Imagino que por causa do filme da Disney todos conheçam a história do boneco de madeira meio travesso, mas de bom coração, que deseja se tornar um menino de verdade e é desviado o tempo todo de seu caminho por inúmeras tentações (como cabular aula, ir ao teatro de marionetes ou conseguir mais dinheiro).
Eu nunca tinha me interessado pelo livro antes, mas fiquei com vontade de ler porque em algum livro que li o narrador comentava sobre Pinóquio e inclusive comparava com o filme, mas não consigo lembrar que livro é, até já chequei minha listinha de livros lidos e não se fez a luz.
Não me lembro tão bem quanto gostaria da animação, mas ela entra facilmente no meu top 10 de clássicos da Disney e, por ser um filme tão marcante, minha leitura acabou sendo prejudicada por comparações.
O Pinóquio do livro é um menino normal: não gosta de estudar, não quer obedecer o pai, só quer comer o que gosta, não quer tomar remédio etc. No livro, esse comportamento é execrado e os adultos (Gepeto e a Fada) e animais que servem de consciência ocasional (não é só o grilo que tem esse papel) dão lições de moral para que ele mude de comportamento.
No geral o livro é bem mais moralizante do que eu esperava e do que eu gostaria. Ele segue a fórmula: agiu mal, receba punição; agiu bem, seja recompensado. Mas Pinóquio é ingênuo e até meio burrinho, demora para aprender e insiste no erro. Ele é um personagem em geral bem intencionado, mas ingênuo DEMAIS, deixando-se levar pelos outros e é aí que comete as maiores besteiras e se dá mal. O que lhe resta é ficar se lamentando e prometendo mudar de atitude até ele ser salvo de alguma maneira (e, claro, em seguida ele faz outra burrada).
O que achei interessante no livro é que ele tem bem mais pequenas aventuras e reviravoltas que o filme, que se foca em alguns eventos e se aprofunda neles. No livro o que temos é uma série quase ininterrupta de eventos: Pinóquio é enganado pela Raposa e pelo Gato; é preso (duas vezes, em uma demonstração de como a justiça pode ser injusta); se transforma em jumento; é vendido; é confundido com um peixe e quase devorado etc.
Outra diferença é no caráter de alguns personagens. Nem Pinóquio nem Gepeto são santos. Pinóquio já nasce chutando o pai e mostrando todo seu desejo por uma vida de vadiagem. Já Gepeto se irrita facilmente, principalmente quando o chamam de "Polentinha", e tem até uma briga logo no começo do livro.
O curioso é que a característica mais famosa de Pinóquio, o nariz que cresce quando ele mente, não é tão presente no livro. Ele só cresce em duas ocasiões. No filme também é assim?
Finalizando: o livro me pareceu mais um livro de moral para crianças desobedientes do que uma história de aventuras emocionantes como no filme. O desenho animado é fantástico e soube aproveitar o que o livro oferece de melhor, como a parte das crianças no parque onde vão se transformando em burrinhos. Aquelas cenas das crianças bebendo, fumando e quebrando tudo sempre me impressionaram. E a parte da baleia era tão aterrorizante. Ou seja, é complicado ler um livro que gerou um filme tão maravilhoso. Se o filme não existisse, talvez eu gostasse mais do livro.
Aqui um vídeo com algumas cenas do filme e a música:
Livro: As Aventuras de Pinóquio
Autor: Carlo Collodi
Editora: Edições Melhoramentos
Olá, Lígia! De fato tais contos apresentam um teor moralizante acentuado. O que me faz desgotar um pouco de lê-los.
ResponderExcluirBjs
Olá Lígia, seu blog é uma graça.
ResponderExcluirBjos, Iza
Então Lígia, tem edições menores! Quando estava procurando Moby Dick pra ler realmente alguns exemplares me assustaram... tipo 500 páginas... acabei encontrando uma edição de 188 páginas. Foi tranquiiiiilo. Mas ó, se vai ler só por ser clássico eu desaconselho viu? Leia as resenhas e seja feliz!!! : )
ResponderExcluirBjs e obrigada pela visita!!!
Hummm... compreendi! Na adaptação ma-ga-vi-lho-sa de ontem, ele não é preso nenhuma vez e senti falta disso, mas acho que seria muito complexo explicar em poucas palavras.
ResponderExcluir