Autor: Organização de Sergio Faraco
Editora: L&PM
Mais uma vez me aproveito dos livros que minha irmã teve que ler na escola em um passado quase remoto. Não pretendia ler esse, mas quando fui pegar o "Janelas e tempo", achei-o lá no armário e pensei "por que não?".
O livro reúne sonetos portugueses e brasileiros, de 1500 a 1900. Há poemas de autores como Camões, Fernando pessoa, Augusto dos Anjos, Florbela Espanca, Tomás Antônio Gonzaga, Sá de Miranda, Camilo Pessanha, etc. E a maioria versa sobre temas tradicionais da lírica: amor, amor, amor...
Não gosto muito de poesia, muito menos em uma forma engessada como o soneto, e se pudesse optar por um corte temporal, escolheria poemas do Modernismo até o presente, e não 1500-1900. Então, é, não gostei muito do livro. Fiz uma leitura superficial da maioria dos poemas e só gostei mesmo de três ou quatro deles, em geral os mais pessimistas e depressivos da seleção.
Aqui um poema que gostei e que talvez vocês conheçam, que tinha que ser do Augusto dos Anjos, um dos poucos poetas anteriores ao Modernismo que eu gosto (o outro seria o John Donne, talvez):
Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Nenhum comentário:
Postar um comentário