Foi assistindo A viagem de Chihiro que me tornei fã do estúdio Ghibli. Depois desse filme passei a assistir aos outros do estúdio sempre que surgia a oportunidade, mas sou uma pessoa lerda para filmes e ainda tenho muitas pendências nessa área, portanto decidi começar esse projeto, que consiste em assistir a todas as animações do estúdio Ghibli em ordem cronológica e comentá-las aqui. Eu já tinha a ideia de fazer algo do tipo faz tempo, mas fui procrastinando e procrastinando, porque é isso que eu faço bem. :P
Vou incluir também os filmes anteriores à origem do estúdio dirigidos pelo Isao Takahata e pelo Hayao Miyazaki. Você pode ver a lista dos filmes
aqui, mas não pretendo segui-la à risca, pois o Ghibli também tem alguns curtas, que pretendo assistir se encontrar.
Para dar o pontapé inicial no projeto, começamos com Horus: o príncipe do sol, filme do qual eu nunca tinha ouvido falar dirigido pelo Takahata!
Horus: o príncipe do sol
Título original: Taiyou no Ouji: Horus no Daibouken
Ano: 1968
Este foi o primeiro filme dirigido pelo Isao Takahata e também contava com o Hayao Miyazaki na equipe de animação, marcando o início dessa parceria duradoura e bem-sucedida. O filme foi importante para a animação japonesa por ser um dos primeiros a começar a se distanciar da fórmula ocidental disneyficada em voga na época e a buscar seu próprio estilo, com temas mais maduros. Mesmo assim, se você estiver acostumado ao estilo atual dos animes, não vai ver muita diferença entre esse filme e os desenhos antigos da Disney. As paisagens, a trilha sonora, os companheiros animais e até alguns números musicais me fizeram lembrar bastante da Disney mais sombria, como na fase "dark age", e dos filmes do Don Bluth.
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Horus |
O enredo é bem clichê para os dias de hoje: o jovem Horus encontra uma espada mágica e, seguindo o pedido do pai à beira da morte, inicia uma jornada até o vilarejo onde se originou sua família. Grunwald, um demônio que quer acabar com a humanidade, destruiu esse vilarejo no passado e agora o pai quer que Horus se vingue. O garoto é acolhido em um vilarejo próximo, e Grunwald logo o localiza, usando então todos os estratagemas possíveis para acabar com ele e com os habitantes do local.
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Hilda e seus companheiros animais |
Apesar de ter um enredo simples, o filme consegue desenvolver alguns temas complexos. O protagonista e o vilão são completamente unidimensionais (o vilão na verdade é meio patético e nem aparece tanto), mas a personagem Hilda, irmã do demônio, é enigmática e apresenta bastante complexidade. Achei que ela foi bem desenhada/animada e suas expressões faciais conseguiram transmitir o conflito dentro dela.
O filme tem algumas músicas muito bonitas, principalmente as cantadas por Hilda. A arte infelizmente não envelheceu tão bem e, apesar de os cenários serem bonitos, o desenhos dos personagens é bem datado.
Com exceção dos momentos de conflito de Hilda e de algumas cenas de convivência com os aldeões, o filme não me empolgou muito. A batalha contra o vilão se resolve muito facilmente e alguns temas foram abordados com superficialidade. Eu esperava mais da parte em que Horus cai na floresta e achei que o que viria pela frente seria uma viagem visual e assustadora, mas ele consegue sair de lá com uma solução repentina e sem graça. Também achei o filme meio arrastado, me pareceu ter bem mais que 1:20 de duração.
Concluindo: não é o melhor filme do mundo, mas também não é ruim. Vale para quem gosta de animações antigas ou para quem, como eu, quer conhecer os trabalhos mais antigos do Takahata.