A temporada de patinação já acabou há mais de um mês, mas só agora me animei a fazer uma retrospectiva. Apesar de eu ter iniciado a temporada não muito animada, aos poucos fui ficando cada vez mais envolvida e agora, após o fim, continuo acompanhando as notícias e pensando em patinação como uma fanática. Dito isso, vamos aos momentos marcantes da temporada.
Meu novo favorito
Já comentei nos posts sobre o mundial que tenho um novo queridinho, o Shoma Uno. Não costumo acompanhar os competidores júnior, por isso a primeira vez que vi o Shoma patinando provavelmente foi no Campeonato dos Quatro Continentes (4CC) da temporada 2014-15, mas lá ele só me chamou atenção por usar umas das minhas músicas preferidas, a Sonata Kreutzer de Beethoven. Porém, bastou assisti-lo no comecinho da temporada, no Skate America, para virar fã. Ele lembra tanto o Daisuke Takahashi (saudades!), principalmente na musicalidade e na maneira de mover os braços e a cabeça, e ainda é novinho, tem tanto potencial! Além de ser um ótimo patinador, ele é fofo! Adoro ver o contraste entre sua persona confiante no gelo e fora do gelo (um menininho em estado perpétuo de timidez e constrangimento).
Sua primeira temporada sênior começou muito bem, com medalhas em todas as etapas do Grand Prix, para dar uma decaída depois, com decepções no 4CC e no mundial. Depois da grande tristeza do mundial, ele conseguiu a motivação para superar seus limites, voltou com tudo no Team Challenge Trophy e fez o primeiro quad flip da história em competições! No programa curto e no longo!!! Não tem como não amar esse menino e sua competitividade insana. ;P
Meus momentos preferidos dele na temporada foram o programa longo no Grand Prix Final e o programa curto no Team Challenge Cup. Vale mencionar também o programa longo no TCC, que apesar de apresentar vários problemas nas aterrissagens dos saltos, foi o layout mais difícil que ele apresentou (e ele estava tão feliz durante a apresentação! Parecia que estava prestes a cair na risada em alguns momentos). E não posso deixar de falar dos meus momentos preferidos off-ice: sua interação com o Yuzuru no pódio do GPF, que depois virou piada entre os dois no pódio do campeonato japonês, e o Yuzuru apertando a bochecha do Shoma na coletiva de imprensa. Adoro esses dois juntos!
Recordes, recordes, recordes
Essa temporada foi marcada por pontuações altíssimas. Houve um pouco de inflação generalizada, mas também houve um grande aumento do nível técnico, principalmente entre os homens. Logo no início, nos Grand Prix, vimos o Yuzuru Hanyu no NHK Trophy atingir os 322.44 pontos (SP, FS) para então bater o próprio recorde semanas depois na final do Grand Prix, com 330.43 (SP, FS). Não sou tão fã do Yuzuru assim, em geral as apresentações dele não me arrebatam, mas ele é um patinador muito empolgante de se assistir, bastante completo e com programas intrincados e dificílimos.
No final da temporada, no mundial, mais recordes foram batidos: Evgenia Medvedeva e Papadakis/Cizeron. A Evgenia teve uma temporada impecável, vencendo quase todas as competições de que participou, e terminou em alta, com o título mundial e 150.10 pontos no programa livre, batendo o recorde da Yuna Kim. Eu achava que Papadakis/Cizeron teriam dificuldade em superar o programa belíssimo do Mozart da temporada passada e em lidar com a concussão da Gabriella que os deixou de molho durante a primeira parte da temporada, mas eu estava errada. Eles não só venceram o mundial, como bateram o recorde que pertencia a Davis/White de maior pontuação na dança livre, com 118.17. Apesar de eu preferir o programa da temporada anterior (mais pela música, talvez, do que por qualquer outra coisa), não tem como não se impressionar com a fluidez e a elegância dos dois. Eles são o tipo de patinadores que te fazem esquecer dos elementos, da técnica e da competição e te fazem imergir na dança.
E não é que aprendi a gostar do Patrick Chan?
Já fui muito hater do Patrick Chan. Ele teve uma longa fase em que vencia tudo quanto era competição mesmo cometendo erros gravíssimos. Cansei de ver ele vencendo depois de duas, três quedas, graças aos componentes do programa altíssimos, muito superiores aos de seus oponentes. Para piorar, o auge do Patrick ocorreu em minha época mais fanática pelo Daisuke, então o Patrick era o inimigo a ser batido, e não ajudava nada o fato de ele vencer com notas que eu considerava injusta (o mundial de 2012 ainda dói um pouquinho). Por mais que ele realmente esteja em uma categoria acima dos outros quando se trata de Skating Skills, no resto sempre o achei bom, mas não excepcional.
No entanto, aos poucos o jogo foi virando e, depois de uma prata decepcionante na Olimpíada e um ano de hiato, Patrick teve uma temporada um tanto decepcionante, terminando em quarto no Grand Prix Final e em quinto no mundial. Os tempos são outros, e agora Patrick não pode mais depender do PCS, porque os melhores patinadores estão recebendo notas no mesmo nível (se merecem ou não, essa é outra questão). E, nessa era dos saltos quádruplos, em que dois quádruplos no programa curto e três ou quatro no longo viraram a norma se você está disputando o lugar mais alto do pódio, Patrick está em ligeira desvantagem. Ou seja, Patrick não pode mais se dar ao luxo de cometer erros. E o que ele fez nessa temporada? Cometeu muitos, muitos erros, com algumas apresentações lamentáveis.
Talvez por ele não ser mais a grande ameaça, comecei a apreciar mais sua patinação sem pensar demais em medalhas, pontuações e posições, e até me peguei torcendo por ele em alguns momentos. Ainda não é meu patinador preferido, mas quando ele vai bem, ele realmente é bom demais, vide seu programa longo no 4CC.
Nova competição: Team Challenge Cup
Este ano tivemos pela primeira vez o Team Challenge Cup, uma competição por equipes. Com os patinadores divididos em três times, Ásia, Europa e América do Norte, o evento supre algumas deficiências que as mais tradicionais competições por países apresentam: bons patinadores de países que são fracos nas outras categorias podem participar e a coisa toda não fica tão desbalanceada e previsível, com patinadores de diferentes países suprindo as deficiências uns dos outros (mesmo assim, a Ásia continua fraca na dança).
No papel a ideia é interessante, mas a competição começou a dar errado logo de início: os fãs podiam votar para selecionar um patinador e uma patinadora de cada equipe, mas houve suspeita de uso de bots, e muitos votos foram cancelados. No final, os organizadores não foram muito transparentes e não ficamos sabendo realmente o que houve, que votos contaram etc., o que tirou bastante da credibilidade do evento.
Mas no final, deu tudo certo. A competição teve abertura com direito a tapete vermelho, discursos e patinadores desfilando na passarela, tudo muito brega e divertidíssimo. Também teve um sistema todo diferentão, que deveria se basear na estratégia, mas no final era só questão de sorte mesmo. E rendeu ótimos momentos descontraídos entre os patinadores, com direito a Kristi Yamaguchi e Christopher Dean dançando Uptown Funk. A competição também foi boa para alguns patinadores, que tiveram seus momentos de redenção, como o já citado Shoma Uno, além do Denis Ten (no SP apenas) e Weaver/Poje, que foram lindos e pareciam muito mais leves do que no resto da temporada.
Sei que muita gente não gosta de competições pós-mundial, porque os patinadores estão cansados, mas gosto de ter um evento a mais para fechar a temporada após todas as emoções do mundial, então por mim o TCC pode ficar, alternando com o World Team Trophy.
Alguns dos meus programas preferidos (ainda não citados neste post)
Sui/Han - Spanish Romance: ótima coreografia, sequência de passos fenomenal, movimentos rápidos e precisos. (E a música do início me traz lembranças nostálgicas do My Chemical Romance, hahaha).
Stolbova/Klimov - The Man and the Shadow: adoro ouvir Danny Elfman na patinação. As músicas dele sempre rendem programas interessantes. Há uma certa tensão sombria que me agrada muito nesse programa.
Satoko Miyahara - Firedance e Un Suspiro: gostei muito dos dois programas da Satoko na temporada. Ela é uma patinadora elegante e refinada, e os dois programas apresentam muitos detalhes coreográficos interessantes.
Rika Hongo - Riverdance: essa música é tão contagiante. Sempre fico animada na hora da sequência de passos. Gosto da energia dela nesse programa, exalando alegria.
Gilles/Poirier - The Beatles: coreografia muito divertida e intrincada, com uns toques brincalhões muito legais.
Shibutani/Shibutani - Fix You: não sou muito fã de Coldplay, mas essa música caiu como uma luva para os Shibutanis e marcou o retorno deles ao pódio do mundial. Melhores twizzles de todos!
Hip hop na dança: o hip hop será uma das opções, junto com o swing, na dança curta. Imagino que a maioria dos atletas não vai se arriscar, mas estou curiosa para ver o que alguns vão fazer. Talvez seja um desastre, talvez seja algo fantástico (talvez seja algo fantasticamente desastroso. Adoro!).
Homens com cada vez mais quads: com uma nova geração passando para o sênior, teremos ainda mais patinadores com vários quádruplos na disputa. Apesar de a ênfase nos saltos difíceis tirar a atenção de outras partes do programa, admito que acho muito empolgante acompanhar a evolução do esporte.
Retorno de Virtue/Moir e Carolina Kostner: essa temporada não se mostrou a mais gentil com os patinadores que voltaram (Patrick e Mao), então imagino que será difícil para quem ficou duas temporadas fora. Gosto muito de Virtue/Moir e da Carolina e espero que eles não enfrentem tantas dificuldades.
É isso. Desculpa pelo post gigante que ninguém vai ler. ;P
Retorno de Virtue/Moir e Carolina Kostner: essa temporada não se mostrou a mais gentil com os patinadores que voltaram (Patrick e Mao), então imagino que será difícil para quem ficou duas temporadas fora. Gosto muito de Virtue/Moir e da Carolina e espero que eles não enfrentem tantas dificuldades.
É isso. Desculpa pelo post gigante que ninguém vai ler. ;P
Eu li inteiro! De tantas coisas para ser fangirl você é bem de patinação no gelo, é curioso, né?
ResponderExcluirAcho que gosto de ser fangirl de coisas que quase ninguém gosta :P
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