois de alguns anos conhecendo os Moomins apenas de vista, finalmente me aventurei nos livros das criaturinhas rechonchudas. Nesse, que é o terceiro volume da série, os personagens vivem altas confusões devido a uma chapéu mágico que encontram largado por aí. Adoro a ingenuidade meio sem noção dos personagens e o jeito ranzinza de certo filósofo. Pura fofura! Resenhei o livro aqui.


Enclausurado - Ian McEwan
Já fui bem fã do Ian McEwan, mas acho que desde a decepção com Solar, não lia mais nada dele. Enclausurado chama a atenção pelo seu narrador inusitado: um feto atento a tudo o que acontece ao seu redor, acompanhando de perto sua mãe e o amante dela planejando matar seu pai. O feto não poupa comentários mordazes sobre tudo, o que torna o livro bem divertido.


O muro -  Céline Fraipont e Pierre Bailly
Mais um quadrinho para a lista. O muro narra a história de uma menina solitária no fim dos anos 1980. Sua mãe abandonou a família, o pai está sempre trabalhando fora, e a menina, à beira da adolescência, se sente desorientada e entediada. Apesar de eu ter achado o fim meio abrupto, a arte cheia de sombras e a protagonista desajustada me conquistaram.


O boxeador polaco - Eduardo Halfon
Livro de contos desse autor da Guatemala de quem nunca tinha ouvido falar. Não esperava muita coisa e me surpreendi com as narrativas que se entrelaçam umas com as outras e que podem ser lidas independentemente ou como um romance. Protagonizadas por um personagem chamado Eduardo Halfon, muitas delas tratam de literatura e arte sem ser pedantes. Resenhei o livro aqui.


O museu do silêncio - Yoko Ogawa
Essa foi uma das minhas últimas leituras do ano e conseguiu um lugarzinho aqui na lista. O livro é sobre um estranho museu que reúne objetos de pessoas mortas para preservar suas memórias. Gostei do ar de mistério que permeia a obra e do cenário isolado e não identificado que colabora para provocar certo estranhamento no leitor. Além disso, acompanhar o trabalho do museólogo foi bem mais interessante do que eu imaginava que seria.




Piores leituras

O menino que se trancou na geladeira - Fernando Bonassi
Esse foi o livro de que menos gostei em muito, muito tempo. Até o avaliei com apenas uma estrela no Skoob! É sobre um menino que vive em uma sociedade muito parecida com a nossa, mas com os podres exagerados (aquelas coisas de sempre: desigualdade social, corrupção etc.). A ideia por trás do romance é até interessante e o livro tem boas sacadas, mas ele é escrito de uma maneira muito irritante e se torna demasiado repetitivo depois de um tempo. Reclamei sobre o livro aqui.


Nove plantas do desejo e a flor de estufa - Margot Berwin
Eu gosto de plantas, então o livro não precisaria de muito para me conquistar, mas ele faz tudo tão errado que até dói. Os personagens são sem graça e/ou estereotipados, há um monte de erros sobre fauna e flora (muitas das tais plantas do desejo que a protagonista vai procurar no México são plantas banais nativas de outros lugares, por exemplo) e o livro tenta criar um misticismo que realmente não é a minha praia. Sei lá, acho que esse é um livro viajado demais para mim.



Esses foram os meus destaques positivos e negativos de 2016. Quais foram os seus?

8 comentários:

  1. Oi, Lígia! Nossa, números incríveis de livros lidos, haha. Parabéns! Tenho cá na estante algum livro da Yoko Ogawa; estou animado agora para lê-la.

    Como você gostei de Wedding Eve e Umbigo Sem Fundo; Wedding Eve em especial é Meu Tipo de História. No aguardo aqui também de obras futuras desses autores (do Shaw eu li nas internets 'Cosplayers' e é ótimo também).

    Das minhas poucas leituras deste ano, minhas prediletas foram Os Despossuídos e Math Girls. O primeiro foi uma excelente escapatória de um ano tão difícil em termos de política - manter as esperanças e coisa e tal.

    Abraços e feliz ano novo!

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    1. Oi, Monsair! Tive um ano meio desocupado, então deu para ler bastante.

      O Dash Shaw tem um livro sobre cosplay??? Fiquei curiosa agora.

      Os Despossuídos parece interessante, mas fiquei de ler A mão esquerda da escuridão faz um tempão e ainda não li. Quem sabe um dia.

      Feliz ano novo para você também!

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    2. Lígia, recomendo muito Os Despossuídos. Além de uma premissa interessante, é um romance com calor humano e, bem, a Ursula sabe contar uma história. Claro, nunca se sabe se se vai gostar de um livro ou não, mas é uma boa tentativa! Tá pra ser lançado uma edição nova, com nova tradução.

      Comecei a ler há pouco A mão esquerda da escuridão. Se quando ler quiser trocar figurinhas, tamo aí! =)

      E sim, o Dash Shaw tem uma HQ sobre fãs de anime! Não é nada excepcional, mas é curtinho, de leitura leve e agradável.

      Abraços!

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  2. “Umbigo sem fundo” é incrível! Também entrou na minha lista de melhores leituras, só que do ano de 2013.
    Hozumi = maravilhosa <3
    Adicionei “O boxeador polaco” na minha lista de desejados. Gostei do seu comentei a respeito do livro.
    Um dos destaques de “O museu do silêncio” sem dúvida foi acompanhar o trabalho do museólogo. Ah, por favor, depois dá uma passada na minha resenha e lê a parte do spoiler. Gostaria de saber sua opinião. Link: https://lulunettes.wordpress.com/2016/11/16/livro-o-museu-do-silencio-yoko-ogawa/
    Feliz 2017, Lígia! Beijos!

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    1. Que bom que se interessou por "O boxeador polaco". Nunca vejo ninguém comentando sobre ele e acho triste ver um livro tão bacana sendo ignorado.
      Comentei lá na sua resenha. ;)
      Feliz 2017 para você também!

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  3. Da sua lista, só li 'Umbigo sem fundo' e 'Enclausurado'. 'Lucile', 'O muro' e 'O boxeador polaco' estão na minha lista.
    E ando cada vez mais tentada a participar do Volta ao Mundo. Posso usar os posts que já tenho no blog para contabilizar alguns países?
    bjo e um ótimo ano!

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    1. Eba! É sempre bom ver gente interessada no desafio Volta ao Mundo! As regras do desafio são bem adaptáveis. Você pode começar do zero ou contar leituras antigas, você é quem decide. :)

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    2. Eu sempre tento ler coisas de autores de nacionalidades diferentes, então não vai ser nenhum sacrifício. Vou organizar as resenhas antigas e marcar o país de cada uma. Aquelas que forem de um país com poucas opções de títulos, vou usar para o desafio; para as outras nacionalidades, farei novos posts.
      bjo!

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