Hora de comentar sobre essa competição cheia de emoções que, apesar das decepções, acabou de maneira bem positiva, pelo menos para mim e para alguns dos meus patinadores preferidos.
Feminino
Vamos começar pela parte que eu preferiria esquecer. No mundial de 2016, a categoria feminina foi provavelmente a com apresentações mais fortes e consistentes, já em 2017 as patinadoras não tiveram resultados tão satisfatórios assim. Os programas curtos ainda foram decentes, sem nenhum grande desastre, mas no programa livre as coisas começaram a degringolar. Apesar disso, as medalhistas tiveram boas performances, então parabéns para elas!
A vitória da Evgenia Medvedeva já era prevista, mas fiquei feliz em vê-la acompanhada pela Kaetlyn Osmond e pela Gabrielle Daleman, pois é sempre bom ver gente nova no pódio (e adorei ver a alegria da Daleman ao ver que tinha garantido uma medalha).
Fiquei bem triste pelo desastre da Anna Pogorilaya, que teve uma temporada forte e demonstrou confiança e consistência até chegar o programa livre e cair várias vezes. Foi o contrário da temporada anterior, em que ela foi inconsistente o ano inteiro para ser excelente no mundial.
Também fiquei triste com as japonesas e a perda de uma vaga para a temporada que vem (elas tinham três vagas para as Olimpíadas e o mundial, mas agora terão apenas duas, longe de ser suficiente para todas as patinadoras talentosas do Japão). Com a lesão da Satoko Miyahara todos sabiam que a conquista das vagas seria mais difícil que o normal, mas mesmo assim fiquei chateada que não deu. O erro da Mai Mihara, que costuma ser muito consistente, no curto foi uma pena. Pelo menos ela conseguiu se redimir no programa livre e ficou em quinto no final, nada mal para seu primeiro mundial.
Agora o que me chateou mais foram as notas que a Wakaba Higuchi recebeu no programa curto. Ela apresentou um programa limpo, com bons saltos, boa interpretação e boa coreografia (ok, sou leiga, mas não sou a única que pensa assim, a Tatiana Tarasova concorda comigo!) e mesmo assim ficou em nono. Realmente não entendo por que a nota artística dela foi tão baixa e isso me deixa meio frustrada porque sou uma pessoa pessimista que acha que ela está condenada a receber notas baixas (sinto o mesmo no caso da Zijun Li, que é ainda mais brutal e bastante suspeito depois de todo o drama pré-mundial, com a federação chinesa mudando toda hora a lista de participantes da competição e as frases enigmáticas da Zijun nas redes sociais).
Preferidas no programa longo: nenhuma se destacou o suficiente para ser citada aqui. :(
Pares
Pares sempre foi a categoria que menos me interessa, mesmo com a grande evolução técnica recentemente. No entanto, nessa temporada gostei de várias das coreografias e da variedade de programas que os patinadores mostraram e, desde o Campeonato Europeu, passei a acompanhar com mais interesse. As últimas competições foram especialmente boas, com bons desempenhos mesmo dos pares mais fracos.
Esse mundial foi particularmente especial pela vitória de Sui/Han, depois de duas pratas nos mundiais anteriores e um longo tempo fora do gelo devido à cirurgia da Sui. Os dois programas demonstram bastante maturidade além da excelência técnica. O programa curto é um dos meus preferidos da temporada. Quando soube que eles iam patinar ao som de Blues for Klook, torci o nariz porque essa música para mim é do
Daisuke Takahashi, mas eles conseguiram dar vida própria ao programa e transformá-lo em algo especial.
Também fiquei contente com a conquista da prata por Savchenko/Massot. Adoro os dois programas deles e achei que o programa longo foi particularmente bem interpretado por eles nessa competição.
As surpresas da competição provavelmente foram o mal desempenho de Stolbova/Klimov no programa curto (felizmente eles conseguiram se recuperar um pouco no programa longo) e de Duhamel/Radford (mas ele estava lesionado, então isso talvez já fosse meio esperado).
Uma pena que James/Cipres não conseguiram repetir o desempenho do Campeonato Europeu. Adoro os programas deles e acho o relacionamento deles interessante, haha. Mal posso esperar para ver o que eles trarão para a temporada que vem!
Preferidos no programa curto: Sui/Han,
Savchenko/Massot,
Seguin/Bilodeau,
Ryom/Kim
Preferidos no programa longo: Savchenko/Massot,
Stolbova/Klimov
Dança
A dança é uma das minhas categorias preferidas. Mesmo quando eu não tenho favoritos, acabo me encantando com uma apresentação aqui e ali e torcendo por alguma dupla que até então eu não conhecia. Infelizmente, nessa temporada pouquíssimos programas me conquistaram e passei um bom tempo esperando o momento em que tudo finalmente faria sentido e que eu me apaixonaria pela performance de algumas das duplas de que gosto, como aconteceu no mundial do ano passado com Papadakis/Cizeron. Mas esse momento não veio.
Não sei se é porque a dança curta exigia ritmos mais animados (blues/hip-hop/swing) que muitas duplas optaram por programas longos mais suaves, o que gerou uma sequência de programas bonitos, mas sem graça, especialmente os do top 3. Amei o programa dos Shibs na temporada passada, achei o desta temporada genérico. Fiquei emocionada com o programa de Papadakis/Cizeron no mundial passado, mas o programa atual não me provoca nenhuma emoção. Até gosto do início do programa de Virtue/Moir, mas quando começa a parte cantada eu não consigo não resmungar internamente. Por outro lado, amo, amo, amo o programa curto de Virtue/Moir. Os passos iniciais e a primeira sequência de passos são super rápidos, precisos e cheios de energia.
Por sorte, Gilles/Poirier existem, com toda sua esquisitice e criatividade. O programa curto deles é bem divertido e animado, bastante kitsch, mas eu gosto. E o longo, um tango, é ótimo. Depois do Skate Canada, em que eles derrotaram Capellini/Lanotte, achei que eles só evoluiriam e conseguiriam subir algumas posições durante a temporada, mas infelizmente não deu. Ainda assim, foram ótimas apresentações.
Confesso que não entendo nada sobre a parte técnica dessa categoria, então as pontuações imprevisíveis, principalmente no programa curto, me deixaram bastante confusa. Sei que na dança o que mais pesa é o nível de cada elemento, mas não tenho a capacidade de avaliar essas coisas, então só fiquei perdida ao ver os Shibs indo relativamente mal e Hubell/Donohue indo tão bem. Também fiquei surpresa com alguns erros atípicos de algumas das duplas principais. Ou seja, essa não foi uma competição tão empolgante de assistir.
Preferidos no programa curto: Virtue/Moir,
Gilles/Poirier
Preferidos no programa longo: Gilles/Poirier,
Smart/Diaz,
Nazarova/Nikitin
Masculino
As pessoas sempre brincam que quando as mulheres vão mal, os homens vão bem e vice-versa, e foi isso o que aconteceu aqui.
No programa curto, boa parte dos patinadores dos dois últimos grupos teve seu melhor desempenho de toda a temporada e foi muito empolgante acompanhar programa limpo após programa limpo. Fiquei feliz por ver o Denis Ten com uma boa performance, mesmo que o programa seja horrível e estranho (o que é aquele Quebra-nozes no meio da música?), me surpreendi como sempre com a qualidade dos saltos do Boyang e fiquei um pouco preocupada com o erro do Yuzuru, mas ele errou com estilo, haha, e no final isso talvez tenha sido bom psicologicamente para ele.
O top 3 patinou excelentemente e ultrapassou os 100 pontos. Acho que já comentei aqui várias vezes que odiava o Patrick, mas agora gosto dele. Adoro a leveza e a fluidez dele, e foi bom ver que um programa tecnicamente não tão difícil ainda pode atingir grandes pontuações. O Shoma é o meu favorito e fiquei morrendo de nervosismo por ele, mas no final eu não precisava ter ficado tão nervosa, porque ele foi excelente e fez sua melhor pontuação. E o Javi, bem, não gosto muito dele, mas ele fez uma apresentação magnífica e os saltos dele são muito bons quando ele acerta. Ainda acho a nota artística dele meio inflada comparada à do Patrick, mas tudo bem.
O programa longo não foi tão limpo no geral, mas teve apresentações marcantes e rendeu o meu pódio favorito da temporada. Infelizmente dormi demais e perdi a primeira metade dos patinadores, então não tenho muito a comentar sobre os primeiros grupos além de: Misha, vou sentir sua falta se você realmente se aposentar.
Quanto aos três medalhistas, Yuzuru bateu o próprio recorde, finalmente conquistou um novo título mundial e derrotou seu inimigo: a combinação do quádruplo salchow. O programa dele não é o meu favorito, por mais que eu tenha me apegado à música (acho que prefiro o Yuzuru com programas mais épicos/dramáticos, porque quando ele patina músicas mais delicadas eu não sinto tanto a interpretação dele), mas é inegável que quando ele patina bem ele é o melhor.
O Shoma conseguiu sua melhor pontuação e terminou em segundo com apenas dois pontos atrás do Yuzuru. Não foi uma apresentação perfeita, mas ele acertou o quádruplo loop, que ele costuma errar, conseguiu fazer todos os combos, escolheu a roupa certa e manteve a intensidade de costume. Sou uma fã que não confia muito nos meus favoritos, então que bom que ele mostrou que eu estava errada e teve sua melhor apresentação até o momento, nos dois programas.
E ele terminou o mundial com um sorriso!
Já o Boyang não tem um estilo que me agrada tanto, mas ele é tão divertido fora do gelo que fico muito feliz com a medalha dele. Só fico chateada que ele disse que vai manter os dois programas na temporada que vem. Os programas funcionam bem e combinam com a personalidade dele, mas não têm nada de muito especial para eu querer ver eles de novo (não gosto quando repetem programas).
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Casamento no mundial. Que lindo! |
Esse pódio foi quase o meu pódio dos sonhos e me deixou animada pelos dias seguintes, me fazendo ignorar as coisas ruins que também aconteceram no mundial. Para melhorar, esse mundial ainda gerou uma enorme quantidade de fotos, entrevistas e momentos divertidíssimos para nós, fãs. Quando você acha que agora vai ter tempo para fazer outras coisas agora que o mundial acabou, surge uma nova entrevista que você precisa assistir, mesmo sendo em japonês, língua que você não fala.
Meus momentos favoritos foram a
entrevista com perguntas das fãs na cerimônia de premiação da medalha pequena (ok, esse termo ficou estranho em português), que teve momentos hilários e muito fofos (Misha intérprete! Shoma gosta de anime! Yuzuru não foi convidado para jogar videogame com Shoma e Keiji!) e
essa foto do Yuzuru e do Shoma comendo ajoelhados na cozinha (?). Esse mundial gerou momentos de interação entre Yuzuru e Shoma suficientes para eu ficar lembrando de uma coisa aqui e outra lá e ficar rindo sozinha. Adoro esses dois! Sim, sou muito fangirl, hahaha.
Preferidos no programa curto: Shoma Uno,
Patrick Chan,
Mikhail Kolyada
Preferidos no programa longo: Shoma Uno,
Yuzuru Hanyu,
Misha Ge
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Concluindo, foi um mundial cheio de altos e baixos, mas para mim os altos superaram os baixos. A próxima temporada é a olímpica, o que significa que haverá muito mais tensão, muito mais gente vai prestar atenção no esporte, mesmo que por apenas uma semana, e que teremos muitos programas com músicas batidas (e La La Land). Mal posso esperar.
Notas adicionais: minha irmã passou a se interessar mais por patinação e chegou até ao ponto de acordar cedo para assistir às competições e ver longos vídeos com entrevistas que não entendemos. Obrigada por me acompanhar nessa jornada!