Um blog não levado muito a sério, cheio de coisas randômicas e sem sentido.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
DL 2011 - As Aventuras de Pinóquio
Eu nunca tinha me interessado pelo livro antes, mas fiquei com vontade de ler porque em algum livro que li o narrador comentava sobre Pinóquio e inclusive comparava com o filme, mas não consigo lembrar que livro é, até já chequei minha listinha de livros lidos e não se fez a luz.
Não me lembro tão bem quanto gostaria da animação, mas ela entra facilmente no meu top 10 de clássicos da Disney e, por ser um filme tão marcante, minha leitura acabou sendo prejudicada por comparações.
O Pinóquio do livro é um menino normal: não gosta de estudar, não quer obedecer o pai, só quer comer o que gosta, não quer tomar remédio etc. No livro, esse comportamento é execrado e os adultos (Gepeto e a Fada) e animais que servem de consciência ocasional (não é só o grilo que tem esse papel) dão lições de moral para que ele mude de comportamento.
No geral o livro é bem mais moralizante do que eu esperava e do que eu gostaria. Ele segue a fórmula: agiu mal, receba punição; agiu bem, seja recompensado. Mas Pinóquio é ingênuo e até meio burrinho, demora para aprender e insiste no erro. Ele é um personagem em geral bem intencionado, mas ingênuo DEMAIS, deixando-se levar pelos outros e é aí que comete as maiores besteiras e se dá mal. O que lhe resta é ficar se lamentando e prometendo mudar de atitude até ele ser salvo de alguma maneira (e, claro, em seguida ele faz outra burrada).
O que achei interessante no livro é que ele tem bem mais pequenas aventuras e reviravoltas que o filme, que se foca em alguns eventos e se aprofunda neles. No livro o que temos é uma série quase ininterrupta de eventos: Pinóquio é enganado pela Raposa e pelo Gato; é preso (duas vezes, em uma demonstração de como a justiça pode ser injusta); se transforma em jumento; é vendido; é confundido com um peixe e quase devorado etc.
Outra diferença é no caráter de alguns personagens. Nem Pinóquio nem Gepeto são santos. Pinóquio já nasce chutando o pai e mostrando todo seu desejo por uma vida de vadiagem. Já Gepeto se irrita facilmente, principalmente quando o chamam de "Polentinha", e tem até uma briga logo no começo do livro.
O curioso é que a característica mais famosa de Pinóquio, o nariz que cresce quando ele mente, não é tão presente no livro. Ele só cresce em duas ocasiões. No filme também é assim?
Finalizando: o livro me pareceu mais um livro de moral para crianças desobedientes do que uma história de aventuras emocionantes como no filme. O desenho animado é fantástico e soube aproveitar o que o livro oferece de melhor, como a parte das crianças no parque onde vão se transformando em burrinhos. Aquelas cenas das crianças bebendo, fumando e quebrando tudo sempre me impressionaram. E a parte da baleia era tão aterrorizante. Ou seja, é complicado ler um livro que gerou um filme tão maravilhoso. Se o filme não existisse, talvez eu gostasse mais do livro.
Aqui um vídeo com algumas cenas do filme e a música:
Livro: As Aventuras de Pinóquio
Autor: Carlo Collodi
Editora: Edições Melhoramentos
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
DL 2011 - A Bolsa Amarela
A história gira em torno de Raquel, uma menina que tem três vontades: ser adulta, ter nascido menino em vez de menina e ser escritora. Essas vontades crescem dentro dela e ela não pode expressá-las, pois os adultos à sua volta não a compreendem e riem dela. Então ela guarda essas vontades dentro da bolsa amarela. A bolsa também abriga outros moradores, cada um com a sua história, como um alfinete velho que quer provar que ainda tem utilidade, um galo fugitivo que não queria mandar no galinheiro, uma galo briguento e uma guarda-chuva enguiçada. Assim como Raquel, os habitantes da bolsa vão descobrindo aos poucos quais são suas vontades e como realizá-las.
O livro mostra o mundo pelos olhos fantasiosos e sinceros de uma criança. Vários assuntos são abordados, mas acho que um dos principais é uma crítica à estrutura familiar definida, em que cada um tem um papel fixo e onde crianças não têm vez e são julgadas como um rótulo e não pelo que realmente são.
O livro é uma graça e não teve como não me lembrar da minha própria infância, cheia de histórias que eu inventava. Recomendo a todos.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
DL 2011 - A Órbita dos Caracóis
Antes de começar a escrever sobre o livro, eu queria avisá-los que não sou boa em escrever resenhas. A vontade de ler foi o que me fez participar do Desafio Literário, porque essa parte de escrever resenhas é uma tortura para mim. A não ser que seja para apontar os defeitos de um livro, eu não tenho muito a dizer além de "gostei" ou "não gostei", então não fiquem esperando grande coisa de mim.
Dito isso, eu estava muito ansiosa para começar logo o DL porque esse primeiro tema é o meu preferido. Como eu já li a maioria dos infanto-juvenis que me interessam, escolhi livros aos quais eu tinha acesso fácil (ou seja, os da biblioteca mais próxima). Me arrependi um pouco por não ter escolhido Holes, que eu acabei de ler hoje e gostei tanto, mas acho que eu não teria a habilidade necessária para dizer exatamente o que me encantou naquele livro.
Admito que escolhi A Órbita dos Caracóis, do Reinaldo Moraes, sem saber muito sobre o que é o livro. Eu tinha dado uma lida na contracapa, mas eu sempre leio as contracapas sem atenção e esqueço o que leio no segundo seguinte. O que me atraiu no livro foi a capa simples e simpática e o fato de ser da Cia. das Letras, que é uma editora em que confio. Na verdade o livro é mais voltado para adolescentes do que para crianças, mas eu só percebi isso quando comecei a ler.
O enredo do livro é meio maluquinho, mistura satélites com escargots e um vilão megalomaníaco. No começo nada parece fazer sentido, mas aos poucos se percebe que é tudo sincrônico e tudo vai se encaixando (ou não). E sincronia me lembra Saussure, haha.
Os protagonistas são o casal formado por Juliana, uma jovem rica, linda e inteligente (e ainda por cima um gênio da computação, tipo uma Lisbeth Salander, só que meio patricinha), e Tota, um bioquímico genial. Eles acabam envolvidos por acidente em uma trama policial rocambolesca que envolve uma queda de satélite sobre a cidade de São Paulo e, claro, eles são os únicos que podem salvar a cidade.
No começo eu estava gostando bastante do livro, mas à medida que a história se desenvolvia ela foi ficando sem-noção demais para o meu gosto e algumas coisinhas que poderiam passar batidas começaram a me incomodar. Para começar, eu não gostei da Juliana, a achei meio irritante e o modo como ela trata os outros personagens não é nada legal (principalmente a Creuzélia, a empregada doméstica, que é super simpática e bêbada, sempre pronta para um papo-cabeça com o boneco do Batman. Em troca o que é que ela recebe? Reclamações e mais reclamações da patroa! ò_ó). Outra coisa que me desagradou foi o humor meio sem graça em alguns momentos (embora algumas partes tenham sido engraçadas sim).
O que me agradou no livro foi o narrador bem humorado, a linguagem ágil e bem humorada, com algumas gírias e palavras que não sei de onde ele tirou. E o melhor, para mim, é que a história se passa em São Paulo e é ótimo poder reconhecer ruas e locais aqui e ali em um livro. Se bem que o melhor mesmo é que o Tota mora no meu bairro /o/ (até consigo visualizar mais ou menos onde seria a casa dele). É tão legal ler um livro em que parte da ação se passa a uns poucos quilômetros de casa.
Concluindo, porque por enquanto só falei abobrinhas (ou nabobrinhas!), achei o livro simpático, com umas boas sacadas, gostoso de ler e tal. Só foi um pouco viajado em certos momentos e teve um final meio inverossímil, mas vou deixar isso para lá.
Obs: Eu nunca tinha ouvido falar no autor, mas hoje mesmo topei com o nome dele no jornal. Parece que ele tem fama de escritor marginal e "maldito". Curioso...
By Xamblu