segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dixie Tepper

Eu ouvi falar pela primeira vez em Dixie Tepper em algumas comunidades do Orkut, geralmente citada como uma boa série infanto-juvenil por gente que curte Harry Potter, Artemis Fowl e livros do gênero. No começo estranhei, porque em geral conheço essas séries pelo menos de nome antes delas começarem a se tornar moda (tudo bem que passou faz tempo a época em que, sem querer me gabar, eu já tinha lido praticamente todas as séries infanto-juvenis em destaque no mercado). Também estranhei o fato do livro ser publicado por uma editora da qual nunca ouvira falar.

Mas tudo bem, eu fui ler (em e-book, de uns tempos para cá sucumbi à facilidade dos e-books. O prazer com a leitura não é tão grande, mas dá para matar a curiosidade com livros que você ficaria meio relutante em comprar).

Tudo o que eu sabia do livro é que era sobre uma menina detetive e que lembrava Harry Potter.

Comecei a ler e logo percebi que não lembra HP. É uma cópia mal feita de HP. Pelo menos no primeiro capítulo.

Vou citar algumas das semelhanças. Sozinhas elas podem parecer meras coincidências, afinal, são clichês literários (a criança que perdeu os pais, ter que conviver com parentes chatos e tal), mas em combinação elas só podem siginificar HP.

O livro começa contando como a família Tepper se mudou para um tranquilo subúrbio nova-iorquino com jardins bem cuidados, tipo a Rua dos Alfeneiros, e estava levando uma vida perfeitamente normal. Até que um dia o Sr. Tepper vê um furgão misterioso na rua e acha meio suspeito, mas depois acha que é paranoia e decide não alertar a esposa. Ainda dá uma última espiada no furgão, mas depois acha que está imaginando coisas e vai trabalhar. Nem um pouco parecido com o começo de HP, em que o tio Válter vê o gato (a Minerva) lendo um mapa e depois uma placa e depois acha que está imaginando coisas e vai trabalhar. Depois ele vê que o furgão só estava lá para fazer uma entrega e ele acha que está endoidando e que foi bom não alertar a esposa.

Mais tarde, o grande inimigo dos Tepper aparece na casa e o Sr. Tepper grita para a esposa para que ela pegue a filha e fuja, enquanto tenta detê-lo. Exatamente como o James fala para a Lily. E o Sr. Tepper também se refere ao inimigo como "ele": "Precisamos sair daqui, e depressa! Ele nos encontrou! Depois de tanto tempo, ele está aqui!". A grande diferença aí é que os pais de Dixie conseguem escapar, deixando Dixie com os tios e depois saindo da cidade, para encontrarem a morte em uma epidemia na América Central. Assim Dixie ficou órfã e vivendo com os tios.

Tio Sherman é legal, não tem nada de Dursley nele. Mas Anatólia encarna o papel da tia chata e sua filha, Patil, é a prima chata que tem como hobby provocar Dixie.

A primeira cena de Dixie na casa dos tios é bem parecida com a primeira cena de Harry na casa dos tios: ela é acordada com pancadas na porta. Só que felizmente ela tem um quarto para ela, não precisando dormir em um armário.

Acho que a partir daí a história começa a divergir da história de HP e você deixa de ter a impressão de estar lendo algo escrito por mim nas minhas fases fanáticas por algum livro/mangá/whatever (sim, eu sempre escrevia historinhas bestas baseadas em algo, era puro lixo).

Mas algo continua me incomodando no livro.

Não sei se é a linguagem, que me lembra do modo como eu escrevo algumas coisas (não sei se acontece com você, mas quando eu leio algo que eu escrevi faz algum tempo, sempre penso "argh, isso tá ruim, tenho que melhorar um dia". Em livros publicados quase nunca penso isso, porque ele são mais bem escritos, em geral). Não sei se é porque o livro é meio infantil de uma maneira negativa (?) (o primeiro HP também tem um pouco disso, mas eu não sei explicar direito o que me incomoda nisso). Ou talvez seja porque a Dixie é uma chatinha irritante.

Uma coisa que me pareceu tão ruim quanto o primeiro capítulo cópia de HP foi o pêndulo do terror do título. Ahn, aquilo foi pura cópia de um conto do Edgar Allan Poe, tanto o pêndulo assassino em si quanto o modo de escapar (esfregando comida nas correntes/cordas para atrair ratos que roessem e livrassem o prisioneiro). Tudo bem, pode ter sido apenas uma referência, sabe, uma coisa estilo "vamos colocar isso e ver quem é o leitor esperto que já leu Poe e vai sacar de onde surgiu a ideia ;D", mas é meio estranho, porque acho que os leitores de Dixie Tepper em geral não leram esse conto e vão achar que essa saída genial veio da brilhante mente do autor, sendo que não veio! @___@

Agora, só para finalizar: disseram que os livros vão melhorando, a história vai amadurecendo. Espero que seja verdade, porque se não for assim, a série seria MUITO fraca. Além disso, o grande vilão do livro está atrás do que? Do Graal. Super criativo, né? Super "vamos pegar onda no Código DaVinci", né?

Acho que depois de eu escrever tudo isso você deve achar que odiei o livro. Mas até achei legalzinho, só que ruinzinho. ;)

By Xamblu

5 comentários:

  1. Ah, eu não devia ter lido isso antes de ler o livro :(
    "(esfregando comida nas correntes/cordas para atrair ratos que roessem e livrassem o prisioneiro)" - pra mim isso é spoiler u_u
    Tenho que acabar de ler Diário da Princesa logo :~

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  2. Mwahahaha. Tá, é spoiler mesmo, e daí?
    E eu tenho que acabar Melancia ._.

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  3. E daí que eu gosto de ler os livros sem saber direito sobre o que eles são ¬¬'

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  4. Aliás, essa coisa de esfregar comida nas cordas é muito inverossímil (é assim que se escreve?). Para mim, os ratos tinham que comer a Dixie também (trauma de 1984 e a cena dos ratos).
    Eu achei o livro muito ruim, tipo pior que Crepúsculo (tá, talvez não pior, mas mais chato, bem mais chato)

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  5. Também acho inverossímil, pessoas devem ser mais gostosas que biscoitos, mas se o Poe falou tá falado xP. Nem lembro de ratos em 1984 (preciso reler)...
    Eu achei pior que Crepúsculo (mas não consegue ser pior que Breaking Dawn).

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