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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Balanço de leituras: desafios literários

Em 2015 me comprometi a participar de três desafios literários, mas acabei desistindo de dois deles. Do Desafio Literário do Tigre, em sua segunda edição, desisti porque a própria criadora desistiu. Pensei em continuar lendo os livros planejados, mas fiquei com preguiça. Já o meu desafio autoimposto de ler livros mais diversos foi esquecido por mim, mas pelo menos cumpri a maioria das categorias sem planejamento. Acho que só não li livros de autor negro, nem com protagonista idoso ou deficiente, pelo que eu me lembre (preguiça de pesquisar).

O Desafio Literário Skoob foi um sucesso e consegui me ater a quase todas as minhas escolhas do início do ano, o que nem sempre acontece. O desafio foi ótimo para ler livros que amargavam há tempos na fila de leituras.

Os livros que li em cada tema:

Janeiro - Novinho em folha
Naufrágios - Akira Yoshimura

Fevereiro - Livros de fantasia
Os pequeninos Borrowers - Mary Norton
Krabat - Otfried Preußler

Março - Escritoras com A maiúsculo
A lista negra - Jennifer Brown
A esperança - Suzanne Collins
Morte no Nilo - Agatha Christie
Culpados - Kate Chopin
The Book of a Thousand Days - Shannon Hale
Grande irmão - Lionel Shriver

Abril - Pega na mentira!
O talentoso Ripley - Patricia Highsmith

Maio - Língua mãe
Nada dramática - Dayse Dantas

Junho - Casais
O mundo pós-aniversário - Lionel Shriver

Julho - Inverno
Sanshiro - Natsume Soseki
O boneco de neve - Jo Nesbø

Agosto - Folclore e mitologia
Novas aventuras de Askeladden

Setembro - Livros banidos
The Chocolate War - Robert Cormier

Outubro - Terror
A outra volta do parafuso - Henry James
Nosferatu - Joe Hill

Novembro - Finados
Morte e vida de Charlie St. Cloud - Ben Sherwood

Dezembro - Livros ganhadores de prêmios
O Buda no sótão - Julie Otsuka

E o grande Randomicidades Aleatórias Awards desse Desafio Skoob 2015:

Melhores livros: Sanshiro, The Chocolate War, O Buda no sótão, O mundo pós-aniversário.

Pior livro: Morte e vida de Charlie St. Cloud.

Surpresa: Nada dramática (já esperava gostar, mas gostei mais do que esperava).

Decepções: A outra volta do parafuso, O talentoso Ripley. Foram leituras meio enfadonhas.

Mixed feelings: Morte e vida de Charlie St. Cloud. A história tem um monte de elementos que me desagradaram, mas eu não conseguia parar de ler.

O Desafio Skoob terá uma nova edição em 2016 e provavelmente vou participar de maneira mais desapegada. Ainda estou indecisa em relação a outros desafios, porque esse será meu sexto ano (!) participando de desafios do gênero e não encontrei nenhum com temas muito interessantes/novos.

E vocês? Vão participar de algum desafio ou projeto literário em 2016? 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Livro: O Buda no sótão

Título: O Buda no sótão
Título original: The Buddha in the attic
Autora: Julie Otsuka
Tradutora: Lilian Jenkino
Editora: Grua

No começo ficávamos constantemente pensando neles. Por que montavam os cavalos do lado esquerdo e não do direito? Como eles conseguiam diferenciar um dos outros? Por que é que estavam sempre gritando? Por que motivo penduravam pratos nas paredes em vez de quadros? E aquelas fechaduras em todas as portas? E os sapatos dentro de casa? Sobre o que conversavam tarde da noite antes de pegar no sono? Com o que eles sonhavam? Para quem rezavam? Quantos deuses será que eles tinham? Era verdade que enxergavam a figura de um homem na lua, e não a de um coelho? E que comiam carne de vaca nos funerais? E que bebiam o leite das vacas? E aquele cheiro? O que seria? "Fedor de manteiga", explicaram nossos maridos. (p. 31)

O Buda no sótão usa a primeira pessoa do plural para narrar a experiência das diversas mulheres japonesas que imigraram para os Estados Unidos na década de 1910. Com casamentos arranjados por casamenteiras e falsas promessas dos futuros maridos, elas atravessam o oceano, deixando a vida que conheciam para trás, para se deparar com a dureza de viver em um novo país. O livro acompanha essas mulheres em seus novos relacionamentos com os maridos que não conheciam, no trabalho árduo e interminável, no contato com os brancos, no nascimento dos filhos, até a deportação da comunidade japonesa para os campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

O livro não tem ação quase nenhuma, não se apega a personagens individuais e segue uma estrutura repetitiva para retratar a vida dessas mulheres, o que poderia torná-lo entediante e sem graça, mas a escrita poética da autora dá vida a essas vozes de uma maneira muito bonita e envolvente.

O foco narrativo pouco convencional foi um dos aspectos que fez com que eu me interessasse pela obra inicialmente. É interessante acompanhar uma narrativa pela voz de um grupo e não de indivíduos e, apesar de às vezes eu sentir certa dificuldade em me acostumar com essa voz, achei que a autora soube transmitir bem essa ideia de um coletivo formado por uma miríade de indivíduos e experiências.

Esse foi meu primeiro contato com a obra da Julie Otsuka e fiquei bastante admirada com o talento dela. Já comprei meu exemplar de Quando o imperador era divino, seu romance de estreia, também sobre os nipoamericanos, que parece se aprofundar mais na situação durante a Segunda Guerra.

Por O Buda no Sótão a autora recebeu o prêmio PEN/Faulkner de 2012, que premia o melhor livro norte-americano de ficção do ano.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Morte e vida de Charlie St. Cloud

Título: Morte e vida de Charlie St. Cloud
Título original: The death and life of Charlie St. Cloud
Autor: Ben Sherwood
Tradutor: Ivar Panazzolo Junior
Editora: Novo Conceito

Minha tia me emprestou esse livro faz um tempão e ele ficou empacado na estante. O jeitão de romance emocionante e edificante dele não me atraía nem um pouco e o que mais me motivava a lê-lo eram os antônimos no título, que fazem dele uma opção válida para o 2015 Reading Challenge (desafio que não vou conseguir completar, mas tudo bem).

Esse livro que virou filme e tem um Zac Efron com expressão de enlevo na capa trata de Charlie, um rapaz que perdeu o irmão mais novo em um acidente de carro. O acidente quase matou Charlie também, e essa experiência lhe dá o dom de ver espíritos. Os anos passam e ele leva uma vida tranquila trabalhando em um cemitério, onde se encontra com o espírito do irmão todos os dias após o sol se pôr, cumprindo sua promessa de não abandoná-lo. Eles jogam beisebol e se divertem bastante, mas, preso pela promessa, Charlie deixa de viver parte de sua própria vida e de criar vínculos mais profundos com as outras pessoas, até que conhece Tess, uma mulher corajosa e decidida que pretende navegar ao redor do mundo, e se apaixona.

Apesar de os elementos principais do livro não me atraírem, de os personagens serem bastante insossos e de todo o papo de milagres e mundo espiritual encher o saco, minha leitura foi agradável. As páginas passaram voando mesmo quando quase nada acontecia, e até as partes chatas (trechos sobre barcos... zzzzz) ou as que me faziam revirar os olhos não foram tão insuportáveis quanto eu esperava. Talvez isso se deva às baixíssimas expectativas, até porque minha irmã leu antes e fez um pouco de propaganda negativa, o que sempre ajuda.

Avaliando friamente pós-leitura, achei o livro fraco e esquecível, mas não chato. Ele entretém e é fácil de ler, porém o vínculo entre o casal principal não me convenceu nem um pouco, o que torna a metade final decepcionante. Além disso, não gosto muito de livros com um tom religioso. Ele não chega a ser do tipo pregador, mas vive colocando Deus na boca dos personagens nas pequenas coisas, e eu, em minha realidade de Lígia, a Ateia, simplesmente não compreendo. Ou seja, o livro realmente não é a minha praia, mas pelo menos ele fluiu bem e atualmente é isso o que importa para mim.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Livro: Nosferatu

Título: Nosferatu
Título original: NOS4A2
Autor: Joe Hill
Tradutora: Fernanda Abreu
Editora: Arqueiro

Sinopse: Vic tem um dom especial: com sua bicicleta, ela consegue atravessar uma ponte que a transporta para onde ela quiser. Charlie Manx também tem um dom: seu Rolls-Royce pode transportá-lo para a Terra do Natal, um parque tenebroso para onde ele leva criancinhas e de onde elas nunca mais retornam. Um dia, após uma briga com os pais, Vic sai em busca de encrenca e acaba encontrando Manx. Ela consegue fugir, o tempo passa e ela tenta esquecer suas viagens pela ponte, mas Manx não esqueceu Vic e está atrás de vingança.

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Esse foi o segundo livro que li do Joe Hill e também meu segundo livro para o mês de terror do Desafio Literário Skoob. Apesar de eu ter gostado de A estrada da noite, minha primeira experiência com o autor, terror não é bem o meu gênero preferido, então eu não leria outros livros do Joe Hill se não tivesse ganhado Nosferatu em um sorteio.

O livro é bem compridinho e eu estava com bastante preguiça antes de começá-lo, porque não ando numa boa fase para leituras, mas ele é gostoso de ler e prende bastante o leitor. A narração alterna entre diferentes períodos e locais, com foco em diferentes personagens, o que ajuda a aumentar a nossa curiosidade e construir a tensão e o mistério.

Não esperem um livro de terror TERROR, ele é mais um suspense (A estrada da noite é mais terrorzão mesmo) e só chega a dar um pouco de medo em algumas das cenas mais para o final. Apesar disso, ou graças a isso, eu gostei bastante dele. Os personagens são bem construídos e todo o conceito de mundos imaginários é bastante interessante. Adorei o fato de a Terra do Natal ser tão tétrica, porque eu não gosto muito de natal e muito menos de canções natalinas, então achei adequado que esses elementos mostrassem o seu lado assustador no livro. ;)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Livro: A outra volta do parafuso

Título: A outra volta do parafuso
Título original: The Turn of the Screw
Autor: Henry James
Editora: Penguin / Companhia das Letras
Tradutor: Paulo Henriques Britto

Faz tempo que eu queria ler algo do Henry James. Tenho dois livros dele aqui em casa e ficava adiando a leitura por preguiça ou por medo de não gostar de um autor de quem eu achava que ia gostar. Como sempre, o Desafio Skoob chegou para me fazer finalmente tirar o livro do armário e ver se ele correspondia às minhas expectativas.

Eu já tive contato com essa história por meio de uma versão adaptada para o público juvenil, Os inocentes, mas não lembrava de nada. Apesar disso, o livro é bem conhecido e alguns elementos dele já me eram familiares.

O livro começa com uma reunião de amigos contando histórias. Um deles, então, narra uma história de fantasmas contada a ele por uma amiga, que trabalhou como governanta em uma casa, tomando conta de dois órfãos. No início, a governanta fica encantada com a propriedade onde passa a viver e com as crianças sob sua responsabilidade, mas o surgimento de duas aparições misteriosas desestabiliza a harmonia inicial e a leva a suspeitar da inocência das crianças.

Com esse livro, James cria uma história ambígua, em que não sabemos o que é real e o que é fruto da imaginação da governanta, e que vai além de uma simples história de fantasmas para explorar o psicológico da protagonista.

Apesar de ter gostado de alguns aspectos do livro, como da dúvida constante que paira sobre todos, eu esperava um pouco mais. Achei meio cansativo, e o jeitão de romance gótico não me agrada muito. A protagonista me irritou um pouco em sua adoração pelas crianças e na rapidez com que ela chegava a conclusões em relação aos fantasmas. Também esperava algo um pouco mais assustador, mesmo sabendo que não devia esperar isso.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

The Chocolate War

Título: The Chocolate War
Autor: Robert Cormier
Editora: Knopf

Jerry Renault inicia o ensino médio em um colégio católico e tudo o que deseja é entrar para o time de futebol americano e viver um vida normal após a morte de sua mãe. No entanto, ele vira alvo dos Vigils, a sociedade secreta da escola, que vive propondo desafios aos alunos. O desafio de Renault consiste em se recusar a participar da venda de chocolates anual do colégio para arrecadar dinheiro e é organizada pelo irmão Leon, o mais imprevisível e assustador dos professores. O que no início parece um pequeno ato de rebeldia logo se transforma em algo muito maior, que envolve a escola inteira.

Apesar de bastante famoso nos EUA, esse livro não é muito conhecido aqui no Brasil. Fiquei com vontade de lê-lo devido a uma confusão que fiz com o título. Achei que The Chocolate War tinha inspirado o anime Chocolate Underground e só descobri mais tarde que a única coisa em comum entre os dois é o chocolate mesmo (o anime foi baseado no livro Bootleg, de Alex Shearer). E no final foi bom que eu tenha feito essa confusão, porque The Chocolate War é muito bom!

O livro é bastante intenso, com um clima de tensão que vai se intensificando à medida que o ato de Renault atinge os alunos da escola. O foco narrativo recai sobre diferentes personagens, dos protagonistas a alunos de pouca importância para a trama, revelando a partir de alguns trechos curtos a mentalidade geral dos personagens envolvidos.

Cormier criou personagens bastante desagradáveis e manipuladores e não hesita em mostrar o lado mais cruel e abjeto deles (e da sociedade em geral). Não espere grandes redenções e mensagens positivas ao final. 

The Chocolate War é um dos livros mais banidos nos EUA segundo a American Library Association devido a linguagem obscena, violência e conteúdo sexual. O livro apresenta algumas cenas bastante fortes, mas nada que vá chocar um adolescente. Acho que seria uma ótima obra para ser discutida em sala de aula, e é uma pena que ela ainda não tenha sido publicada no Brasil.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Novas aventuras de Askeladden

Título: Novas aventuras de Askeladden
Organização: Francis Henrik Aubert
Editora: Edusp

Esse livro reúne contos tradicionais noruegueses extraídos da coletânea de P. Ch. Asbjørnsen e J. Moe publicada em meados do século XIX. Com muitos elementos em comum com os de outros contos populares europeus, as histórias também apresentam características bastante norueguesas em seus cenários, relações sociais e na presença de criaturas mitológicas, como os trolls.

O mais interessante de notar ao se ler o livro são as semelhanças e diferenças entre as histórias e alguns contos de fadas clássicos. "Kari Batadepau", por exemplo, tem uma personagem andrajosa que, por magia, vai toda elegante ao baile, conquista o príncipe e parte sem revelar sua identidade, deixando com ele um sapato, o que lembra bastante a história da Cinderela.

Outras histórias não são tão similares a um conto específico, mas apresentam vários arquétipos básicos desse tipo de narrativa, como a presença de objetos mágicos (mesas que dão alimento quando se pede, espadas superpoderosas), animais falantes que ajudam o herói em sua jornada e todas aquelas velhas histórias de reis que desejam algo e oferecem a mão da princesa em casamento e metade do reino ou de três irmãos que vão tentar a sorte no mundo lá fora e apenas o mais novo, mais esperto e/ou bondoso, consegue algo.

É importante lembrar que esses contos são bem antigos e nada politicamente corretos, então alguns momentos das histórias ficam bastante estranhos/cruéis vistos pela nossa perspectiva, como no caso de "A véia contra a corrente", um conto cômico em que um homem afoga a mulher só porque ela era "do contra" ou em "Kari Batadepau", em que Kari casa com o príncipe que a esnobou e tacou coisas nela quando ela era uma reles criada. Os contos não passaram pelo processo de edulcoração da Disney. :P

Essa coletânea é uma leitura bastante proveitosa para quem gosta de contos tradicionais, mas as narrativas são bem repetitivas e poucas delas oferecem algo realmente diferente do que já temos nos contos dos Grimm, Perrault & cia. Esse é o segundo volume de contos noruegueses publicado pela Edusp e creio que o primeiro (Askeladden e outras aventuras) apresente histórias mais "únicas", que não parecem apenas variações de narrativas que já conhecemos (ou das  narrativas do próprio livro). Ou seja, se você ficou curioso, o primeiro volume vale mais a pena.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Boneco de neve

Título: Boneco de neve
Autor: Jo Nesbø
Editora: Record

Sinopse tirada da contracapa: A primeira neve do ano cai sobre Oslo num dia frio de novembro. Birte Becker chega do trabalho e elogia o marido e o filho pelo boneco de neve que fizeram no jardim. Isso os surpreende - não foi feito por nenhum deles. Ao olhar pela janela, o menino nota que a figura branca está voltada para a casa, com os olhos negros voltados para a janela. Para eles.

Quando o inspetor Harry Hole recebe uma carta do autointitulado "Boneco de Neve", não desconfia do tenebroso significado dessa alcunha. Somente após descobrir alarmantes traços em comum entre vários desaparecimentos na Noruega, o policial percebe que está envolvido numa trama muito maior, capaz de testar os limites de sua sanidade.

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Minha ideia original para o Desafio Literário Skoob era ler Neve do Orhan Pamuk, mas a preguiça levou a melhor e preferi recorrer a livros de leitura mais rápida. Meu tio me emprestou Boneco de neve faz um tempo e essa me pareceu a oportunidade perfeita para ler.

Não leio romances policiais com tanta frequência, mas quase sempre que leio fico vidrada na leitura e termino o livro pensando que preciso ler mais do gênero. E acabo não lendo. Com Boneco de neve aconteceu a mesma coisa. A leitura foi envolvente e me deixou sempre na expectativa de descobrir mais sobre a trama. 

Esse é o sétimo livro protagonizado pelo inspetor Harry Hole, mas é independente das outras histórias, e não senti falta de informações anteriores sobre os personagens.

Gostei da escrita do autor, que tem um estilo bem visual. As descrições não me cansaram e ajudaram a criar o clima. Se eu tivesse que criticar algo no livro seria o excesso de reviravoltas, que não são lá muito críveis, e algumas burrices por parte dos investigadores (mas isso é algo realista, não é?), mas isso não me incomodou. Talvez para quem leia muita coisa do gênero o livro seja mais do mesmo, mas para mim foi uma leitura diferente e eu aprovei.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sanshiro

Título: Sanshiro
Autor: Natsume Soseki
Editora: Estação Liberdade

Sanshiro Ogawa deixa sua terra natal rumo a Tóquio para estudar na universidade. Inicialmente animado com sua nova vida, aos poucos ele vai percebendo que a vida na capital e na universidade é diferente do que esperava. Ele logo se torna amigo de figuras como Yojiro, seu colega descontraído e sociável, e o professor Hirota, um homem cheio de filosofices, mas seus modos provincianos sempre o deixam inseguro diante dos outros, principalmente quando se trata da bela Mineko.

Esse é o terceiro livro do Soseki que leio e, depois de uma primeira experiência não tão satisfatória (E depois) e de um livro que adorei (Eu sou um gato), acho que vale a pena apostar no escritor.

Algo em comum entre os três livros é que sempre há personagens intelectuais e altas reflexões sobre a sociedade japonesa da época, literatura, filosofia etc., o que às vezes fica cansativo para leitores ignorantes impacientes como eu. Sanshiro é um livro mais leve nesse aspecto; apesar de termos personagens universitários, professores e artistas, a maior parte da conversa deles se volta para coisas mais mundanas e as filosofias não se prolongam demais.

Apesar de o livro não apresentar um enredo dos mais interessantes, a história realmente me cativou e adorei os personagens. O Sanshiro é um pouco inseguro, bocó e passivo, do tipo que parece só agir por pressão das pessoas à sua volta. Ou seja, é o típico personagem com quem eu consigo me identificar. Os amigos dele são pessoas mais interessantes, excêntricas e divertidas, e eu realmente gostei de acompanhar a vida deles.

Sanshiro pode não ser a obra mais profunda e complexa do autor, mas é uma leitura agradável com personagens cativantes. 

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Lido para o Desafio Literário Skoob. O tema do mês é inverno e fiquei em dúvida se esse livro vale ou não, porque a história não se passa propriamente no inverno, mas a capa remete à estação, e acho que isso basta. Ou não?

sábado, 13 de junho de 2015

O mundo pós-aniversário

Título: O mundo pós-aniversário
Autora: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Tema do Desafio Skoob: casais

Irina McGovern, uma ilustradora americana que vive em Londres, tem um relacionamento estável de quase dez anos com Lawrence, homem inteligente e leal. Apesar de o relacionamento já ter passado faz tempo da fase dos grandes arrebatamentos românticos, os dois se dão muito bem e vivem uma vida confortável e repleta de companheirismo. No entanto, quando Irina sai para um jantar de aniversário com um amigo do casal, Ramsey Acton, jogador profissional de sinuca, ela se vê intensamente atraída por ele e sente o incontrolável impulso de beijá-lo.

A partir desse momento decisivo, o livro se divide em dois cenários diferentes, mostrando as consequências dos atos de Irina ao beijar ou não beijar Ramsey. Em capítulos alternados, a autora explora as possibilidades da protagonista ao optar por manter a estabilidade de seu relacionamento morno, mas seguro e agradável, ou apostar na incerteza de um novo romance com um homem charmoso, passional e instável.

Gostei muito da estrutura do livro; é interessante comparar o desenrolar de acontecimentos que decorrem de uma decisão e os paralelismos entre eles. A divisão me fez lembrar de um livro infantil da minha irmã que tinha páginas divididas para mostrar dois finais possíveis (e fiquei morrendo de curiosidade para ver como seriam os livros escritos e ilustrados pela Irina).

Apesar de o enredo não ser a coisa mais empolgante do mundo e eu às vezes achar a escrita da Lionel meio prolixa/cansativa, o livro conseguiu prender minha atenção e fazer eu me importar com os personagens, que são aqueles tipos bem humanos, cheios de defeitos, meio irritantes às vezes, bastante agradáveis outras vezes, com quem é difícil não se identificar vez ou outra.

Não achei O mundo pós-aniversário tão arrebatador e incômodo quanto Precisamos falar sobre o Kevin (e que livro é?), mas adorei a leitura e recomendo.

Meu problema com os livros da Lionel Shriver: sempre imagino as protagonistas como a Tilda Swinton, mesmo que a descrição não tenha nada a ver!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Nada Dramática

Título: Nada Dramática
Autora: Dayse Dantas
Editora: Gutenberg

Camilla Pinheiro é uma aluna comum do ensino médio que passou a maior parte da adolescência sem se envolver nos dramas típicos da idade. Mas, em seu último ano de escola, com o vestibular cada vez mais próximo, ela não consegue mais escapar e os dramas a atingem com tudo. Contra a vontade, ela se vê envolvida em uma confusão com seu melhor amigo e seus interesses amorosos, começa a gostar de um menino da classe e ajuda colegas em uma revolução escolar. Em meio a uma rotina de estudos puxada, ela ainda arranja tempo para escrever contos sobre a Agente C e suas aventuras em um blog.

Já tinha ouvido falar bastante sobre Nada Dramática como exemplo de um YA brasileiro fácil de se identificar. Não são muito comuns livros sobre a nossa experiência escolar, então fiquei bem empolgada.

O livro não decepcionou nem um pouco. Gostei dos personagens, gostei do estilo de escrita delicioso da Dayse, achei o livro bem divertido e me identifiquei bastante com algumas das situações narradas, principalmente as partes mais voltadas aos estudos, já que tive uma adolescência totalmente sem graça sendo anti-social no meu cantinho. (Também me identifiquei com alguns acontecimentos totalmente aleatórios, como quando a Camilla e os pais estão assistindo a um programa sobre alces violentos.)

Gostei bastante da Camilla como protagonista. Ela é inteligente, divertida e tem umas tiradas ótimas! Os amigos dela também são muito legais e gosto do fato de que não são todos da mesma panelinha.

Se eu fosse apontar um defeito no livro seria o grande número de contos da Agente C. Eles não são ruins e alguns são até bem divertidos, mas durante a leitura eu estava ansiosa demais para saber o que aconteceria com a Camilla e cia. e acabava encarando os contos com certo desânimo.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O talentoso Ripley

Título: O talentoso Ripley
Autora: Patricia Highsmith
Editora: Companhia de Bolso

Tom Ripley, um talentoso manipulador e imitador, vivia de pequenos golpes em Nova York até que surge diante dele uma oportunidade inesperada. Herbert Greenleaf, pai de Rickie, um amigo não muito próximo seu, pede que Tom vá à Itália para convencer o filho a voltar para os Estados Unidos para assumir a empresa da família. Tom vai, satisfeito com as férias pagas, e se aproxima de Rickie, usando de todo o seu poder persuasivo para conquistar a aprovação do jovem, e desenvolve uma amizade obsessiva e um fascínio pelo estilo de vida de Rickie.

Esse livro ficou um pouco aquém das minhas expectativas. Por ser um livro bem famoso e, no geral, bem avaliado, eu esperava que ele fosse um pouquinho mais interessante. No começo julguei que minha falta de interesse no livro se devia à falta de tempo para sentar e ler o quanto eu quisesse de uma vez, e isso se confirmou quando eu finalmente tive mais tempo para ler e comecei a me envolver com a história, mas quando terminei o livro, fiquei levemente decepcionada. E não sei dizer exatamente por quê. Não é um livro ruim, os personagens principais são bem construídos e a trama tem seus momentos de tensão, mas não me marcou.

Me desculpem pela resenha que não diz nada de importante. Não sei muito o que dizer do livro e escrevi só para cumprir a obrigação no Desafio Skoob mesmo. ._.

sábado, 28 de março de 2015

Grande irmão

Título: Grande irmão
Autora: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca

Pandora é uma mulher realizada profissionalmente com uma vida familiar e amorosa satisfatória. Seu irmão mais velho, Edison, é um pianista de jazz cujos dias de glória ficaram no passado. Sem dinheiro nem para pagar o aluguel, ele se hospeda com a irmã por alguns meses. Para a surpresa de Pandora, Edison, que antes era esbelto e elegante, agora pesa 175 quilos. Preocupada com a saúde do irmão, Pandora oferece ajuda e propõe a ele uma dieta radical, colocando o próprio casamento em risco.

Depois de Precisamos falar sobre o Kevin, que foi uma leitura incrível, saí comprando os livros da Lionel Shriver sempre que os via em promoção. Resultado: tenho quatro livros dela, sendo que só um tinha sido lido. Finalmente tirei um pouco do peso na consciência e li mais um livro da autora.

Grande irmão aborda de forma crítica o problema da obesidade, falando tanto do impacto que ela pode ter sobre a saúde quanto do preconceito com que as pessoas gordas são vistas pelos outros, como se a obesidade fosse uma falha moral ou mera falta de força de vontade. A autora também reflete sobre o papel social da alimentação, o que achei muito interessante, pois nunca tinha pensado muito sobre isso.

Apesar de eu ter gostado bastante da leitura, não me envolvi tanto quanto esperava. Talvez isso se deva em parte a eu ter achado alguns personagens meio caricatos/exagerados, principalmente Edison e Fletcher, o marido de Pandora. Também pode ser porque achei que o livro tem um tom um pouco mais "conscientizador" do que eu imaginava, mas isso é esperado, já que a própria Lionel Shiver teve um irmão que morreu em decorrência da obesidade.

O que me interessou mais no livro foi o lado familiar da coisa: a cumplicidade entre os irmãos que dividem um passado comum e gostam de ficar zombando do pai obcecado pela fama, a fragilidade do casamento entre Pandora e Fletcher, o relacionamento entre Pandora e os enteados e as reflexões sobre até que ponto devemos nos sacrificar pela família.

Não acho que o livro chegue perto da intensidade que é Precisamos falar sobre o Kevin, mas também é um livro que não hesita ao tratar de assuntos difíceis e causar incômodo, e esse é seu grande mérito.

segunda-feira, 23 de março de 2015

The Book of a Thousand Days

Título: The Book of a Thousand Days
Autora: Shannon Hale
Editora: Bloomsbury

Dashti, uma jovem mucker (uma espécie de curandeira), é a criada da princesa Saren de Titor's Garden. O que ela não sabia ao aceitar o emprego é que Saren foi condenada pelo pai a passar sete anos presa em uma torre por ter recusado o noivado com Khasar, o líder mais poderoso da região. Como Dashti prometera não abandonar a princesa, ela também é trancafiada na torre. Para passar o tempo, ela registra em seu diário tudo o que acontece com ela, e é através desse diário que ficamos sabendo o que ocorre com as duas durante o período de confinamento e depois.

O livro foi baseado no conto "Maid Maleen" dos irmãos Grimm, do qual eu nunca tinha ouvido falar. Li ele agora bem rapidinho e vi que o livro segue a história do conto com razoável fidelidade, mas com seus próprios acréscimos, adaptações e subversões, afinal, é um livro em que a criada é a protagonista e não a princesa. A autora parece gostar de escrever histórias baseadas em contos de fadas e também tem livros relacionados a "Rapunzel" e "A pastora de gansos", além de séries como The Princess Academy e Ever After High.

The Book of a Thousand Days é desses livros delicinhas de se ler. A escrita da autora é fluida, os diálogos são divertidos e a história, apesar de meio previsível em alguns momentos, é muito interessante. Eu raramente gosto dos protagonistas, mas gostei muito de Dashti, que é uma garota sensata, perspicaz, corajosa e com senso de humor. Por outro lado, às vezes tinha vontade de dar uns tapas na Lady Saren. Eu imaginava que o livro focaria mais na amizade entre as duas, afinal, elas passam anos juntas trancadas em uma torre, mas Lady Saren acabou sendo um peso morto durante a maior parte do tempo e foi meio jogada de escanteio, deixando Dashti agir sozinha.

Essa não foi a leitura mais empolgante e maravilhosa que eu já fiz, mas percebo que agora, alguns dias depois de terminar o livro, sinto um certo carinho por ele, uma coisa meio "awnn", e isso raramente acontece nesses tempos de leitura voraz superprodutiva, portanto acho que foi um livro especial para mim.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Culpados


Título: Culpados
Autora: Kate Chopin
Editora: Horizonte

Em uma das minhas primeiras aulas de literatura na faculdade, lemos um conto da Kate Chopin. Não lembro do que se tratava o conto, mas lembro que gostei bastante e fiquei com vontade de ler outras obras da autora, o que só fiz agora, cerca de cinco anos depois.

Escolhi ler Culpados agora em março, no mês das escritoras do Desafio Literário Skoob, porque é um livro que trata da situação feminina no final do século XIX. A protagonista, Thérèse, é uma mulher que decide administrar sozinha a fazenda do marido na Louisiana após a morte dele. A instalação de uma serraria em sua propriedade traz mudanças para a região e também traz David Hosmer, o administrador, que se apaixona por Thérèse, mas é recusado por ela por ser divorciado.

O livro trata de assuntos pouco abordados na época, como o divórcio e a independência feminina, além de retratar a sociedade crioula da Louisiana, que eu particularmente acho fascinate, com sua mistura de raças e culturas.

Por mais que eu tenha gostado de boa parte do livro, algumas coisas me desagradaram. Não consegui gostar do romance entre Thérèse e Hosmer e da imposição que Thérèse fez a ele em relação ao divórcio. Sei que divórcio era um tabu na época, mas a atitude deles não trouxe felicidade para ninguém e só fez a Fanny sofrer. Algo no estilo da escrita me desagradou; não sei explicar direito o que é, mas ele às vezes parecia meio truncado e não fluia. Talvez seja um problema da tradução ou talvez seja um problema meu, que li muitos livros de leitura rápida em seguida e fiquei mal acostumada.

O livro foi publicado pela Editora Horizonte, que tem essa coleção Mulheres e Letras com uma proposta interessante de publicar apenas escritoras, mas pisou na bola na revisão. Encontrei muitos errinhos, principalmente de vírgulas em lugares indevidos. Em geral não gosto de criticar essas coisas porque eu também trabalho nessa área e sei que todos erram, mas nesse caso eu realmente me incomodei.

A Kate Chopin não é tão conhecida aqui no Brasil, o que é uma pena. Pelo pouco que li, ela foi uma autora a frente de seu tempo e, apesar de eu não ter gostado tanto de Culpados, sua obra posterior , composta principalmente de contos, parece ser fascinante.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Morte no Nilo

Título: Morte no Nilo
Autora: Agatha Christie
Editora: Record

Sempre torci um pouco o nariz para a Agatha Christie porque nenhum livro dela tinha me agradado muito (não que eu tivesse lido muitos). Aí eu me bandeei para o team Conan Doyle, até reler/ler uns livros dele e descobrir que não curti tanto assim. Aí concluí que não gosto muito de romances policias dos mais tradicionais, o que é uma conclusão equivocada, porque gostei bastante de A vingança da Cagliostro do Maurice LeBlanc. Aí li Morte no Nilo e simplesmente não consegui largar até terminar de ler. E aí, finalmente, concluí que, ok, a Agatha é legal, sim.

O que mais me interessou no livro foram os personagens. Como o crime só acontece lá pela página cem, temos bastante interação informal entre os personagens enquanto eles estão lépidos e faceiros em sua viagem ao Egito. Temos a mocinha humilde e bondosa viajando com a prima rica esnobe, a escritora excêntrica decadente e sua filha mal humorada, a mãe e o filho inseparáveis, o jovem comunista (que eu achei muito engraçado) e, claro, o casal de recém casados sendo perseguidos por uma mulher ciumenta. A maioria deles é um tanto exagerada e peculiar, mas isso funcionou bem na história.

O final me surpreendeu, porque eu nunca consigo descobrir quem é o culpado. Tento ler com atenção e voltar atrás para reler trechos, mas nunca chego nem perto de descobrir o criminoso. Isso às vezes é um pouco frustrante, mas também é bom porque eu sempre fico com aquela sensação de "nossa, escritor, como você foi engenhoso!!!".

Morte no Nilo foi uma leitura deliciosa e me redespertou a vontade de ler romances policiais. Se você nunca leu Agatha Christie ou, como eu, não gostou muito do que leu dela até aqui, talvez esse seja o livro certo! ;)

Livro lido para o Desafio Literário Skoob, tema: escritoras.

quarta-feira, 11 de março de 2015

A esperança

Título: A esperança
Autora: Suzanne Collins
Editora: Rocco

Li esse livro sem lembrar direito das coisas. Segundo meu bloquinho de leituras, li Jogos Vorazes no final de 2010 e Em chamas no começo de 2014. Muita coisa se embaralhou na minha mente entre essas leituras e a de A esperança, portanto era de se esperar que eu iniciasse o livro meio perdida, sem lembrar direito em que ponto a história parou e sempre tendo que parar para pensar sobre quem é o fulano ou o beltrano. Mas logo isso não importava mais porque eu fui totalmente absorvida por esse livro.

Gosto bastante dos dois primeiros volumes da trilogia, mas toda a coisa da arena sempre me pareceu meio forçada e, apesar de os livros trazerem reflexões muito interessantes e críticas à sociedade, achava eles mais leves do que deveriam ser. Com A esperança foi diferente. Não sei se é porque finalmente temos uma visão mais ampla da sociedade ou se é porque a Katniss estava perdida e arrasada nesse livro, mas o achei bem mais real do que os anteriores. E mais doloroso.

Algumas coisas continuam me desagradando. As cenas de ação não me parecem muito plausíveis, o ritmo é bem irregular e alguns acontecimentos são questionáveis. Outras coisas melhoraram nesse livro em relação aos anteriores: o triângulo amoroso não me incomodou porque pareceu perder parte do peso e, como a Katniss estava mais vulnerável que o normal, achei muito mais fácil gostar dela. Sei que muitos leitores não gostam da personagem nesse livro, mas eu a achei muito mais humana e não consegui não sentir empatia.

Gostei muito do final, e isso é muito importante, porque finais raramente me agradam. Parece que sempre há alguma solução fácil demais ou todos acabam felizes demais ou o final é agridoce mas ainda assim mais feliz do que eu gostaria. Nesse caso, o final realmente me tocou e me fez pensar.

Não sei se A esperança vai me marcar por muito tempo, não sei nem se é um livro que eu releria, mas enquanto eu estava lendo eu adorei.

Livro lido para o Desafio Literário do Tigre (tema: de distopia) e para o Desafio Literário Skoob (tema: escritoras).

quinta-feira, 5 de março de 2015

A lista negra

Título: A lista negra
Autora: Jennifer Brown
Editora: Gutenberg

Ganhei esse livro nas cortesias do Skoob e fiquei muito feliz ao saber que tinha ganhado, porque esse era um livro que eu realmente queria ler (sou dessas que participa de quase todas as cortesias do Skoob, portanto as chances de ganhar um livro pelo qual não tenho tanto interesse são bem maiores). É claro que, mesmo querendo muito ler, ainda deixei o livro juntando pó na estante por mais de um ano. Março se mostrou o mês ideal para eu desencalhá-lo, pois decidi que este será o meu mês de ler mulheres.

A lista negra me chamou atenção a princípio por tratar de um tema que me interessa bastante na ficção: chacinas escolares. O livro é narrado do ponto de vista de Valerie, namorada do garoto que cometeu o crime. Ela e o namorado Nick, vítimas de bullying, criaram uma lista negra com os nomes das pessoas que eles odiavam na escola. O que Valerie não imaginava é que Nick levaria a lista a sério e colocaria em prática o que ela via apenas como uma brincadeira, atirando nos colegas cujos nomes estavam na lista.

Após o incidente, Valerie precisa retornar à escola para terminar seu último ano. Seus antigos amigos já não querem mais saber dela, os colegas a veem com um misto de ressentimento e suspeita e até mesmo seus pais deixaram de confiar nela. É nesse ambiente turbulento que ela tenta se ajustar e finalmente seguir em frente com sua vida.

O livro mistura a narração do presente, com Valerie voltando à escola, do passado, com o incidente e os dias seguintes, e notícias de jornal com breves relatos sobre as vítimas. Admito que achei que os trechos sobre o incidente em si não foram tão interessantes quanto eu esperava e que a recuperação física e mental de Valerie logo após o crime me pareceu meio maçante. Já o desenvolvimento posterior, com Valerie e os colegas lidando com o trauma na escola, foi bem interessante e me fez ficar grudada na leitura.

Gosto de como a personalidade da maioria dos personagens é desenvolvida. Valerie está longe de ser uma personagem de quem eu gosto, mas é difícil não ficar do lado dela em alguns momentos (principalmente quando ela tem que lidar com pai. Que cara babaca ele é). Também acho que a autora fez um bom trabalho ao mostrar o relacionamento de Valerie e Nick e como a garota via o seu namorado, relembrando bons momentos que eles passaram juntos e reinterpretando coisas que Nick disse anteriormente.

Apesar eu ter achado a leitura mais esquecível do que gostaria, o livro é bom e bem gostoso de ler. Ele trata com delicadeza de um tema complicado, sem demonizar nenhum dos lados envolvidos, e traz reflexões importantes. Para os mais sensíveis, dá para se emocionar bastante, mas a verdade é que eu esperava algo mais impactante, considerando o tema abordado.

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Livro lido para o Desafio Literário Skoob (escritoras) e para o Desafio Literário do Tigre (da sua fila de leitura).

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Essa resenha inaugurou o meu mês de ler mulheres! Decidi ler apenas autoras em março e tentar resenhar todas as leituras. Fiz uma breve seleção na minha estante e decidi ler os seguintes livros:


Não sei se vou conseguir ler todos eles, mais os que eu pegar na biblioteca, mas vou tentar!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Krabat

Título: Krabat
Autor: Otfried Preußler
Editora: HarperCollins

Krabat é um jovem pobre que vive vagando de vila em vila, pedindo esmola, até que um sonho misterioso o convoca a um moinho, onde ele se emprega como aprendiz. O que ele não sabia é que esse moinho na verdade é uma escola de magia das trevas. A comida é boa, ele tem um teto sob o qual dormir e aprender magia tem muitas vantages, mas coisas estranhas acontecem e ele precisa usar todas as suas habilidades para descobrir como acabar com aquilo.

Conheci a obra do Otfried Preußler por dois livros que li quando era criança: O menino das águas e A pequena bruxa. Esses dois livros são bonitinhos e bem infantis (pelo que me lembro), já Krabat é um pouco mais pesado e sombrio. Para vocês terem uma ideia, algumas edições em inglês têm o título The satanic mill (O moinho satânico), e aí eu fico me perguntando: que mãe/pai daria um livro com esse título para o filho??? Hahaha.

A magia tem papel importante na história, mas não esperem algo como um Harry Potter das trevas. Temos pouco acesso às aulas de magia de Krabat e seus companheiros, e elas consistem basicamente na decoreba de fórmulas mágicas. Na maior parte do tempo, o que vemos é o trabalho de Krabat no moinho, trabalho braçal mesmo, com um eventual acontecimento funesto.

O desenvolvimento da história é meio lento. O livro acompanha três anos da vida de Krabat no moinho, então temos uma repetição de ciclos sazonais que me lembrou bastante o livro Naufrágios, por focar bastante no trabalho. No início eu me impacientei pela lerdeza/falta de interesse de Krabat nos mistérios do moinho, além de sentir falta de um maior desenvolvimento dos personagens e dos relacionamentos entre eles, mas mais para o final o livro melhora bastante.

Krabat tem um tom de conto folclórico/conto de fadas antigo que muito me agrada, mas achei que, para esse tipo de história, o livro se estende demais. Por algum motivo, não sei se pela tradução para o inglês, estranhei o estilo da escrita, que me pareceu seco, mas nada que incomode demais. O livro foi publicado aqui no Brasil pela Martins Fontes, e talvez ler em português fosse melhor.

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Consegui o livro em e-book graças a minha irmã, que tem conta no NetGalley, um site que oferece legalmente e-books ainda não publicados para avaliação. Na maioria dos casos você precisa ser aprovado para receber o e-book, mas há alguns e-books disponíveis para download imediato e dá para encontrar coisas legais entre eles. Se você tem e-reader, vale a pena ;).

Livro lido para o Desafio Literário Skoob, tema fantasia.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Os pequeninos Borrowers

Título: Os pequeninos Borrowers
Autora: Mary Norton
Editora: Martins Fontes
Título original: The Complete Borrowers

Você já se perguntou onde vão parar todas as miudezas que somem pela casa? Tocos de lápis, tampas de caneta, agulhas, alfinetes, clipes... É como se eles desaparecem ou fossem transportados para um outro universo. Mas na verdade esses objetos vão parar nas mãos dos Borrowers, pequenas criaturas que habitam residências humanas e vivem ocultas sob o piso, em reentrâncias da parede ou em algum móvel abandonado. Com cerca de quinze centímetros de altura, eles se sustentam graças a objetos e alimentos dos humanos que pegam "emprestados" (não que um dia pretendam devolver). Medrosos e furtivos, o pior que pode acontecer com um Borrower é ser visto pelos humanos, pois, caso isso ocorra, eles terão de se mudar para fugir da ameaça que os "seres mundanos" representam.

Durante cinco volumes e um conto, reunidos nessa edição da Martins Fontes, acompanhamos uma família de Borrowers, o casal Pod e Homily e a filha Arrietty. Eles levam uma vidinha confortável sob o piso da cozinha de um casarão antigo. Pod é ótimo em pegar emprestado e em criar móveis e utensílios para a casa, Homily é medrosa e apegada ao lar, e Arrietty é uma menina curiosa e cheia de energia. Como filha única, Arrietty precisa aprender a pegar emprestado e vê esse treino como uma oportunidade para finalmente explorar o exterior de sua casa. Empolgada com o mundo lá fora e fascinada pelos humanos, a garota acaba agindo de maneira descuidada, o que traz consequências desastrosas para sua família e os impele para a aventura no grande mundo externo.

O principal charme do livro são as descrições dos ambientes criados pelos Borrowers e o uso criativo que eles fazem dos objetos coletados: bolotas de carvalho viram bules, páginas de livro viram papel de parede, selos viram quadros, agulhas viram equipamento de escalada, faqueiros viram barcos. A autora soube como criar um universo em miniatura plausível e nos fazer enxergar o mundo pelos olhos dos Borrowers. Além da atenção ao detalhe, Mary Norton escreve de maneira muito agradável de se ler, que me lembra em alguns momentos, como nas descrições de paisagens, a Frances Hodgson Burnett, autora de O jardim secreto e A princesinha.

Apesar de o livro reunir seis histórias, as cinco primeiras contam uma única história mais ou menos contínua. No início eu pretendia intercalar essa leitura com outras, porque, convenhamos, o livro é um calhamaço, mas não consegui me separar dos Borrowers por muito tempo e a história me acompanhou por muitas noites agradáveis. 

Os pequeninos Borrowers foi adaptado para o cinema pelo estúdio Ghibli, com o título O mundo dos pequeninos. A animação é bem fiel à história do primeiro livro e é adorável como a maioria dos trabalhos do Ghibli. Vejam o trailer:


Assim como O castelo animado, Os pequeninos Borrowers é um livro que eu não conheceria se não fosse pelo estúdio Ghibli. Portanto, além de agradecer ao estúdio pelos ótimos filmes, também tenho que agradecer por me apresentarem a ótimos livros!

Essa leitura vale para o Desafio Literário Skoob (tema: fantasia), o Desafio Literário do Tigre (tema: que virou filme) e o Desafio Literário 21: lendo mais mulheres. É um livro polivalente ;)