sábado, 21 de novembro de 2015

Anime: Kino no Tabi


Kino no Tabi
Diretor: Ryuutarou Nakamura
Ano: 2003
Nº de episódios: 13 (mais dois filmes curtos e um especial)

Sempre ouvi elogios a esse anime, alguns mais contidos, outros que o anunciavam como uma obra-prima profunda e reflexiva. Porém, mais do que os elogios, o que me atraiu foram as comparações com Mushishi, meu anime preferido. Gosto de obras episódicas, atmosféricas e com um ritmo mais lento, e Kino no Tabi prometia ser do meu agrado.

O anime acompanha Kino, uma viajante, e sua motocicleta falante, Hermes, enquanto eles viajam por diferentes países. Em sua jornada, a garota conhece países grandes e pequenos, tecnologicamente avançados e atrasados, em paz e em guerra, iguais e desiguais. Kino estabeleceu para si uma regra de ficar no máximo três dias em cada país e, assim, ela observa os costumes locais e conhece pessoas diferentes sem se envolver demais, em uma experiência quase antropológica.


Cada episódio mostra algum aspecto da sociedade de maneira alegórica e apresenta questões filosóficas e sociais. Em um deles, por exemplo, Kino chega a um país com forte divisão de classes. Os pobres vivem isolados da camada mais rica, e os únicos que podem ascender socialmente ali são os viajantes, se vencerem um torneio lutando contra outros viajantes. Em outro episódio, Kino conhece um país em que todos se dedicam a construir uma torre gigantesca. Todos os habitantes e todo o material são empregados nisso, mas ninguém está muito certo do motivo, fazendo sua parte sem questionamentos.

Como em qualquer série episódica, alguns episódios vão agradar mais do que outros. Eu adorei os primeiros e os últimos, mas achei alguns no meio bem chatinhos e me senti perdida em certos momentos. Alguns dos episódios costuram várias histórias com temáticas semelhantes juntas, e às vezes achei a junção não tão coesa quanto eu gostaria. Como cada história tem um formato próximo ao de parábolas, a mensagem principal geralmente é bem clara, mas a série também apresenta sutileza o suficiente para te fazer pensar além disso e tentar interpretar de outras formas, o que a torna ótima para assistir várias vezes.


Não sou a maior fã da Kino como personagem. Ela é corajosa, centrada e inteligente, mas bastante fria, quase sempre distante dos outros personagens. Ela raramente demonstra vulnerabilidade, e talvez seja disso que eu sinta falta. Hermes, por outro lado, é bastante carismático e está sempre fazendo perguntas e falando coisas engraçadinhas. A dupla funciona bem, e é interessante acompanhar as conversas dos dois.

Se no início eu tinha receio de que o anime fosse pretensioso demais, descobri que esse receio era infundado. Apesar de alguns aspectos que me incomodaram, Kino no Tabi merece os elogios que recebe e alguns de seus episódios estão entre as melhores coisas que já vi nos animes.

3 comentários:

  1. Oi, Lígia! Tudo bem?

    Kino no Tabi é um dos animes que durante a adolescência me despertaram um interesse mais duradouro por animes. Mas nunca revisitei desde então. Só me lembro de gostar das ideias centrais e da história da Kino (embora nem lembre qual ela é! haha). Mas não sei se revisitarei algum dia - hoje em dia, como diz o narrador em Sans Soleil, a banalidade me interessa mais: a fragilidade dos momentos suspensos no tempo.

    Como você, gosto de obras episódicas, com ritmo lento e atmosféricas, embora, claro, não todas (nos animes, eu gostaria de ser a pessoa que gosta de Haibane Renmei ou Aria, mas não sou boa pessoa o suficiente, haha). É curioso como descrevemos algo como "atmosférico", não? O que queremos dizer com isso? Que a história, os visuais, a música, enfim, tudo estão sempre consoantes para um só fim, para lhe causar uma determinada sensação, mesmo que esse mude de tempos em tempos na obra?

    Não sei o que é atmosférico, mas descrevia um bocado de nerdices que gosto nessa categoria, haha.

    Abraços!

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    1. Oi, Monsair!

      Bonito isso da "fragilidade dos momentos suspensos no tempo". Também gosto bastante da banalidade. :)

      "Atmosférico" é difícil de definir, não é? Eu acabo usando demais essa palavra por falta de definição melhor, em geral para obras que criam uma imersão do espectador, mas acho que a sua definição é boa.

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