sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Livro: Miramar

Título: Miramar
Autor: Naguib Mahfuz
Tradução: Safa Abou Chahla Jubran
Editora: Berlendis & Vertecchia Editores

Nos anos 60, na cidade de Alexandria, no Egito, cinco homens se hospedam na pensão Miramar, que no passado foi gloriosa, mas cujo brilho se perdeu após a revolução. Com idades, personalidades e objetivos bastante diferentes, eles passam a conviver nesse ambiente. A presença de Zohra, uma bela camponesa que trabalha como criada na pensão, desperta a cobiça de alguns e gera tensão entre os hóspedes.

Cada capítulo é narrado por um dos personagens, que conta a sua vida e apresenta sua visão sobre os acontecimentos na pensão. Temos um ex-jornalista idoso, um jovem proprietário de terras, um locutor introvertido e um contador metido em negócios arriscados, mas a personagem mais interessante é Zohra, uma jovem decidida que foi trabalhar na pensão após fugir de um casamento forçado. É em torno dela que a maioria dos acontecimentos gira. 

A alternância de focos narrativos é sempre um recurso interessante. Aqui, ela nos permite vislumbrar o passado dos personagens, bastante marcado pela revolução de 1952, e o ponto de vista de cada um sobre o que acontece durante a estadia deles na pensão, das conversas despreocupadas em datas comemorativas a brigas no meio da noite. Por outro lado, alguns dos acontecimentos não são tão interessantes assim para merecer quatro relatos diferentes sobre eles, algumas vezes sem muita variação.

No início, fiquei um pouco perdida em meio às referências históricas do livro. Não sei quase nada sobre o Egito e, principalmente no começo da narrativa, nomes e fatos históricos são bastante citados. Porém, aos poucos me acostumei e me deixei envolver pela história.

O livro me surpreendeu com o estilo narrativo e com uma história mais cheia de acontecimentos e mistério do que eu esperava, mas não me conquistou totalmente, talvez porque achei a maioria dos personagens chata e por ter ficado meio perdida no contexto histórico.

Livro lido para o desafio Volta ao Mundo em 80 Livros, representando o Egito.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Randomicidades do mês: julho/2017

Julho foi um mês arrastado. Olhando para as leituras que fiz no comecinho do mês, fiquei bem surpresa ao constatar que elas foram feitas em julho mesmo e não um ou dois meses antes. Consegui terminar alguns animes e comecei a assistir um monte de coisas, mas, em questão de filmes, foi fraco. (Como sempre estou dividida entre a vontade de ver filmes e a preguiça que bate na hora.)

Livros lidos


História da menina perdida - Elena Ferrante
Último livro da série napolitana e o meu segundo favorito da tetralogia. Apesar de achar algumas partes da história meio arrastadas, minha opinião final dos livros é muito positiva.
Nota: 4,25


Confissões de uma máscara - Yukio Mishima
O livro discorre sobre a homossexualidade do protagonista, sua atração por homens desde que era criança (e sua fascinação por cenas sanguinolentas), sua inadequação diante dos outros e sua tentativa de um romance com uma mulher. Foi uma experiência interessante, principalmente levando em conta que não costumo ler muitos livros com protagonistas gays.
Nota: 3,25


Meus documentos - Alejandro Zambra
Livro de contos interessantes e bem gostosos de ler, mas que não me provocaram muito impacto. (ok, não vou me esquecer do Pai Nosso cantado no ritmo de Sound of Silence).
Nota: 4


A última tragédia - Abdulai Sila
Lido para o Desafio Volta ao Mundo em 80 Livros, representando a Guiné-Bissau. O livro aborda o colonialismo através de três personagens: uma jovem que vai trabalhar como criada em casa de brancos, um líder local cheio de ideias que deseja mostrar quem manda e se impor diante dos brancos, e um professor gentil que se formou em um projeto criado pelos brancos para educar a população local. Foi interessante conhecer um pouco sobre a Guiné-Bissau, mas achei o livro um tanto parecido com outros sobre o colonialismo na África.
Nota: 3,5


The Grown Up - Gillian Flynn
Conto sobre uma mulher que trabalha como vidente e decide faturar uma grana ajudando uma cliente a se livrar da aura tenebrosa que cerca a mansão da família e afeta o enteado adolescente. Fui ler o conto sem saber nada sobre ele e não estava esperando o clima de terror, que me agradou. O que me desagradou foi o final cheio de explicações, que não se encaixou com naturalidade na narrativa.
Nota: 3,5


Much Ado About Nothing - William Shakespeare
Comédia sobre dois casais. Um deles se apaixona à primeira vista e logo marca o casamento, mas sofre com forças externas que tentam impedir a união. O outro é formado por duas pessoas que desprezam o amor e o casamento e vivem zombando um do outro, mas se apaixonam gradualmente. Até que achei divertido.
Nota: 3,25


Um útero é do tamanho de um punho - Angélica Freitas
Olha eu lendo um livro de poesia! Na verdade, só li porque a minha irmã pediu para eu pegar na biblioteca para ela. Os poemas são bastante contemporâneos e irreverentes e têm como tema a mulher. Gostei bastante de uns, não gostei/entendi outros.
Nota: 3


O xará - Jhumpa Lahiri
Romance de formação sobre um indo-americano de nome peculiar, Gógol Ganguli, que se sente dividido entre a cultura dos Estados Unidos, onde nasceu e cresceu, e a indiana, dos pais, a qual no início rejeita. Acompanhamos a dificuldade dos pais de Gógol de se adaptar a um novo país, a consternação do protagonista diante do seu nome incomum e sua tentativa de se afastar de suas origens.
Nota: 4


Nada a dizer - Elvira Vigna
Faz bastante tempo que tenho curiosidade em ler algo da autora, mas foi só quando ela morreu que me senti motivada a finalmente ler, porque sou assim. O enredo do livro é um tanto banal: um casal tenta lidar com a traição por parte do homem. Pelo ponto de vista da mulher, que revisita os acontecimentos, vemos com detalhes o relacionamento entre os dois e as turbulências provocadas pela traição.
Nota: 3,75

Quadrinhos


The God's Lie - Kaori Ozaki
Mangá sobre a amizade entre um menino e uma menina que esconde um grande segredo. É bonitinho e melancólico. Não gostei muito dos personagens em si, mas adorei a forma como eles interagem.
Nota: 3,75


Repeteco - Bryan Lee O'Malley
Depois de um dia ruim, Katie ganha a chance de corrigir seus erros. Ao anotar seu erro em um bloquinho e comer um cogumelo, ela ganha o poder de mudar o passado. E é claro que em certo momento isso dá errado. Gostei muito da arte, dos personagens e de todo o ambiente do restaurante Repeteco.
Nota: 4

Animes/séries


Kuuchuu Buranko
Em cada episódio, o doutor Irabu recebe um paciente diferente. Um jogador de beisebol que não consegue mais arremessar a bola direito, um jovem viciado no celular e um gangster com medo de objetos pontudos são algumas das pessoas que passam pelo consultório. Com sua personalidade amalucada, fascinação por injeções e métodos pouco ortodoxos, o psiquiatra ajuda os pacientes a lidar com seus problemas. A arte do anime é um espetáculo à parte, com cenários coloridões e mistura de animação com live-action, dando um ar psicodélico à obra. Em meio a um oceano de animes com histórias e arte semelhantes, esse aqui com certeza se destaca.
Nota: 4


Code Geass: Hangyaku no Lelouch
Esse anime é uma bagunça muito viciante. Nele, acompanhamos o jovem Lelouch, um príncipe exilado que ganhou o poder de controlar as pessoas, o Geass. Com esse poder nas mãos, além de sua grande inteligência, Lelouch põe em ação um plano para derrubar o império da Britannia, unindo-se a um grupo de terroristas que pretende recuperar o Japão. No início, a história me lembrou bastante Death Note, pois o protagonista é um estrategista e recebe um poder enorme que dá origem a planos grandiosos, com consequências cada vez mais graves. Porém, Code Geass é bem mais exagerado, com plot twist seguido de plot twist (nem sempre muito verossímeis). Em questão de entretenimento não tenho muito o que reclamar, devorei os cinquenta episódios em pouco tempo, apesar de uma segunda temporada meio morna. Agora, se for para avaliar mais criticamente, acho que o anime tenta misturar gêneros e nem sempre dá certo e traz ideias demais sem se aprofundar muito em nada.
Nota: 3,75 (1ª temporada) e 3 (2ª temporada)


Tabi Machi Late Show
Anime de apenas quatro episódios curtos sobre despedidas. As histórias são simples e agradáveis, e tratam de personagens como um aspirante a chef que parte para estudar no exterior ou uma professora que vai se aposentar. Destaque para o terceiro episódio, sobre uma menina contente por rever o amigo no festival de verão.
Nota: 3,5

Comecei a ver: Chouyaku Hyakuninisshu: Uta Koi., Mozart in the Jungle (2ª temporada), Yami Shibai, Paradise Kiss.

Filme


Doukyuusei (2016)
Animação sobre dois estudantes bem diferentes um do outro que se aproximam por acaso e acabam se apaixonando. Não sou muito fã de romance, mas achei o filme bem fofo. Adorei a arte.
Nota: 4
Curta


Father and Daughter (2000)
Curta de Michaël Dudok de Wit, mesmo diretor de A tartaruga vermelha. Um pai se despede da filha ainda criança e parte de barco. O tempo passa, e a filha continua voltando sempre ao local da despedida, na esperança de rever o pai.
Nota: 4

Aquisição


Só comprei um livro. Depois de gostar muitíssimo de Só para fumantes, fiquei com vontade de conhecer mais da obra do Julio Ramón Ribeyro, então comprei esse livrinho.

E foi isso. O que você fez de interessante em julho?