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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Balanço de leituras: desafios literários

Em 2015 me comprometi a participar de três desafios literários, mas acabei desistindo de dois deles. Do Desafio Literário do Tigre, em sua segunda edição, desisti porque a própria criadora desistiu. Pensei em continuar lendo os livros planejados, mas fiquei com preguiça. Já o meu desafio autoimposto de ler livros mais diversos foi esquecido por mim, mas pelo menos cumpri a maioria das categorias sem planejamento. Acho que só não li livros de autor negro, nem com protagonista idoso ou deficiente, pelo que eu me lembre (preguiça de pesquisar).

O Desafio Literário Skoob foi um sucesso e consegui me ater a quase todas as minhas escolhas do início do ano, o que nem sempre acontece. O desafio foi ótimo para ler livros que amargavam há tempos na fila de leituras.

Os livros que li em cada tema:

Janeiro - Novinho em folha
Naufrágios - Akira Yoshimura

Fevereiro - Livros de fantasia
Os pequeninos Borrowers - Mary Norton
Krabat - Otfried Preußler

Março - Escritoras com A maiúsculo
A lista negra - Jennifer Brown
A esperança - Suzanne Collins
Morte no Nilo - Agatha Christie
Culpados - Kate Chopin
The Book of a Thousand Days - Shannon Hale
Grande irmão - Lionel Shriver

Abril - Pega na mentira!
O talentoso Ripley - Patricia Highsmith

Maio - Língua mãe
Nada dramática - Dayse Dantas

Junho - Casais
O mundo pós-aniversário - Lionel Shriver

Julho - Inverno
Sanshiro - Natsume Soseki
O boneco de neve - Jo Nesbø

Agosto - Folclore e mitologia
Novas aventuras de Askeladden

Setembro - Livros banidos
The Chocolate War - Robert Cormier

Outubro - Terror
A outra volta do parafuso - Henry James
Nosferatu - Joe Hill

Novembro - Finados
Morte e vida de Charlie St. Cloud - Ben Sherwood

Dezembro - Livros ganhadores de prêmios
O Buda no sótão - Julie Otsuka

E o grande Randomicidades Aleatórias Awards desse Desafio Skoob 2015:

Melhores livros: Sanshiro, The Chocolate War, O Buda no sótão, O mundo pós-aniversário.

Pior livro: Morte e vida de Charlie St. Cloud.

Surpresa: Nada dramática (já esperava gostar, mas gostei mais do que esperava).

Decepções: A outra volta do parafuso, O talentoso Ripley. Foram leituras meio enfadonhas.

Mixed feelings: Morte e vida de Charlie St. Cloud. A história tem um monte de elementos que me desagradaram, mas eu não conseguia parar de ler.

O Desafio Skoob terá uma nova edição em 2016 e provavelmente vou participar de maneira mais desapegada. Ainda estou indecisa em relação a outros desafios, porque esse será meu sexto ano (!) participando de desafios do gênero e não encontrei nenhum com temas muito interessantes/novos.

E vocês? Vão participar de algum desafio ou projeto literário em 2016? 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A Breath of Lucifer

Título: A Breath of Lucifer
Autor: R. K. Narayan
Editora: Penguin

Comprei alguns desses livros curtinhos da coleção Penguin Modern Classics porque gosto desse formato pequenino e barato e gosto de conhecer novos autores por meio de seus contos. Depois de uma experiência ótima com o da Shirley Jackson e uma okay com o da Carson McCullers, chegou a vez do Narayan.

Os oito contos reunidos nesse livro são bem variados, com pessoas de diferentes idades, classes e profissões em suas vidas aparentemente comuns. São contos sutis, que têm muito mais por trás do que parecem ter à primeira vista. O livro apresenta personagens como o homem que operou o olho e depende de seu fiel enfermeiro para enxergar, o eremita que julga a vizinha da frente por seu modo de vida, o vigia que tenta impedir uma jovem de se suicidar, o homem que deseja evitar o conflito entre as comunidades mas se vê preso no meio das forças opostas, o homem que decide passar um dia sem mentir, o tio que escreve cartas para o sobrinho, o aniversariante quarentão que vai tirar o dia de folga para comemorar a data e o dono de uma loja de arroz que esconde seu produto para não pagar as taxas.

Gostei bastante de "The Watchman", sobre o vigia, cujo final me partiu o coração um pouquinho, e de "Another Community", que é um conto bem irônico.

Esse livro foi meu escolhido para o Desafio Literário do Tigre como um "livro que cabe no bolso".

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Love That Dog

Título: Love That Dog
Autora: Sharon Creech
Editora: HarperCollins

A Sharon Creech me conquistou completamente com o livro Andar duas luas, que se tornou um dos meus preferidos, desses que sempre mantenho na minha lista de recomendações, mas até agora eu não havia lido mais nada dela. Talvez por medo de me decepcionar? Ou então porque não há mais livros dela publicados no Brasil? Não sei, só sei que vi o Love that dog disponível em um sebo e a capa com o cachorrinho torto me conquistou.

O livro reúne poemas de um menino, escritos a pedido de sua professora. Nesses poemas o menino comenta sobre o que eles leram nas aulas e reflete sobre o ato de fazer e de ler poesia. Ele começa mais relutante, por achar que escrever poesia é coisa de menina e que é só separar as palavras em verso, mas aos poucos vai ganhando confiança, se orgulhando do que escreve e se apaixonando por poemas dos outros.

Os poemas do menino se ligam não apenas por meio das aulas de literatura na escola, mas também pelo cachorro do título, que demora para aparecer, mas está por trás de quase tudo que o menino escreve.

O que mais gostei no livro foram os comentários do menino sobre os poemas que ele leu em classe, que incluem clássicos, como William Blake e Robert Frost, e autores contemporâneos. Ele comenta o que gostou, o que não gostou e às vezes diz que não viu sentido em nada daquilo (me identifiquei!). Algumas vezes ele recria os poemas e, no início, suas criações parecem meio aleatórias, mas aos poucos as coisas vão fazendo sentido.

Aqui dois exemplos dos poemas do menino:

Quando os poemas dele são expostos para a classe

Sua recriação de "The Apple" (S. C. Rigg)

Esse é um bom livro para quem gosta de poesia e também para quem não gosta. A autora tem um segundo livro nesse estilo Hate that cat, que me deixou bem curiosa.

Decidi ler esse livro para o tema "poesia" do Desafio Literário do Tigre, mas fiquei em dúvida se valeria mesmo porque na capa está escrito "a novel" (romance). Como é um romance escrito por meio de poemas, acho que vale como poesia, né?

quarta-feira, 11 de março de 2015

A esperança

Título: A esperança
Autora: Suzanne Collins
Editora: Rocco

Li esse livro sem lembrar direito das coisas. Segundo meu bloquinho de leituras, li Jogos Vorazes no final de 2010 e Em chamas no começo de 2014. Muita coisa se embaralhou na minha mente entre essas leituras e a de A esperança, portanto era de se esperar que eu iniciasse o livro meio perdida, sem lembrar direito em que ponto a história parou e sempre tendo que parar para pensar sobre quem é o fulano ou o beltrano. Mas logo isso não importava mais porque eu fui totalmente absorvida por esse livro.

Gosto bastante dos dois primeiros volumes da trilogia, mas toda a coisa da arena sempre me pareceu meio forçada e, apesar de os livros trazerem reflexões muito interessantes e críticas à sociedade, achava eles mais leves do que deveriam ser. Com A esperança foi diferente. Não sei se é porque finalmente temos uma visão mais ampla da sociedade ou se é porque a Katniss estava perdida e arrasada nesse livro, mas o achei bem mais real do que os anteriores. E mais doloroso.

Algumas coisas continuam me desagradando. As cenas de ação não me parecem muito plausíveis, o ritmo é bem irregular e alguns acontecimentos são questionáveis. Outras coisas melhoraram nesse livro em relação aos anteriores: o triângulo amoroso não me incomodou porque pareceu perder parte do peso e, como a Katniss estava mais vulnerável que o normal, achei muito mais fácil gostar dela. Sei que muitos leitores não gostam da personagem nesse livro, mas eu a achei muito mais humana e não consegui não sentir empatia.

Gostei muito do final, e isso é muito importante, porque finais raramente me agradam. Parece que sempre há alguma solução fácil demais ou todos acabam felizes demais ou o final é agridoce mas ainda assim mais feliz do que eu gostaria. Nesse caso, o final realmente me tocou e me fez pensar.

Não sei se A esperança vai me marcar por muito tempo, não sei nem se é um livro que eu releria, mas enquanto eu estava lendo eu adorei.

Livro lido para o Desafio Literário do Tigre (tema: de distopia) e para o Desafio Literário Skoob (tema: escritoras).

quinta-feira, 5 de março de 2015

A lista negra

Título: A lista negra
Autora: Jennifer Brown
Editora: Gutenberg

Ganhei esse livro nas cortesias do Skoob e fiquei muito feliz ao saber que tinha ganhado, porque esse era um livro que eu realmente queria ler (sou dessas que participa de quase todas as cortesias do Skoob, portanto as chances de ganhar um livro pelo qual não tenho tanto interesse são bem maiores). É claro que, mesmo querendo muito ler, ainda deixei o livro juntando pó na estante por mais de um ano. Março se mostrou o mês ideal para eu desencalhá-lo, pois decidi que este será o meu mês de ler mulheres.

A lista negra me chamou atenção a princípio por tratar de um tema que me interessa bastante na ficção: chacinas escolares. O livro é narrado do ponto de vista de Valerie, namorada do garoto que cometeu o crime. Ela e o namorado Nick, vítimas de bullying, criaram uma lista negra com os nomes das pessoas que eles odiavam na escola. O que Valerie não imaginava é que Nick levaria a lista a sério e colocaria em prática o que ela via apenas como uma brincadeira, atirando nos colegas cujos nomes estavam na lista.

Após o incidente, Valerie precisa retornar à escola para terminar seu último ano. Seus antigos amigos já não querem mais saber dela, os colegas a veem com um misto de ressentimento e suspeita e até mesmo seus pais deixaram de confiar nela. É nesse ambiente turbulento que ela tenta se ajustar e finalmente seguir em frente com sua vida.

O livro mistura a narração do presente, com Valerie voltando à escola, do passado, com o incidente e os dias seguintes, e notícias de jornal com breves relatos sobre as vítimas. Admito que achei que os trechos sobre o incidente em si não foram tão interessantes quanto eu esperava e que a recuperação física e mental de Valerie logo após o crime me pareceu meio maçante. Já o desenvolvimento posterior, com Valerie e os colegas lidando com o trauma na escola, foi bem interessante e me fez ficar grudada na leitura.

Gosto de como a personalidade da maioria dos personagens é desenvolvida. Valerie está longe de ser uma personagem de quem eu gosto, mas é difícil não ficar do lado dela em alguns momentos (principalmente quando ela tem que lidar com pai. Que cara babaca ele é). Também acho que a autora fez um bom trabalho ao mostrar o relacionamento de Valerie e Nick e como a garota via o seu namorado, relembrando bons momentos que eles passaram juntos e reinterpretando coisas que Nick disse anteriormente.

Apesar eu ter achado a leitura mais esquecível do que gostaria, o livro é bom e bem gostoso de ler. Ele trata com delicadeza de um tema complicado, sem demonizar nenhum dos lados envolvidos, e traz reflexões importantes. Para os mais sensíveis, dá para se emocionar bastante, mas a verdade é que eu esperava algo mais impactante, considerando o tema abordado.

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Livro lido para o Desafio Literário Skoob (escritoras) e para o Desafio Literário do Tigre (da sua fila de leitura).

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Essa resenha inaugurou o meu mês de ler mulheres! Decidi ler apenas autoras em março e tentar resenhar todas as leituras. Fiz uma breve seleção na minha estante e decidi ler os seguintes livros:


Não sei se vou conseguir ler todos eles, mais os que eu pegar na biblioteca, mas vou tentar!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Crime e Castigo

Título: Crime a Castigo
Autor: Fiódor Dostoiévki
Editora: 34

Li Crime e Castigo pela primeira vez faz alguns anos e já não lembrava muito bem da história. Lembro que a leitura fluiu melhor do que eu esperava e que gostei bastante. Também lembro vagamente de algumas cenas, mas, se me pedissem para falar mais detalhadamente do livro, eu não conseguiria falar nada. Eis que surgiu a oportunidade de reler o romance, graças ao clube do livro do qual participo, e admito que não fiquei muito animada devido à minha enorme preguiça de ler livros razoavelmente compridos, mas li tudo e resolvi resenhar para o Desafio Literário do Tigre, no tema de clássicos.

A história todos já conhecem: Raskólnikov, um jovem estudante, mata uma velha usurária. Ele crê em sua teoria de que há grandes homens, como Napoleão e outras figuras históricas, que podem cometer crimes e ser absolvidos. Acreditando ser também um grande homem, ele comete o assassinato, mas, movido por um delírio, comete erros banais, mata a irmã da velha também, falha em roubar e usar o dinheiro e descobre não ser capaz de continuar sua vida normal após o crime.

Minhas impressões (sem muita elaboração) sobre o livro após a releitura: Crime e Castigo merece toda a fama que tem, mas não gostei tanto do livro quanto da primeira vez que li. Apesar de em alguns momentos achar a leitura empolgante e instigante, em outros a achei apenas aborrecida. Me perdi e confundi alguns nomes de personagens (muita gente com o patronímico igual/semelhante). Achei os devaneios do Raskólnikov cansativos e enfadonhos e não me identifiquei com eles como da primeira vez que li. Gostei bastante de alguns personagens, principalmente das mulheres (Sônia ♥). Não gostei do final, que na minha opinião apresenta uma redenção meio abrupta que poderia ter sido mais gradual ou não existir.

Se o livro fosse mais curto, eu teria gostado mais. Ou talvez eu simplesmente esteja preguiçosa demais atualmente.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Os pequeninos Borrowers

Título: Os pequeninos Borrowers
Autora: Mary Norton
Editora: Martins Fontes
Título original: The Complete Borrowers

Você já se perguntou onde vão parar todas as miudezas que somem pela casa? Tocos de lápis, tampas de caneta, agulhas, alfinetes, clipes... É como se eles desaparecem ou fossem transportados para um outro universo. Mas na verdade esses objetos vão parar nas mãos dos Borrowers, pequenas criaturas que habitam residências humanas e vivem ocultas sob o piso, em reentrâncias da parede ou em algum móvel abandonado. Com cerca de quinze centímetros de altura, eles se sustentam graças a objetos e alimentos dos humanos que pegam "emprestados" (não que um dia pretendam devolver). Medrosos e furtivos, o pior que pode acontecer com um Borrower é ser visto pelos humanos, pois, caso isso ocorra, eles terão de se mudar para fugir da ameaça que os "seres mundanos" representam.

Durante cinco volumes e um conto, reunidos nessa edição da Martins Fontes, acompanhamos uma família de Borrowers, o casal Pod e Homily e a filha Arrietty. Eles levam uma vidinha confortável sob o piso da cozinha de um casarão antigo. Pod é ótimo em pegar emprestado e em criar móveis e utensílios para a casa, Homily é medrosa e apegada ao lar, e Arrietty é uma menina curiosa e cheia de energia. Como filha única, Arrietty precisa aprender a pegar emprestado e vê esse treino como uma oportunidade para finalmente explorar o exterior de sua casa. Empolgada com o mundo lá fora e fascinada pelos humanos, a garota acaba agindo de maneira descuidada, o que traz consequências desastrosas para sua família e os impele para a aventura no grande mundo externo.

O principal charme do livro são as descrições dos ambientes criados pelos Borrowers e o uso criativo que eles fazem dos objetos coletados: bolotas de carvalho viram bules, páginas de livro viram papel de parede, selos viram quadros, agulhas viram equipamento de escalada, faqueiros viram barcos. A autora soube como criar um universo em miniatura plausível e nos fazer enxergar o mundo pelos olhos dos Borrowers. Além da atenção ao detalhe, Mary Norton escreve de maneira muito agradável de se ler, que me lembra em alguns momentos, como nas descrições de paisagens, a Frances Hodgson Burnett, autora de O jardim secreto e A princesinha.

Apesar de o livro reunir seis histórias, as cinco primeiras contam uma única história mais ou menos contínua. No início eu pretendia intercalar essa leitura com outras, porque, convenhamos, o livro é um calhamaço, mas não consegui me separar dos Borrowers por muito tempo e a história me acompanhou por muitas noites agradáveis. 

Os pequeninos Borrowers foi adaptado para o cinema pelo estúdio Ghibli, com o título O mundo dos pequeninos. A animação é bem fiel à história do primeiro livro e é adorável como a maioria dos trabalhos do Ghibli. Vejam o trailer:


Assim como O castelo animado, Os pequeninos Borrowers é um livro que eu não conheceria se não fosse pelo estúdio Ghibli. Portanto, além de agradecer ao estúdio pelos ótimos filmes, também tenho que agradecer por me apresentarem a ótimos livros!

Essa leitura vale para o Desafio Literário Skoob (tema: fantasia), o Desafio Literário do Tigre (tema: que virou filme) e o Desafio Literário 21: lendo mais mulheres. É um livro polivalente ;)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Desafio literário Skoob - Naufrágios

Título: Naufrágios
Autor: Akira Yoshimura
Editora: Best Seller

Isaku vive em uma pequena aldeia litorânea no Japão medieval. Por falta de outros recursos naturais, os aldeões dependem do mar para tirar seu sustento, mas, mesmo quando a pesca é farta, a situação geral é de pobreza. A escassez é tanta que algumas pessoas se vendem como escravas por um período determinado nas vilas vizinhas para garantir o sustento da família. Todo inverno, a aldeia deposita suas esperanças no processo de destilação de sal que realizam à noite com grandes fogueiras, mas por trás dessa atividade há um objetivo oculto: o O-fune-sama, navios atraídos pelas fogueiras que se chocam com os recifes e naufragam. A tripulação então é morta pelos aldeões e o navio é saqueado, fornecendo provisões para meses. No entanto, a chegada de um pequeno barco à deriva muda tudo. Em vez de mantimentos, ele traz uma carga misteriosa e mortífera.

O livro acompanha o cotidiano de Isaku por alguns anos, desde que seu pai se vendeu como escravo, quando ele tinha nove anos. Durante esse tempo vemos o crescimento dele, que toma o lugar do pai como chefe da família e assume as responsabilidades de um adulto. Ele aprende a cuidar das fogueiras do sal durante a noite e a pescar saury e precisa deixar a preguiça de lado para sustentar a mãe e os irmãos. É um cotidiano árduo, no qual uma temporada ruim de sardinhas ou lula pode levar a meses de fome, e o romance descreve em detalhes, quase de maneira antropológica, mas sem chegar a ficar maçante, a vida dessa comunidade, com o passar das estações e os diferentes ciclos de pesca/trabalho.

O desenrolar da história é lento e repetitivo, e às vezes me vi impaciente durante a leitura porque estava curiosa para saber o que aconteceria quando O-fune-sama chegasse, mas a escrita do autor é bem contida e sem firulas e me agradou bastante. Você lê páginas de descrições de um cotidiano que deveria ser sem graça, mas ele parece fascinante.

Comprei o livro achando que ele focaria mais nos navios naufragados e que teria um tom mais misterioso e macabro, mas o que encontrei foi uma história muito mais realista e dolorosa, um romance de formação sobre um garoto crescendo em situações adversas e um relato sobre a luta pela sobrevivência de um vilarejo perdido no mundo.


Esse livro foi lido para o Desafio Literário Skoob, tema "novinho em folha", e também para o Desafio Literário do Tigre, tema "de autor estrangeiro".

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

DL do Tigre: Garoto zigue-zague

Título: Garoto zigue-zague
Autor: David Grossman
Editora: Companhia das Letras
Nº de páginas: 417
Tema do DL do Tigre: com mais de 300 páginas

Nono está prestes a fazer seu bar mitzvah e é enviado pelo pai e por Gabi, a namorada do pai, em uma viagem de trem até Haifa para passar um tempo com o tio, um professor rigoroso e incrivelmente chato. Além de ter que encarar o tio, Nono teme que a viagem tenha sido planejada para que Gabi finalmente tome coragem para abandoná-los de vez. O que Nono não esperava é que o que parecia uma simples viagem tediosa se transformasse em uma aventura que o levará a descobertas sobre sua família e, principalmente, sobre si mesmo.

Esse é o primeiro livro do David Grossman que leio e, pela sinopse, não sabia muito bem o que esperar. Me surpreendi positivamente com a qualidade do livro. Além de ser cheio de aventuras, mistérios e histórias mirabolantes, é um romance sensível e imaginativo sobre a passagem da infância para a vida adulta.

O livro apresenta personagens fascinantes, como o enigmático Felix Glick e a atriz Lola Ciperola, mas minha preferida é Gabi, que apesar de não aparecer tanto diretamente, marca o livro por sua esperteza e sensibilidade.

Garoto zigue-zague é um livro que pode agradar tanto leitores mais jovens quanto adultos, com diversas camadas de interpretação. Vale a leitura!


Fiquei em dúvida em qual tema encaixá-lo para o Desafio Literário do Tigre, porque acabei de descobrir que ele também virou filme, Nono, o menino zigue-zague, do diretor Vincent Bal, mas  vou deixá-lo no tema que planejei, mais de 300 páginas.

Essa leitura também vale para o meu projeto Volta ao mundo em 80 livros, representando Israel.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Desafio literário do Tigre 2015

Achei que não haveria Desafio Literário do Tigre em 2015 e já estava desencanando, mas aí a Tati divulgou os temas e, como sempre, eu não resisti e resolvi participar.

Dessa vez o esquema é diferente: há 24 temas, que podemos ler no mês que quisermos, assim a coisa fica mais flexível (e mais fácil de conciliar com o DL Skoob, é claro).

Não pretendo levar o DL tão a sério como no ano anterior e prometi a mim mesma que tudo bem se eu não completá-lo ou desistir no meio, porque não sei como vou lidar com dois desafios neste ano, mais os projetos e desafios pessoais.


Como a maioria dos temas é fácil, vou completando à medida que for lendo, sem muito planejamento. Se algum tema me der muita dor de cabeça, vou deixar para lá (lançado no mês é o maior candidato a ficar de fora, porque quase não leio lançamentos. Poesia também é duro).

O bom desses desafios sem tema mensal é que os livros se encaixam na categoria quase por acaso. Minha primeira leitura do ano, por exemplo, cumpre o requisito do primeiro item da lista, e vou resenhá-la para o desafio em breve.

E você? Também vai participar?