quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Livro: Budapeste

Título: Budapeste
Autor: Chico Buarque
Editora: Companhia das Letras

Budapeste era um livro que eu queria ler faz tempo, graças a algumas resenhas negativas que li na internet na época em que comecei a participar de desafios literários. Não lembro o que exatamente as resenhas diziam, mas nada como umas boas críticas para despertar a vontade de ler um livro! Além disso, o livro se passa em Budapeste, cidade que desejo conhecer um dia, e fala sobre a língua húngara, que estou aprendendo, então é uma leitura que eu faria mais cedo ou mais tarde.

O livro é sobre José Costa, um ghost writer muito talentoso. Apesar de satisfeito com o anonimato da profissão, ele tem suas crises, e numa dessas, decide ir para Budapeste, largando a mulher e o filho no Rio. Na cidade húngara, ele se apaixona por uma mulher, além de se apaixonar pela língua húngara.

Comecei a ler o livro achando que não ia gostar muito, mas a escrita do Chico é deliciosa demais para eu não gostar. Além disso, o livro faz um jogo de espelhamento interessante com os livros, as cidades onde a história se passa, as línguas e as mulheres do protagonista. E para mim, especialmente, foi interessante observar o aprendizado de José Costa da língua húngara.

Terminei a leitura me perguntando que defeitos as pessoas das resenhas que citei antes viram no livro, mas não foi muito preciso refletir muito para chegar numa possível resposta: o protagonista é chato, daquele tipo que faz um monte de besteiras e não aceita a responsabilidade, e o enredo em si não tem nada de espetacular. Ou seja, o livro pode ser bem chatinho dependendo do que você valoriza na sua leitura.

Livro lido para o Desafio Skoob (nome de cidade, região ou país no título).

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Anime: Yuri!!! on ICE


Título: Yuri!!! on ICE (ユーリ!!! on ICE)
Diretora: Sayo Yamamoto
Estúdio: MAPPA
Ano: 2016
Nº de episódios: 12

Fiquei muito animada assim que Yuri!!! on Ice foi anunciado. Como boa fã de patinação no gelo, não pude deixar de desejar que a série fizesse jus ao esporte e apresentasse toda a beleza, os dramas e as dificuldades da patinação. Porém, como fã de anime, já fui baixando as expectativas, porque sei muito bem que tem muito anime lixo por aí. À medida que a estreia se aproximava e mais informações foram divulgadas, foi difícil não entrar no hype: a diretora tinha um currículo de respeito (descobri inclusive que ela dirigiu o meu episódio preferido de Samurai Champloo!), o Kenji Miyamoto, coreógrafo muito conhecido no Japão, ficou responsável por criar os programas dos personagens e, mais importante, o PV mostrava animação de qualidade e ótima música.

Yuri!!! on Ice é focado no patinador japonês Yuri Katsuki. Após finalmente se classificar para o Grand Prix Final, ele sofre uma enorme derrota e termina a competição em último lugar. Desestabilizado, ele retorna para sua cidade natal para pensar no futuro. Aos 23 anos, ele já não é mais tão jovem para o esporte e talvez estivesse na hora de começar a pensar na aposentadoria. No entanto, quando um vídeo dele patinando um programa do multicampeão russo Victor Nikiforov cai na internet e se torna viral, tudo muda. O próprio Victor se impressiona com a apresentação e aparece de repente na cidade de Yuri, se oferecendo para ser seu técnico. Yuri aceita e os dois iniciam sua jornada rumo ao próximo Grand Prix Final.

Agora que o anime terminou, fica a pergunta: ele correspondeu às expectativas? Eu diria que sim, ele até as superou em alguns aspectos. Por outro lado, fiquei decepcionada com algumas coisas. Vai ser difícil escrever sobre todos os pontos que eu gostaria de falar e já peço perdão de antemão pelo texto longo e confuso, mas vamos lá.

Yuri

Começando pelos protagonistas, que são bastante interessantes e têm um bom desenvolvimento durante a série. Nos primeiros episódios, Yuri é um jovem inseguro, que perde as competições não por falta de talento e sim porque não é capaz de aguentar a pressão. Com Victor ao seu lado, Yuri aos poucos vai se tornando mais confiante, e o anime constrói isso de forma natural. Já Victor exala confiança e venceu tudo o que tinha para vencer na patinação, mas encontra desafios em seu novo papel como técnico.

Os dois desenvolvem um relacionamento amoroso que chacoalhou a internet, gerando muitas reações, polêmicas e cenas analisadas à exaustão pelas fãs. Como muitos animes com relacionamentos homoafetivos, YOI deixa tudo subentendido, embora seja muito difícil dizer que não há nenhum romance entre os dois. Os gestos de carinho, a proximidade entre eles, tudo indica que eles estão namorando, mas a série sempre deixa algo no ar, e isso é um pouco frustrante. Por outro lado, são poucos os animes com protagonistas LGBT+ fora do nicho yaoi/yuri, então ponto para Yuri!!! on ice.

Admito que no começo não gostava muito do relacionamento dos dois, porque o Victor era aquele tipo de personagem impositivo que ficava invadindo a área pessoal do Yuri com gestos e palavras ousados e deixava o pobre menino constrangido. (Talvez também não tenha gostado porque relacionamentos entre técnicos e pupilos sempre me fazem pensar no Nikolai Morozov, técnico russo que namorou muitas de suas alunas jovenzinhas, hahaha). Porém, com o passar do tempo, o Yuri vai se tornando mais confiante não só na patinação, mas no relacionamento com o Victor, e achei isso lindo.

O amor é lindo

O anime apresenta um bom número de personagens secundários carismáticos e divertidos, mas que tiveram pouco tempo de tela para ter um desenvolvimento decente. A decisão de apresentar os rivais de Yuri por meio das performances deles no gelo foi interessante, porque isso mostra o estilo de cada um, a motivação para patinar, os pontos fortes e as dificuldades. Por outro lado, isso ocupa tempo demais em um anime de apenas 12 episódios, tempo que poderia ser dedicado a desenvolver melhor os dramas dos protagonistas, porque um dos grandes problemas de YOI na minha opinião é que foi tudo muito corrido. Sim, esse é um anime de esporte e, portanto, tem que apresentar os rivais e mostrar suas apresentações, mas se não temos tempo suficiente para nos importarmos com eles, por que vamos querer assistir a dezenas de apresentações?

E aí você diz, "Mas Lígia, você gosta de patinação e assiste um monte de competições com um monte de patinador que você não conhece direito ou não gosta muito, não é a mesma coisa?". E eu respondo que não, porque a patinação em YOI deixou um pouco a desejar. As coreografias são boas, as músicas são um tanto inusitadas (falo disso mais tarde), os figurinos são bastante fieis aos figurinos da patinação real (para o bem ou para o mal), mas mesmo quando a animação estava decente ela ainda não conseguiu captar plenamente a força da patinação no gelo real. Falta peso aos patinadores animados, falta mostrar melhor o contato com o gelo. E claro, muitas vezes a animação estava longe de ser boa, deixando os personagens estranhamente deformados. Também há a questão de que as competições aqui não têm como ser imprevisíveis como as reais, porque são reféns da narrativa, então sabemos que quando um patinador for muito mal no programa curto, ele terá alguma redenção no futuro, que não precisamos nos preocupar muito com o protagonista porque no final ele vai conseguir dominar os nervos e fazer uma apresentação digna. E uma das coisas que mais gosto na patinação é a imprevisibilidade (talvez por isso eu goste mais da categoria masculina, cheia de tombos).

Prontos para a batalha!

Sobre a parte técnica, não tenho muito a dizer além de que a animação sofreu um pouco nos episódios do meio e que fiquei muito surpresa ao ver que quase todos os programas dos personagens usavam músicas originais em vez das músicas batidas de sempre. Fui assistir imaginando mais uma Carmen, mais um Lago dos Cisnes, mais um Turandot, mas encontrei uma boa variedade de músicas novas, algumas mais para o clássico, outras mais para o pop, algumas meio latinas, outras meio musical da Broadway. Parabéns para os envolvidos.

Como comentei antes, o enredo do anime foi um tanto corrido e sofreu bastante para caber em apenas 12 episódios. Assim, certos acontecimentos que deveriam ter grande peso na história não tiveram o tempo devido para impactar o espectador como deveriam, alguns problemas tiveram soluções um pouco forçadas e muitos personagens menores foram jogados para escanteio. Como possivelmente teremos uma segunda temporada, espero que eles explorem melhor o que ficou faltando nesses primeiros episódios.

Apesar das críticas que fiz acima, YOI é incrivelmente divertido, e isso é algo que eu não esperava. Pelo PV eu imaginava que a série seria puro drama, mas o primeiro episódio me pegou de surpresa. Ela tem um clima levinho e gostoso de acompanhar que sempre me fazia terminar o episódio com um sorriso no rosto. Acompanhar YOI também foi uma experiência divertida porque convenci minha irmã a assistir, então tinha alguém com quem conversar. E claro, acompanhar os comentários sobre a série na internet também foi uma experiência e tanto. Nunca imaginaria que um anime sobre patinação seria um dos mais populares do ano e provocaria tanta comoção!

***

Victor

E agora vou mudar um pouco de enfoque para falar sobre Yuri!!! on Ice e a patinação real, com algumas reclamações que ninguém quer ler e um monte de links.

Diferente de boa parte dos animes de esporte, YOI segue uma linha bastante realista. Não há superpoderes, técnicas incríveis surgidas do nada etc. Todos os programas mostrados seguem as regras atuais da patinação, aparentemente com o mesmo sistema de pontuação, as competições de que os personagens participam existem mesmo e as regras para classificação são as mesmas. Como fã de patinação, fiquei muito feliz em ver esse universo transposto fielmente para as telas.

No entanto, tenho que apontar algumas incongruências. A primeira é que no universo do anime o Grand Prix Final parece ser a competição mais importante do mundo. Na vida real, o GPF é importante, sim, mas não tão importante quanto o Mundial e as Olimpíadas (e talvez o campeonato Europeu e o 4 Continentes?). Então é um pouco engraçado ver o Yuri falando do GPF como sua grande meta como se tudo acabasse ali. A explicação para a importância dada ao GPF provavelmente é que tanto o anime quanto a competição são transmitidos pelo mesmo canal, então focar nela é uma forma de puxar sardinha para o canal. É interessante notar que o anime começou a ser transmitido quando a temporada de patinação se iniciava e terminou apenas uma semana depois do GPF real. Para quem acompanhou os dois foi uma experiência curiosa. (Outra incongruência: os patinadores de YOI são muito mais consistentes que os da vida real, hahaha. Cadê os vários tombos e "pops"? Cadê os zayak?).

JJ Style!

A segunda incongruência é algo que me incomodou bastante: a inconsistência das pontuações. No começo eu estava achando tudo bastante realista, as pontuações condiziam com o que tinha sido apresentado. Até chegar a Copa da China e o Pichit superar os vinte pontos de desvantagem que teve no programa curto e vencer a competição, sendo que o Yuri não cometeu erros tão terríveis assim e, pelos saltos mostrados, tinha um programa mais difícil. Mas ok, não vimos as apresentações completas, deve haver alguma justificativa. Aí chega o programa curto do GPF e tanto o Yurio e o JJ ganham pontuações acima do que seria possível dado os saltos apresentados. Não dá para levar a sério! u__u

O que me deixou irritada nesse caso das pontuações é que dá para ver que há muito trabalho e pesquisa por trás de YOI. As criadoras aparentemente são fãs de patinação, então custava fazer alguns cálculos e não exagerar tanto nas pontuações?

Mas agora que já desabafei, vamos falar das coisas boas. Adorei caçar as referências do anime a patinadores, técnicos, lugares e objetos reais. Da caixa de lenços em forma de poodle ao patinador cazaque com seu ursinho, da breve aparição de um sósia do Plushenko na plateia a um Yuzuru na capa de uma revista, do site da federação japonesa às arenas de patinação. O que me fez pausar o episódio e rir de empolgação foi a breve aparição dos seis finalistas do GPF de 2015 durante a explicação sobre os Grand Prix feita pelas trigêmeas (melhores personagens!). Além disso, em cenas breves o anime mostra a dura vida de um fã de patinação, virando as noites para acompanhar as competições do outro lado do mundo, sofrendo com streams russos precários. 

Victor em estilo Johnny Weir

Não fui só eu que gostei de caçar as referências, porque muitos patinadores de verdade se viram em alguns dos personagens e comentaram isso em suas redes sociais, sem contar com os que se apaixonaram completamente pela série, como a Evgenia Medvedeva e o Johnny Weir. É muito mágico quando os atletas que você gosta estão assistindo a mesma coisa que você!

Por outro lado, me irritou um pouco a tão repetida ideia espalhada por aí de que o Yuri foi inspirado no Yuzuru Hanyu, sendo que a única coisa que vejo em comum neles é a admiração por um patinador russo. A carreira do Yuri provavelmente foi baseada na carreira do Tatsuki Machida, e as semelhanças são demais para negar. A personalidade do Yuri e seu estilo de patinar devem ter sido inspirados por diversos patinadores, além de ter muito de criação própria. O mundo da patinação já é yuzucêntrico demais, então parem de colocar mais Yuzuru onde não devem! u__u

E agora é o momento de encerrar esse texto que ficou muito mais gigantesco do que eu esperava sendo que nem falei sobre algumas coisas que queria falar (não deu para abordar as questões de gênero no anime, por exemplo, mas isso foi bem tratado aqui, então leiam. Também falei menos das influências dos patinadores reais no Yuri, mas acho que ninguém quer ler sobre isso. E esqueci de falar que queria ver mais patinadores japoneses no anime, porque uma coisa que eu amo na patinação é o companheirismo entre a equipe japonesa!). Por mais que tenha falado meio mal e não ache que a obra mereça todos os elogios que vejo por aí, eu gostei bastante do anime e estou bem ansiosa para uma possível segunda temporada. Espero que você, leitor, tenha conseguido chegar ao fim do post sem se aborrecer demais, assim como espero que todos os fãs de YOI comecem magicamente a gostar de patinação para que tenhamos uma multidão para sofrer e reclamar das pontuações e dos patinadores de quem não gostamos.

Treinando para a ice dance!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Livro: Beauty Is a Wound

Título: Beauty Is a Wound
Título original: Cantik itu Luka
Autor: Eka Kurniawan
Tradutora: Annie Tucker
Editora: New Directions

Tendo como cenário a cidade litorânea fictícia de Halimunda, Beauty Is a Wound tem um início impactante: após 21 anos morta, Dewi Ayu deixou o seu túmulo, atravessou a cidade e voltou para casa. A partir daí o romance revela ao leitor toda a vida dessa mulher de uma família tradicional holandesa, que perdeu tudo e se tornou a prostituta mais cobiçada da cidade, e de suas quatro filhas. 

Essas personagens levam vidas sofridas e fortemente entremeadas com as grandes tragédias da história da Indonésia. A narrativa se estende por mais de cinquenta anos, revelando o impacto que acontecimentos como a invasão japonesa durante a Segunda Guerra, a perseguição aos comunistas e a luta pela independência tiveram nos personagens e na cidade de Halimunda.

Apesar de ser um livro carregado de violência e tragédia, ele também tem um tom cômico e às vezes fabular, com acontecimentos bizarros e fantásticos a todo instante e personagens divertidos e patéticos. Se você gosta de humor negro e não se importa com um pouco de sangue, talvez esse seja um bom livro para você. Se você se incomoda bastante com cenas de estupro e violência contra a mulher, fique longe.

O livro tem forte presença de elementos fantásticos e influência de lendas tradicionais. Ele lembra um pouco o realismo fantástico latino-americano, principalmente o do Gabriel Garcia Marquez, e em muitos momentos me vi imaginando o cenário e os personagens como sul-americanos em vez de indonésios e tive que fazer uma correção mental para ajustar a imaginação.

Beauty is a wound é um livro bastante intenso e me despertou a vontade de ler outras obras do autor. Espero que um dia ele tenha seus livros publicados aqui no Brasil. Para uma leitura que eu escolhi meio às cegas, com certeza foi uma surpresa positiva.

Para quem ficou curioso (e lê inglês) a New Yorker publicou um artigo sobre o autor aqui.

Lido para o desafio Volta ao mundo e para meu projeto pessoal Volta ao mundo em 80 livros, representando a Indonésia.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Mangá: The Wedding Eve

Título: The Wedding Eve (A véspera do casamento & outras histórias)
Título original: Shiki no Zenjitsu
Autora: Hozumi
Tradutora: Luciane Yasawa
Editora: Panini

Publicações de mangás josei (voltados para mulheres adultas) são raras aqui no Brasil, então fiquei bastante contente quando vi que a Panini iria publicar The Wedding Eve. Mesmo sem conhecer a autora e sem saber muito sobre o mangá, decidi dar uma chance a ele, comecei a ler sem muitas expectativas e devo dizer que não me arrependi.

A Lulu do Lulunettes propôs que fizéssemos uma leitura compartilhada do mangá, e foi muito bom trocar ideias sobre ele. Vocês podem ler a resenha dela aqui.

Publicado originalmente de 2010 a 2012 na revista mensal Flowers, The Wedding Eve é uma coletânea com seis histórias curtas. A maioria delas apresenta tramas simples, focadas na família, principalmente no relacionamento entre irmãos. Algumas têm elementos fantásticos, mas ainda assim mantêm certo tom realista. A maioria tem alguma revelação final, que apesar de às vezes sutil, muda a maneira do leitor de ver a história. Assim, temos contos sobre irmãos gêmeos que se reencontram no funeral de uma amiga da adolescência, sobre um escritor desmotivado e solitário que convive com uma parente mais nova ou sobre um jovem que volta à cidadezinha onde viveu para o casamento da irmã caçula, por exemplo.


O meu conto preferido foi "Reencontro em Azusa nº2", sobre um pai e uma filha que se veem apenas uma vez por ano. É difícil falar sobre a história sem dar spoilers, então só digo que ela tem um tom agridoce, a garotinha é uma fofa e o fim é bastante surpreendente.

Hozumi consegue transmitir muita coisa com pouco. Como uma boa contista, ela criou narrativas que se revelam nos pequenos detalhes, nos vislumbres que temos da vida dos personagens, e não deixam nada a desejar a narrativas mais longas. Também gosto de como a autora não subestima o leitor, deixando alguns subentendidos que podem gerar diferentes interpretações e reflexões sobre cada conto.


O traço da autora é relativamente realista e bastante delicado. Talvez não seja o tipo de arte que vá encher os olhos da maioria das pessoas que gostam de mangá, mas é uma arte contida que funciona muito bem nesse tipo de narrativa.

Essa foi uma das minhas leituras preferidas do ano e me deixou com vontade de ler mais mangás de Hozumi. Quem sabe alguma editora se anima a trazer mais da obra dela para o Brasil?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Patinação: Grand Prix Final

Nos últimos meses tivemos os Grand Prix de patinação artística, com seis eventos que culminaram na grande final, a competição mais importante da patinação, segundo ninguém além do anime Yuri!!! on Ice. Mesmo não sendo o evento mais importante, o Grand Prix Final é a primeira competição da temporada que reúne os principais patinadores, e isso é importante para termos uma ideia de como eles serão julgados no restante da temporada. Além disso, o formato enxuto torna a competição bastante empolgante.

O Grand Prix Final deste ano foi em Marselha, França, e gerou um monte de reclamações sobre a infraestrutura do local. O gelo do rinque estava derretendo, os assentos não eram confortáveis, as medalhas pareciam porta-copos de baixa qualidade, não houve o banquete final, tradição das competições de patinação e fonte de muitas fotos divertidas, e o evento teve pouco público. Deixando essas questões de lado, o GPF foi... interessante. 

Júnior

Fonte: eggplantgifs

Não costumo acompanhar muito dos juniores, mas assisti algumas competições do começo da temporada além da maioria do Grand Prix Final. Tinha altas expectativas de que o Jun Hwan Cha repetisse as boas performances dos Grand Prix anteriores, mas ele cometeu alguns erros graves no programa curto e no final ficou em terceiro.

Todo mundo vive elogiando as patinadoras júnior, falando que elas têm um nível quase tão bom quanto o das seniores, e é verdade que elas têm um nível técnico muito alto, mas poucas me conquistaram por enquanto. Fiquei impressionada com a Anastasiia Gubanova, que é muito expressiva e tem braços elegantes.

Menção especial para a dupla russa Atakhanova/Spiridonov que patinou ao som de Tom Zé. Não foi uma boa apresentação, mas gostei da escolha pouco usual de música.

Pares


Sem Sui/Han, Stolbova/Klimov, Volosozhar/Trankov e com a desistência de Savchenko/Massot, a competição de pares estava bem menos interessante que o costume.

Considerando que os pares já são minha categoria menos preferida, eu estaria completamente desanimada se não fosse por Peng/Jin, minha nova dupla queridinha. Em sua primeira temporada juntos, depois de uma troca inesperada feita pela federação chinesa, Peng/Jin se mostraram prontos para lutar pelo pódio. Peng Cheng, que não demonstrava muita confiança ao lado de seu antigo parceiro, agora parece muito mais feliz e cheia de personalidade. O programa curto deles, ao som de My Drag do Squirrel Nut Zippers (o Andrew Bird fazia parte dessa banda. Será que isso é o mais próximo que terei de ouvir meu cantor preferido na patinação???), é um dos meus preferidos da temporada, e eles tiveram performances limpas ou quase limpas todas as vezes que o apresentaram por enquanto. Infelizmente, o longo não é tão eficaz. Erros nos saltos e em um levantamento fizeram os dois despencarem para a última posição na final. :( Bem, eles ainda são jovens e têm muito pela frente, então espero que tenham performances mais animadoras nas próximas competições.

Quanto ao resto, não ligo muito. Duhamel/Radford eram os favoritos, mas erraram muito e acabaram em terceiro. Yu/Zhang foram ótimos, mas acho os programas deles um tanto genéricos. O mesmo pode ser dito dos vencedores, Tarasova/Morozov (sempre que vejo os nomes deles, imagino uma dupla formada pela Tatiana Tarasova e o Nikolai Morozov, hahaha).

Ice dance

Queria uma foto do pódio, mas não achei, então vamos
de Tessa e Scott

Nesta temporada a dança se tornou uma das categoria mais empolgantes de se acompanhar. Com muitas duplas talentosas e em ascensão e a volta de Virtue/Moir para disputar o topo do pódio contra os atuais campeões mundiais, Papadakis/Cizeron, a competição se tornou um pouco mais imprevisível do que o normal.

Campeões olímpicos e bicampeões mundiais, Virtue/Moir nunca tinham ganhado o GPF, mas eles voltaram com tudo e fizeram ótimas apresentações para ganhar esse título que faltava. A dança curta deles é fantástica e os dois exibem alta precisão e sincronia. A primeira sequência de passos é fabulosa! Já a dança livre começa bem, mas lá pela metade o Sam Smith começa a cantar e estraga um pouco o clima. :P

Minha maior decepção a respeito da dança no Grand Prix Final não é relacionada às apresentações das duplas presentes, embora a mesmice das danças livres tenha me deixado um pouco entediada, mas sim na falta de Gilles/Poirier e Weaver/Poje na final.

Feminino


Não tenho grandes favoritas no feminino, apesar de me inclinar um pouco na direção da Satoko. E não tinha muitas expectativas em relação à competição porque, como quase todos, eu já previa que a Evgenia iria ganhar e, apesar de gostar dela na temporada passada e a achar uma fofa nas redes sociais, não gosto dos programas atuais e nem das pontuações insanas que ela recebe. :P

Apesar da insatisfação com a pontuação da Evgenia, a competição foi excelente. Muitas apresentações limpas, muitas patinadoras que costumavam ser inconsistentes mostrando consistência (oi, Anna! Oi, Kaetlyn!) e um nível muito alto de patinação no geral. Fiquei particularmente contente com a prata da Satoko, que foi massacrada pelos juízes nas competições anteriores, mas que teve sua redenção aqui.

Masculino

Fonte: smolshoma

Finalmente minha categoria favorita! O GPF do ano passado foi o melhor evento da temporada na patinação masculina. Tivemos uma sequência de programas dificílimos e limpos, Yuzuru estraçalhando os próprios recordes, um pódio adorável e muitos momentos divertidos. As expectativas eram que a história se repetisse este ano, mas embora eu tenha recebido parte do que queria (Shoma no pódio e momentos divertidos), o resto foi um tanto desastroso.

Começando pelo programa curto, que teve bons momentos: Adam Rippon fez um programa limpo e animado, pena que seu valor de base é baixo e ele ficou em último. Patrick foi fantástico! Adoro as escolhas musicais do programa, afinal, é Beatles, e para mim ele fez a apresentação do dia (e olha que eu costumava ser hater!). Yuzuru foi ótimo, mas esse programa ainda não me conquistou. E o que foi aquele quad loop salvo e o sorriso? Fiquei rindo sozinha aqui em casa.

O programa curto também teve momentos ruins: Shoma cometeu o pior erro possível, caiu, teve o quádruplo downgraded e perdeu o combo. Nathan também caiu. E o Javier teve as aterrissagens mais esquisitas que já vi, fazendo todo o possível para não tocar com as mãos no gelo, hahaha.

Fonte: magicaleggplant

O programa livre foi quase que só desastre. Exceto pelo Nathan e pelo Shoma, os patinadores cometeram um monte de erros.

O Adam tem um dos meus programas livres preferidos da temporada e até então estava sendo super consistente, mas caiu duas vezes. O Javier estava mostrando boa consistência no programa longo no início da temporada, mas aqui ele caiu e teve aterrissagens bem ruins (mas isso gerou as reações mais hilárias no Yuzuru, hahaha). E o Patrick, após um ótimo programa curto, foi um desastre colossal, com três quedas e um salto anulado por repetição. Parece até o Patrick de certas competições do passado, com a diferença de que aqui ele não foi salvo pelo PCS e ficou em quinto. O Yuzuru não foi um completo desastre, ele cometeu erros em uma quantidade normal e conseguiu vencer a competição graças à vantagem no programa curto, mas as expectativas sempre são altas quando se trata de Yuzuru Hanyu, então é fácil ficar decepcionada.

O Nathan Chen surpreendeu em seu primeiro GPF, conquistando a prata com a única apresentação perfeitamente limpa do dia. E com quatro quádruplos! Todos com GOE positivo! Confesso que não aprecio tanto o estilo do Nathan e acho esse programa mal equilibrado (todos os quádruplos estão no começo, quase todos os elementos que não são saltos estão no final), mas tenho que admitir que o menino é muito bom. Parabéns para ele!

E agora precisamos falar sobre o Shoma. Depois do programa curto meio fraco e de relatos de que ele estava indo muito mal nos treinos pré-competição e boatos de que estava machucado, baixei completamente as expectativas. Felizmente o Shoma provou que eu estava errada e nos entregou mais uma vez um programa livre maravilhoso! Apesar de alguns errinhos (faltou um combo planejado), ele conseguiu deixar o cansaço e a pressão de lado. E preciso dizer que AMO esse programa: o movimento das mãos, a intensidade, o axel sincronizado com o violino, pousando bem no BANG da música. É muito LOOOOCO LOCO LOCO!

Fofos!
Fonte: shoma-uno

Ok, voltando à normalidade agora. Fiquei muito feliz em ver o Shoma indo bem e, por mais que seja mais legal ganhar medalha quando os oponentes também vão bem, não vou reclamar do bronze que ele ganhou aqui. Até porque isso possibilitou interações fofas entre Shoma e Yuzuru no pódio com a lembrança da cena emblemática da pose de casamento. Esses dois sempre me fazem rir. Quero um reality show com eles!

Essas foram minhas impressões do Grand Prix Final! Agora terei que me acostumar à vida sem competições internacionais quase toda semana. :(

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Randomicidades aleatórias: novembro/2016 (parte 2)

Resolvi separar o post de randomicidades em duas partes porque em novembro comprei livro demais, culpa da Feira do Livro da USP (que na verdade se chama Festa do Livro da USP, mas que não é festa coisíssima nenhuma, é só um monte de estandes de editoras vendendo livro com desconto, o que é ótimo, por sinal).

Eu não pretendia comprar muita coisa, porque este ano passou rápido demais e minha impressão é a de que a feira de 2015 foi ainda ontem (e eu ainda nem li a maioria dos livros), mas às vezes não ter uma lista de compras definida só piora as coisas e libera o meu lado consumista.


Na feira do ano passado eu comprei um livro dos Moomins e adorei. Então eu e minha irmã compramos um volume cada uma, completando os livros da coleção lançados até o momento no Brasil. Aproveitei a presença da Rádio Londres na feira para comprar Tirza, que eu quero ler faz tempo (mas vou ler logo? Não sei).


Já faz uns bons anos de feira que mantenho fidelidade à Estação Liberdade, sempre garantindo um exemplar de algum livro do Soseki. Como ainda não li O portal, que comprei no ano passado, pensei em quebrar a tradição, mas aí vi o Botchan tão simpático e acabei comprando. Aproveitei e levei O museu do silêncio e Tsugumi (pretendia pegar na biblioteca Kitchen, da mesma autora, para ver se gostava antes de comprar esse, mas meus impulsos consumistas venceram).


Em 2016 algumas das minhas leituras preferidas foram quadrinhos, então aproveitei a feira para garantir algumas leituras para o ano que vem. Esse A gigantesca barba do mal me chamou atenção no estande, dei uma folheada descompromissada e achei fofo, mas virei as costas para ele. Mais tarde, em casa, pesquisei sobre ele e o que li me agradou, então voltei em outro dia para comprar. Os dois outros, que por coincidência têm "mãe" no título, estão na minha lista de desejos faz tempo e dessa vez decidi enfrentar a fila da Companhia das Letras por eles. Momento reclamação não relacionada à feira do livro: eu não precisaria comprar o Você é minha mãe? se certas gibitecas não perdessem os livros tão facilmente. O pior é que nem dá para saber quem culpar. E sim, sou uma pessoa ressentida.


Essas foram as compras da minha irmã. O que me lembra que preciso ler A amiga genial.


O Enclausurado minha irmã ganhou de uma parceria. Já os outros dois foram compras dela na Black Friday. Também comprei coisas na Black Friday, mas os livros só chegaram em dezembro, então depois eu mostro.

Foi "só" isso. ;)