segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Livro: O brilho do amanhã

Título: O brilho do amanhã
Título original: Radiance of Tomorrow
Autor: Ishmael Beah
Tradução: George Schlesinger
Editora: Companhia das Letras

O vilarejo Imperi foi quase completamente destruído durante a guerra civil na Serra Leoa. Após a guerra, seus moradores retornaram aos poucos, reconstruindo seus lares, reatando os laços entre eles e retomando tradições. No entanto, voltar à normalidade é complicado, especialmente quando uma grande companhia mineradora se instala na região, transformando a vida dos habitantes.

A história se concentra em dois personagens, Benjamin e Bockarie. Em um ambiente violento, corrupto e em que falta de tudo, os dois professores tentam dar educação às crianças e unir a comunidade. O livro mostra o impacto doloroso e cruel da guerra e do colonialismo nas vidas sofridas dos personagens, mas também mostra como eles resistem e encontram esperança e alegria uns nos outros.

O que tenho a criticar no livro é que achei que o autor cai na tentação de mostrar a tradição como o lado certo, como se os costumes da vida pré-guerra fossem o ideal, e as mudanças fossem sempre para pior. (Não que isso não seja o que acontece na vida real, mas às vezes o número de desastres da história parece exagerado. Nem dá tempo para você sentir o impacto de um desastre para outro acontecer logo em seguida.)

O estilo do autor também não me agradou tanto quanto eu gostaria. Ele às vezes usa imagens derivadas da tradição oral e das línguas locais, em um tom poético, o que é interessante, mas não achei que esse estilo casa muito bem com o resto do texto, mais convencional.

Em suma, apesar da capa simpática em cores vivas e do nome esperançoso, O brilho do amanhã é um romance intenso, que nos mostra a realidade cruel da Serra Leoa. E apesar das minhas críticas, ele é bastante impactante e apresenta alguns personagens interessantes.

Lido para o Desafio Volta ao Mundo em 80 Livros, representando a Serra Leoa.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Randomicidades do mês: setembro/2017 (animes, séries e filmes)

Continuando com as randomicidades de setembro...

Animes e séries


Sengoku Choujuu Giga: Kou
Anime curtinho que retrata figuras históricas do período Sengoku como animais e faz piada com situações históricas. O que me atraiu nesse anime foi a arte, que lembra arte clássica japonesa. Infelizmente, boa parte das histórias exigem do espectador algum conhecimento dos personagens e acontecimentos históricos para fazer sentido. Como não tenho esse conhecimento, não entendi várias piadas e fiquei meio perdida em alguns dos episódios, mas, como ele têm apenas cerca de três minutos, não foi tão ruim assim. É um anime engraçadinho e meio bizarro. Não gostei o suficiente para assistir à segunda temporada, mas valeu a pena ter matado a curiosidade de conhecer o desenho.
Nota: 2,75


Master of None (2ª temporada)
Conheço algumas pessoas da internet que amam muito essa série. Eu não sou tão entusiasta dela, mas a acho gostosinha de assistir e de vez em quando tem alguns episódios muito bons. Essa temporada se inicia com o Dev na Itália, aprendendo a fazer massas e a falar italiano. Confesso que não gostei muito dessa parte e fiquei contente quando ele voltou para Nova York. O destaque foi o episódio do Thanksgiving, que mostra o almoço de família de Denise (uma das amigas de Dev) ao longo dos anos. Pena que a série terminou com episódios meio fracos.
Nota: 3,5


Hoozuki no Reitetsu
Hoozuki é assistente de Enma, rei do Inferno. Ele trabalha com eficiência, frieza e sadismo para administrar a região, manter os funcionários na linha e punir todos que merecem. O anime apresenta personagens de lendas orientais, como Momotaro, além de figuras da mitologia judaico-cristã, como Belzebu. Como em qualquer anime de comédia, algumas piadas são engraçadas, outras não têm graça nenhuma (e algumas você fica sem entender por falta de referência), mas o anime tem um charme que me conquistou mesmo quando o humor falhava. O character design é muito bonito e criativo (o Shiro é um dos cachorros mais fofinhos que já vi) e as paisagens do Inferno são incríveis.
Nota: 3,5


Tsurezure Children
Com 12 minutos por episódio, esse anime mostra diferentes casais. Há amigos de infância que vivem fazendo piadas entre si e não sabem como agir quando começam a namorar, a menina tímida que não percebe que o colega gosta dela, a delinquente que se apaixona pelo representante da classe. Há declarações de amor, desentendimentos, momentos de nervosismo e sorrisos. Essa maneira panorâmica de contar a história é bem interessante e dinâmica, apesar de não se aprofundar muito em nenhum casal. O anime tem seus momentos bobos e clichê, mas é uma comédia romântica fofa e agradável.
Nota: 3,5


WWW.Working!!
Esse anime se passa no mesmo restaurante que o anime Working!!, porém apresenta personagens diferentes. Como na primeira série, temos um grupo de personagens cheios de excentricidades e as mesmas piadas são repetidas à exaustão. No entanto, no primeiro anime, acabei me apegando à maioria dos personagens com o tempo e apreciando a evolução deles. Já neste, só fiquei irritada mesmo. Alguns dos coadjuvantes são divertidos, mas achei a história dos protagonistas, com toda a coisa do chocolate de dia dos namorados, insuportável, e isso estragou um pouco a experiência de acompanhar a série. Além disso, não consegui deixar de comparar os personagens deste anime com os do “original”, e eles saíram perdendo feio.
Nota: 2,75


Neo Yokio
Essa é uma produção da Netflix em estilo anime. Quando fiquei sabendo dela, fiquei curiosa porque ela foi criada pelo vocalista do Vampire Weekend. Quando vi o trailer, fiquei ainda mais curiosa, porque parecia trash demais. E quando assisti, vi que é trash mesmo. Neo Yokio é uma metrópole modernosa, dominada pelos ricos. Kaz é um desses ricos, mas não tão rico assim, pois ele precisava trabalhar no negócio da família, caçando demônios, embora preferisse ficar deprimido em seu canto devido ao fim de um namoro. Ele então parte para o trabalho, encontrando uma blogueira de moda muito influente, lidando com a alta sociedade da cidade, subindo e descendo no ranking de solteiro mais desejado e derrotando alguns demônios pelo caminho. É difícil dizer se Neo Yokio é propositalmente ruim, mas, para mim, ele é o tipo de ruim que quase vira bom.
Nota: 3

Filmes


Moulin Rouge
De tanto ver patinadores anunciando programas com as músicas de Moulin Rouge, decidi que era hora de ver filme. Não gosto muito de musicais, não gostava das músicas do filme que já conhecia e não gosto muito da estética exagerada do Baz Luhrmann, então as expectativas eram baixíssimas. No começo as expectativas se confirmaram, mas no final até que envolvi com a história. Não é nenhuma obra-prima, não merece ser warhorse de patinação, mas fazer o quê? 
Nota: 2,75


Invasão zumbi
Pelo título, esse é um filme que eu nunca veria. No entanto, vi muita gente falando bem dele e resolvi dar uma chance. No filme, um homem muito ocupado com o trabalho está levando a filha para Busan para visitar a mãe, porém as coisas começam a sair de controle quando as pessoas são infectadas e começam a se transformar em zumbis. A parte da ação é bastante empolgante, até para quem não gosta de ação, como eu. A parte mais emocional, sobre a aproximação entre pai e filha, às vezes é piegas demais.
Nota: 3,5 

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Randomicidades do mês: setembro/2017 (livros)

Toda vez que venho escrever o post de randomicidades fico surpresa em ver como minha noção de passagem de tempo está estranha. Sinto como se tivesse lido os primeiros livros da lista há uma eternidade, mas não, foi há apenas um mês. Eu já devia estar me acostumando a isso, no entanto, parece que fico cada vez mais surpresa.

Setembro foi meio agitado e li menos do que gostaria. Empaquei em algumas leituras que prometiam ser rápidas, mas pelo menos consegui terminar a antologia de contos russos que comecei a ler há apenas alguns aninhos, haha. Agora finalmente posso partir para outra das coletâneas de contos que tenho na estante. Quantos anos será que vou demorar em cada uma delas?

Os animes, séries e filmes do mês vão ficar para outro post.

Livros lidos


O jardim de cimento - Ian McEwan
Gosto muito do Ian McEwan, apesar de ele ter um ou outro livro meio chatinho. O jardim de cimento foi o primeiro romance dele e conta a história de quatro irmãos que passam a viver sozinhos depois que os pais morrem. Com medo de ser separados e enviados a um orfanato, eles não contam a ninguém sobre a morte dos pais e tentam se virar por conta própria. É um livro um pouco perturbador, às vezes desagradável, mas bastante fascinante. Me lembrou um pouco o filme Ninguém pode saber do Hirokazu Koreeda.
Nota: 4


Codinome Verity - Elizabeth Wein
Reli esse livro do qual lembrava muito pouco. Ele é bastante elogiado por aí, mas não conseguiu me empolgar, provavelmente porque toda a primeira parte se concentra demais no trabalho das personagens durante a guerra, e achei tudo meio desinteressante. O livro quer que a gente se apegue às protagonistas e à amizade delas, mas senti falta de mais momentos delas juntas e não me apeguei. Apesar disso, é um livro bem escrito, e imagino que alguém um pouco mais interessado na Segunda Guerra e em aviões talvez aproveite mais a leitura.
Nota: 3


Jurassic Park - Michael Crichton
Lembro muito pouco do filme do Spielberg que, apesar de divertido, não me marcou especialmente. Depois de ouvir falar muito bem do livro, fiquei curiosa e decidi ler, mesmo não sendo a maior fã de dinossauros. A primeira metade da história me deixou bem empolgada: gostei de ficar sabendo do parque aos poucos e de ver os personagens entrando em contato com os dinossauros. No entanto, a metade final, com a pane no parque e os dinossauros à solta, me cansou um pouco porque era basicamente os personagens fugindo de um dinossauro para então ser atacados por outro dinossauro.
Nota: 3,5


Zazie no metrô - Raymond Queneau
Uma menina vai passar uns dias com o tio em Paris. Ela quer andar de metrô, mas infelizmente o metrô está em greve, então ela anda por aí, conhecendo pessoas estranhas e passando por situações mais estranhas ainda. É um livro estranho e talvez eu não estivesse no humor certo quando li. Estava gostando dele no começo, mas comecei a me cansar das esquisitices mais para o final.
Nota: 3


Nova antologia do conto russo - Bruno Barretto Gomide (org.)
A antologia reúne contos de 1792 a 1998, com autores famosos como Dostoiévski, Púchkin e Tchekhov e outros dos quais eu nunca tinha ouvido falar. Gosto bastante do pouco que li de literatura russa, porém boa parte dos contos selecionados aqui não me agradou tanto. Em certos momentos, senti que estava lendo os contos só para acabar o livro, sem me importar muito com as histórias. Apesar disso, gostei de conhecer autores de diferentes épocas e estilos. Meus contos preferidos foram "Luz e sombras", de Fiódor Sologub, sobre um garoto que fica fascinado em criar sombras com as mãos, a ponto de negligenciar os estudos para ficar criando imagens nas paredes, e "O caça-ratos", de Aleksandr Grin, sobre um homem que se abriga em um labiríntico prédio abandonado, onde ouve e vê coisas estranhas.
Nota: 3,25


Opisanie Świata - Veronica Stigger
Um polonês recebe uma carta de um filho que ele nem sabia que tinha. Internado na Amazônia, o filho pede que ele venha lhe visitar. O pai parte rumo ao Brasil e conhece um brasileiro excêntrico que decide acompanhá-lo na jornada cheia de acontecimentos inusitados e surreais. É um livro bem divertido.
Nota: 4

Quadrinhos


A cidade da luz - Inio Asano
O mangá acompanha a vida dos moradores da Cidade da Luz, uma área residencial com enormes prédios. Há um adolescente que ajuda as pessoas a se suicidarem, um jovem autor de mangás, uma dupla de meninas adolescentes, dois homens que criam uma menina que talvez seja filha de um deles. A estrutura da obra lembra a de Nijigahara Holograph, com histórias que se entrelaçam levemente, embora aqui elas sejam mais lineares. Como é Inio Asano, não espere nada muito feliz.
Nota: 3,25


Entre umas e outras - Julia Wertz
Graphic novel autobiográfica sobre a mudança da autora de São Francisco para Nova York. Em vez de uma versão descolada da vida na cidade, encontramos as dificuldades de se adaptar, de arranjar emprego e apartamento, tudo com uma boa dose de humor autodepreciativo. O traço, não vou mentir, é meio feio. Esse não é o quadrinho para quem gosta de ficar se deleitando com as ilustrações. Porém, se você relevar isso, dá para se divertir bastante.
Nota: 3,75