Título: As coisas: uma história dos anos sessenta
Título original: Les choses
Autor: Georges Perec
Tradutora: Rosa Freire d'Aguiar
Editora: Companhia das Letras
Jérôme e Sylvie desejam ser ricos. Querem ter um apartamento bonito e amplo, com decoração caprichada e mobília cara. Em vez disso, têm que se contentar com um apartamento apertado, que eles enchem de objetos que ameaçam soterrá-los. Acomodados em um emprego que não paga muito, mas que lhes dá liberdade na rotina, o casal vive o dilema de abrir mão desse descompromisso em troca de uma carreira que lhes dê mais dinheiro ou continuar vivendo a vidinha preguiçosa de sempre e continuar apenas namorando as vitrines. Explorando a fascinação que os objetos exercem sobre nós, Perec narra a trajetória desse casal de classe média durante os anos sessenta.
Perec é um escritor bastante conhecido pelo experimentalismo, o que me deixou com o pé atrás e fez este livro ficar na estante por muito tempo até eu ter coragem de lê-lo, mas As coisas acabou se revelando mais agradável do que eu esperava. Apesar de bastante descritivo quando se trata de objetos e não tanto quando se trata de pessoas e ações, o livro segue uma narrativa clara, e a escrita de Perec, com todas as suas minúcias e observações bem colocadas, é muito gostosa de ler. É muito fácil se identificar com os protagonistas em seus desejos e indecisões, pois todos nós vivemos nessa mesma sociedade consumista, tomados pela vontade de possuir coisas.
Como As coisas foi um dos primeiros livros do autor, talvez ele não seja o mais representativo do estilo de Perec. No entanto, talvez ele seja o ideal para leitores mais medrosos, como eu, para um primeiro contato com sua obra.
Livro lido para o Desafio Volta ao Mundo de junho, representando a França.
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