sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Desafio literário - Fagin, o judeu


Título: Fagin, o judeu
Autor: Will Eisner
Editora: Cia. das Letras

Eu não pretendia ler esse livro, já que minha irmã comprou duas graphic novels há um tempo e eu queria aproveitar a oportunidade do desafio literário para lê-las. Como eu ando meio ocupada (ou melhor, não ando ocupada, só ando administrando mal meu tempo) está difícil dar conta das leituras aqui do desafio e conciliá-las com as leituras (gigantes) para a faculdade. Mas, como as coisas nunca seguem o planejado, surgiu um buraco em meu horário e eu me vi na faculdade sem nada para fazer. Fui à biblioteca e escolhi esse livro por uma razão bem simples: era a única graphic novel disponível. O tema não me atraiu tanto, embora eu já tenha lido Oliver Twist e ache interessante a ideia do Eisner de tentar quebrar o estereótipo do judeu e fazer justiça a Fagin.

O autor comenta no prefácio como percebeu que obras literárias, quadrinhos etc. muitas vezes ajudam a reforçar estereótipos negativos com a maneira que representam certos personagens. Foi isso que o levou a recontar Oliver Twist, de Charles Dickens, sob a perspectiva de Fagin, para combater tais estereótipos e os preconceitos que eles geram.

Fagin, o judeu narra a vida de Fagin, o principal vilão da obra de Dickens. A graphic novel mostra desde sua dura infância de imigrante na Inglaterra até o final infeliz, sempre tentando sobreviver em um ambiente hostil e sendo mal visto por ser judeu. 

Cerca de metade do livro não apresenta grandes novidades para quem já leu Oliver Twist, pois é basicamente um resumo dos acontecimentos do romance, e essa parte não me agradou muito, porque me pareceu corrida e não acrescenta muito à história original (é que eu queria que a Nancy aparecesse mais).

No geral, eu não gostei tanto do livro. Embora eu goste do Fagin e goste da tentativa do Eisner de redimi-lo, acho que o autor exagerou em sua tentativa de tranformá-lo em uma vítima das circunstâncias e, assim, o personagem acabou perdendo muito de sua faceta contraditória, malandra e contraventora. O traço do autor é legalzinho, mas não tem nada de muito especial, e quando os rostos dos personagens são mostrados de perto, eles são feios, na minha modesta opinião. No entanto, a história é simpática e a leitura correu bem (li em uma dia). Recomendo para os que gostam do Fagin e acham que Dickens foi cruel demais com ele. Se bem que uma graphic novel sobre a Nancy seria bem mais legal!

Sobre o autor: Will Eisner (1917-2005) é considerado um dos mais importantes autores de histórias em quadrinhos e, sim, ele é judeu. Sua obra Um contrato com Deus, de 1978, é considerada a primeira graphic novel da história. Além dela, ele é o criador do herói de Spirit e autor de várias obras, algumas delas publicadas aqui no Brasil. O prêmio Eisner, um dos mais importantes dos quadrinhos, foi batizado em homenagem a ele.

3 comentários:

  1. Também não gostei do Fagin do Eisner. O meu já foi em troca à tempos.

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  2. Pena que a execução não acompanha a qualidade do argumento. Bjs

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  3. Eu gosto de Eisner. Não conhecia essa graphic novel. Acho válido para conhecer um outro lado da história.
    bjo

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