Depois de uma temporada bastante sofrida e expectativas um tanto baixas, a Olimpíada de PyeongChang foi bastante boa e divertida. Tivemos excelentes apresentações, momentos marcantes e emocionantes, poucas polêmicas (ou, pelo menos, menos do que em Sochi) e algumas decepções, porque é impossível não ficar decepcionado de vez em quando.
Evento de times
O evento começou mal com o programa curto masculino que foi um desastre ainda pior do que o esperado. Parabéns para o Shoma, o Bychenko, o Junhwan e o Matteo, que patinaram decentemente. Me sinto meio mal pelo Kolyada, que meio que matou as chances de ouro da Rússia com sua oitava posição.
Felizmente, os eventos seguintes foram bem melhores e nos fizeram esquecer dos homens. Destaque para Marchei/Hotarek, que fizeram um programa livre empolgante e limpo (feito que repetiram na competição individual) e para a Mirai, que finalmente acertou o triple axel no maior palco de todos! E ainda acertou todo o resto do programa e ficou em segundo no programa livre! Não gosto tanto da patinação dela, mas ela é uma das minhas favoritas sentimentais (assim como de meio mundo), e esse foi um dos momentos mais emocionantes das Olimpíadas para mim. O evento de times também me fez apreciar mais algumas danças livres, como as de Virtue/Moir e dos Shibutani, que até então estavam na zona indefinida do não sei se gosto ou se desgosto.
Fiquei muito, muito feliz com a vitória do Canadá. É um grupo formado principalmente por veteranos que provavelmente vão se aposentar agora, portanto foi emocionante ver a vitória deles, que marcou o fim de uma geração. Também gostei de ver que tanto o Canadá quanto a Itália levaram o evento a sério e não pouparam os melhores atletas, estratégia que deu certo para o Canadá, mas não foi o suficiente para a Itália. Espero que daqui a quatro anos tenhamos novos países no pódio, porque ver sempre os mesmos medalhistas é meio chato.
Pares
Talvez o evento de pares tenha sido o meu preferido de todos! O programa curto teve uma sequência de boas performances, um monte de gente batendo suas melhores pontuações e muitos patinadores felizes. A tristeza foi que Peng/Jin erraram um salto e não conseguiram se classificar para o programa livre, o que foi um tanto inesperado :(. A dupla australiana também não se classificou, mesmo com uma boa performance. ISU, tá na hora de aumentar as vagas dos pares!
Fiquei super feliz com as apresentações de Ryom/Kim. Depois de todo o vai-não-vai do governo norte-coreano, foi ótimo ver a dupla com dois programas fortes e com o apoio da plateia. Espero que eles continuem evoluindo e possam participar de mais competições nas próximas temporadas. Também fiquei feliz com as boas apresentações de Seguin/Bilodeau (dois dos meus programas preferidos da temporada!). Como nem tudo são flores, fiquei triste pelo programa livre de Yu/Zhang. Foi doloroso assistir todas as quedas e erros depois de um SP tão bom.
Quanto aos medalhistas, Duhamel/Radford não são meus favoritos, mas achei a medalha de bronze muito merecida, coroando a longa carreira deles. Meus preferidos são Sui/Han, que chegaram meio como favoritos, mas acabaram ficando com a prata devido a alguns errinhos no programa livre. O consolo é que eles ainda são jovens e tem muito tempo de patinação à frente, com uma Olimpíada em casa daqui a quatro anos. (Meu consolo pessoal é que os programas deles não são meus favoritos. Acho os dois um pouco genéricos. Se fossem os programas da temporada passada, eu provavelmente ficaria mais triste com a derrota.)
Achei que o ouro estava fora de alcance para Savchenko/Massot depois do programa curto, em que ficaram na quarta posição, mas a dupla veio com tudo e entregou o melhor programa livre da vida deles. A Aliona finalmente conquistou o sonhado ouro em sua quinta olimpíada e a reação dos dois depois da apresentação e ao saber os resultados foi bem emocional (foi o único momento em que realmente senti vontade de chorar durante as Olimpíadas). Adoro os programas deles, mesmo um sendo repeteco, adoro o twist altíssimo deles, e espero que eles continuem competindo por mais um tempo.
Masculino
A competição de pares me deixou em uma euforia boa durante um tempo, mas logo depois veio a competição dos homens, que me deixou anestesiada pelos nervos. Eu achava que estava bem de boas antes do evento começar, mas quando chegam os últimos grupos o coração dá uma disparada e eu não consigo aproveitar as apresentações como deveria. Não sei se foi por isso, ou se foi por não gostar tanto assim dos programas dos medalhistas, ou por ter expectativas altas demais, mas não fiquei emocionada nem muito animada com os medalhistas como esperava, mesmo sendo em parte o meu pódio dos sonhos e todos terem patinado relativamente bem.
Fiquei satisfeita com o desempenho do Yuzuru depois de uma lesão tão séria, fiquei feliz que o Shoma tenha lidado bem com a pressão olímpica que ele nem sentiu, fiquei contente pelo Javier finalmente ter uma medalha olímpica e fiquei impressionada com o desempenho do Boyang, mas esperava sentir as coisas mais intensamente. Acho que estou meio como o Shoma, que esperava sentir a magia das Olimpíadas e no final percebeu que essa é apenas mais uma competição. Só sei que ver o pessoal surtando de felicidade no Twitter e fóruns me fez me sentir um tanto deslocada. Quem sabe se eu rever a competição mais tarde, eu consigo apreciar mais. De qualquer jeito, foi uma boa competição, com certeza muito melhor do que Sochi, num nível próximo ao do mundial passado, talvez.
Quanto aos outros competidores: triste pelos Julian Yee não ter se classificado para o programa livre, mas feliz por ele ter tido um bom desempenho. Triste pelo Denis Ten também não ter se classificado. Sempre espero que ele surja das cinzas e seja um medalhista surpresa, mas dessa vez não deu. Triste pelo programa curto do Nathan Chen, feliz por ele ter tido sua redenção no programa livre (mas eu gostava mais dos programas no começo da temporada; eles foram perdendo a magia).
Patinadores que conseguiram me tirar da letargia: Adam Rippon, que ainda tem o meu programa livre masculino preferido da temporada, e Keegan Messing, que sempre me deixa tranquila e feliz, com seus pés rápidos e coreografia animada. É estranho pensar que só o descobri nesta temporada, sendo que ele não é nada novinho.
Ice dance
Não tenho muito a dizer da dança curta além de:
- 3 Despacitos no mesmo grupo .-.
- Pobre Gabriella. Eu sabia que essa roupa não era uma boa escolha... Eu estava torcendo por V/M, mas saber que P/C possivelmente perderam por causa da distração com a roupa é triste.
Quanto à dança livre, tenho uma confissão a fazer: V/M me fizeram quase gostar de Moulin Rouge. As músicas são exageradas e bregas e o programa ainda me parece meio desconjuntado, mas V/M vendem o drama tão bem que eu me deixei arrebatar um pouco. Foi interessante ver que o público estava torcendo bastante por eles, imagino que competir no evento de times jogou em seu favor nesse quesito.
O programa de Papadakis/Cizeron é lindo, mas não conseguiu me conquistar como alguns programas antigos deles. Eles sabem como criar algo etéreo e sublime, mas talvez eu tenha enjoado um pouco desse estilo. Quero algo modernoso e bem francês no futuro, por favor.
A apresentação dos Shibutani foi muito boa, fico feliz que eles tenham deixados os erros no passado. Triste pelos erros de Hubbell/Donohue, que achei meio lentos e sem energia, não sei, e de Chock/Bates, aquela queda foi devastadora. Feliz pela performance de Gilles/Poirier, acho que o programa deles finalmente entrou nos eixos.
Feminino
Talvez seja a minha categoria menos favorita no momento, principalmente porque não sou muito fã das duas patinadoras que dominam a cena atualmente. O curioso é que nessa temporada assistimos ao fenômeno de ver um monte de gente que adorava criticar a Evgenia nas temporadas anteriores devastada pela derrota dela. Eu entendo, a gente vê as Olimpíadas como o ápice da carreira de alguém e deseja que seja um prêmio pelo “conjunto da obra”. É meio triste ver alguém que dominou as competições por duas temporadas ser derrotada pela novata bem na competição mais importante, e eu também estava mais a favor da Evgenia do que da Alina, mas depois de ver as performances, não vejo tanta diferença entre as duas. Sou má e espero que as duas sejam destronadas logo (e não por outra Eteri lady, por favor!).
Como não ligo para as medalhistas de ouro e de prata, resta ficar feliz porque a Kaetlyn Osmond finalmente fez duas apresentações relativamente limpas e ganhou o bronze! Depois de muita inconsistência com o programa livre, foi um alívio vê-la acertar bem nas Olimpíadas.
Depois do evento de times, em que a Kaori Sakamoto estava meio tensa e a Satoko Miyahara recebeu URs, não esperava coisas muito boas para elas, mas elas patinaram muito bem e acabaram na 6ª e 4ª posição, respectivamente, o que não é nada mal. Depois da apresentação da Satoko, eu fiquei na esperança de um bronze, mas tudo bem, também não queria que a Kaetlyn flopasse.
A tristeza ficou por conta do programa livre da Gabrielle Daleman. Foi duro ver tantos erros, principalmente depois de boas apresentações no nacional e no evento de times. Também fiquei meio triste por causa da Mirai, que não conseguiu acertar os triple axels depois do evento de times, mas pelo menos ela não foi um desastre.
Parabéns para as coreanas, que patinaram muito bem mesmo com a pressão de serem as atletas da casa. E parabéns para a Isadora Williams por ter patinado um ótimo programa curto e ter se classificado para o longo! Eu gostei bastante da parte artística dela, pena que no longo ela não foi tão bem.
Outros
Scott tem as melhores reações |
- A gala em si não teve nada de muito especial, mas os ensaios tiveram muitos momentos fofos e divertidos. Destaque para os patinadores competindo na patinação de velocidade e no bobsled (eu sempre rio desse vídeo) e fazendo o desafio de patinar entre as garrafas. Devemos esses momentos ao Misha Ge, então obrigada, Misha!
- Feliz em ver Yuzuru e Shoma reunidos depois de tanto tempo. Mas não teve a piada do casamento no pódio, o que me deixou chateada. Será que é o fim dessa tão bela tradição?
- Não conheço muito bem os esportes de inverno e acho a maioria meio chata, mas gostei bastante de ver as competições de snowboarding, principalmente o slopestyle. Sei que meu hype não vai durar, mas estou curiosa para assistir outras competições.
- Os fãs de patinação não recebem muito bem toda a atenção que a patinação ganha durante essa época, porque chega muita gente desinformada com opiniões babacas, mas eu acho interessante ver como a patinação consegue atrair o público uma vez a cada quatro anos. Fiquei particularmente feliz ao ver a popularidade da ice dance. Espero que alguns fãs novos fiquem e acompanhem as próximas temporadas.
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Para concluir, essa Olimpíada foi bem satisfatória, o que é algo que não acontece com tanta frequência, e apesar de eu ter assistido boa parte dela com um distanciamento emocional meio inesperado, relembrar tudo o que aconteceu está me deixando animada e no hype para as próximas competições e para a próxima temporada!